De Pai Para Filha

Capítulo 13 - Um instante para viver

Já passava das dez da manhã. Era um sábado ensolarado e eu não tinha coragem de sair do quarto. Tinha medo de encontrá-lo e não saber como reagir. Eu esperei uma carta, alguma palavra de consolo, mas não recebi nada.

Fui dormir bem tarde. Por mais que estivesse com sono, minhas confusões internas não me permitiram pregar o olho antes das quatro horas da manhã.
Lise e Felipe discutiram depois que eu fui para o meu quarto. Deu para ouvir alguns murmúrios nada amigáveis.

Pensei em ligar para o tio Matt, porém, não quis incomodá-lo. Poderia mandar mensagem para o Jughead ou para Darla, aí lembrei que não tínhamos tanta afinidade assim.

Ouvi batidas na porta. Arregalei os olhos ao pensar que poderia ser Felipe, pronto para me dar mais um sermão. Levantei-me da cama e prendi os cabelos num coque.

Sorri quando avistei tio Matt, assim que abri a porta. Ele abriu os braços e deu-me um abraço apertado.

— Bom dia flor do dia. — Brincou.

— Bom dia, tio. O que faz aqui?

— Tudo bem, eu vou embora. — Fingiu estar bravo.

— Nem pensar. — Puxei seu braço.

— Lembra que você passaria o final de semana comigo e com Lena?

— Lembro sim. — Assenti.

— A Lena está lá no restaurente, conversando com a Lise. — Matt suspirou pesadamente. — A Lise contou o que aconteceu. Ela me ligou hoje de manhã e eu achei melhor vir mais cedo.

— Isso é ótimo. — Murmurei. — Você viu o Felipe?

— Não. Ele ficou enfurnado naquela cozinha, mas quem liga? Vamos esquecer o Sr. Irritadinho e ter um final de semana super divertido com o melhor tio do mundo? O que acha?

Ri de seu comentário. Era incrível como tio Matt tinha a capacidade de me animar, mesmo nos momentos mais "fossa" que eu pudesse estar vivenciando. Eu o conhecia há pouco tempo, mas era como se fôssemos amigos de uma vida toda.

— Eu acho uma boa ideia.

— Agora vai se arrumar, mocinha. E escove seus dentes, você está com bafo. — Desdenhou.

Revirei os olhos e fui me arrumar. Não sabia aonde iríamos ou o que iríamos fazer, então vesti uma camiseta, calça jeans e tênis. Depois de estar devidamente pronta e com uma mochila de roupas arrumada, saí do quarto.

O apartamento estava vazio, então fui para o restaurante. Tinha pouco movimento. Avistei tio Matt, Lena e Lise conversando.

— Bom dia. — Sorri.

— Bom dia, Gen. Está bem? — Lise me abraçou.

— Estou... obrigada por me defender.

— Sempre vou defender você, meu amor. — Ela afagou meus cabelos. — Ainda mais se você for a certa da história.

— Vamos ter um final de semana incrível! — Lena me deu um abraço bem apertado. — Domingo à noite devolvemos a princesa. — Ela riu.

— Vamos tomar café? — Lise nos convidou.

Eu iria responder que sim, assim como tio Matt e Lena, mas Felipe apareceu e todos nos calamos.

— Bom dia. — Cumprimentou-nos com uma expressão apática. — Lise, pode ir até o mercado? Nossa encomenda chegou.

— Já vou.

A tensão era tanta que estava ficando difícil respirar.

— Vamos, Gen? Tomamos café na confeitaria da Senhora Russeul.