Eu nunca fui o tipo de cara que consegue ficar longe de problemas. Geralmente, eu era um ímã pra eles.
Porém, desde que minha filha chegou na minha vida, e chegou para ficar, apesar de alguns infortúnios, estava começando a ser o que eu deveria ter sido desde o início: pai.
Gen não tinha noção, mas eu amava vê-la sorrir, gargalhar, vê-la resmungar e tocar violão. Eu era muito feliz com Anelise, entretanto, depois que minha filha chegou, a felicidade multiplicou-se.
Nós tivemos alguns contratempos, lógico. Houveram momentos em que eu fui um completo energúmino. A questão era que Gen e eu éramos muito parecidos. Nossas personalidades eram fortes e levamos algum tempo para aprendermos a tentar conviver. Eu levei algum tempo para tentar aprender a ser pai. Tudo isso, até ele chegar.
Pierre Lamartine.
Homenzinho desgraçado. Atazinou muito a minha vida e a vida da Diane. Eles namoraram pouco tempo, mas Pierre nunca aceitou o término. E ele já não ia com a minha cara porque eu era o capitão do time de futebol da escola, um lugar que ele disputou comigo e eu ganhei.
Quando Diane e eu ficamos juntos, Pierre surtou. Ele ligava pra ela, perseguia e a ameaçava, caso ela não voltasse pra ele. Indignado, fui tirar satisfações e acabamos tendo uma briga feia. Depois disso, ele saiu da cidade.
Até imaginava o porquê dele ter retornado. Pierre amava Diane e nunca aceitou que ela tivesse escolhido ficar comigo. O fato de Diane ter ficado grávida de mim e o fato de eu ter escolhido Genevieve foi o suficiente para fazê-lo surtar ainda mais.
Pierre me culpava pelo que aconteceu e queria usar minha filha para me atingir. Justo no momento que as coisas estavam começando a se alinhar, Pierre Lamartine retornou das cinzas para atazinar a mim e minha família.
Tentei conversar com Lise e convencê-la de que um colégio interno seria o melhor para Gen, pelo menos enquanto Pierre estiver por aqui. Ela estaria mais segura se estivesse longe. Lise discordou, é claro. Eu também não estava feliz, não queria mais ficar longe da minha filha. Entretanto, era uma questão de segurança.
Além do mais, tinha ótimos homens no encalço de Pierre. No primeiro passo errado, daria um jeito de colocá-lo na cadeia. Eu sabia que Pierre era perigoso. Durante algum tempo, ele trabalhou para alguns bandidos barra pesada de Nova Orleans, o homem sabia se infiltrar, entrar e sair sem ser notado.
Mesmo que doesse, o melhor para Genevieve era estar longe. Sabia que ela estava sofrendo com minhas atitudes. Eu também sofria junto, mas Pierre era louco. Se ele pensasse que a Gen era o meu bem mais precioso, certamente iria fazer de tudo para machucá-la e me afetar. Se eu fizesse ele perceber, pensar que eu não ligava pra ela, talvez ele largasse do seu pé.
Alguns dos homens que contratei o flagrou observando o restaurante durante alguns dias seguidos. Tudo me deixava preocupado demais. Eu queria minha Gen segura.
Como a vida era irônica. Há quinze anos eu decidi deixar Genevieve porque não tinha coragem de encarar as consequências do que fiz. Atualmente, eu não conseguia imaginar a dor que seria ficar longe da minha filha.
Eu estava sendo bruto com ela. Em todos os sentidos, mas era o jeito mais fácil, ela não podia se apegar, doeria demais ir para outro lugar. Anelise disse que não precisava disso, que eu estava sendo um idiota e estava afastando minha filha de mim. Minha mulher me aconselhou a conversar com ela e contar absolutamente tudo. Entretanto, não estava pronto para voltar lá atrás e trazer tudo à tona.
Os seguranças da Gen eram irmãos, a mãe deles passou mal e os homens tiveram de ir socorrê-la. Mandei uma mensagem pra Gen dizendo que iria buscá-la. Não estava sabendo como agir direito, Lise ajudava muito. Na sua ausência, teria que me virar.
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De Pai Para Filha
Ficção AdolescenteFelipe Beaumont era o tipo de homem que procurava fugir de encrencas, mesmo que não fizesse isso com muito êxito. Tornou-se pai no auge dos seus vinte anos, no entanto após a morte de sua amada decidiu que a filha deveria ficar aos cuidados da avó m...