Chequei a sacola que Felipe me entregou. Havia roupas de banho, toalha, um short jeans e chinelo.
— Acha que eu vou me jogar em uma piscina? — Ergui as sobrancelhas e encarei tio Matt.
— Não. Eu vou jogar você. — Ele me olhou por um instante, com um sorriso brincalhão e logo voltou sua atenção para a estrada novamente.
— Que ótimo! — Revirei os olhos.
— Eu pensei que a tensão entre você e o seu pai seria maior.
— Digamos que nós fizemos as pazes. — Dei de ombros. — Ele me deu uma explicação para ter sido tão idiota.
— Mas o que aconteceu?
— Eu estava no apartamento. Lise tinha saído e ele estava no restaurante. Eu acabei vendo um violão no quarto deles, entrei e comecei a tocar. Só que Felipe chegou na hora e disse que não podia entrar no quarto dos outros em uma casa que não era minha. Fim. — Ri sem humor.
— Gen, com certeza ele falou isso da boca pra fora. Ele gosta de você e se as coisas estão bem, é isso que importa. — Sorriu.
— Felipe não disse, mas ficou na cara que ele estava com ciúmes de você.
— Conte-me mais. Vou adorar ter um motivo pra zoar ele. — Matt fez uma cara de convencido.
— Porque eu chamei você de tio Matt.
— Sério? — Ele não escondeu o espanto. — Apesar de tudo, Felipe está se saindo melhor do que eu esperava. O seu lado paterno está ficando bem aflorado.
— O problema é que, em um dia, ele parece gostar de mim e no outro não. — Voltei meu olhar para a janela.
— Felipe gosta de você todos os dias, só não sabe como demonstrar. Se tem uma coisa que meu irmão ama nesse mundo, é você, Gen.
— Então tá. — Suspirei.
— Pelo visto você já fez amigos.
— Sim. A Darla e o Jughead. — Sorri. — Eles são irmãos, muito legais e bem receptivos.
— O garoto parecia bem receptivo.
Comecei a rir.
— Por favor, tio. Eu conheci ele hoje.
— Hum, sei. Mesmo assim, talvez ele não seja boa pessoa.
— Isso só o tempo vai poder dizer.
— É. — Matt me olhou por um instante. — Você vai gostar do clube. O lugar é bem bonito.
— Por que você e a Lena quiseram passar o dia de folga de vocês comigo?
— Porque é normal os tios quererem ficar com a sobrinha. — Deu de ombros. — E você precisa conhecer a cidade, os lugares. Vai ser bom sair um pouco, para se distrair.
— É... — Assenti. — Felipe disse que vai me ensinar a cozinhar.
— Acredite Gen, logo vocês dois serão como unha e carne. É só uma questão de tempo.
Tempo.
Acho que esse era o problema. Eu ainda estava meio sei lá com todos os acontecimentos. Há pouco tempo vovó tinha partido, há pouco tempo estava vivendo em Nova Orleans, há pouco tempo estava tentando criar laços com meu pai.
Eu esperava ansiosamente o dia que receberia um abraço seu. Sei que não estava sendo a pessoa mais fácil de lidar, mas Felipe também não era. No fundo, acho que nossas discussões, pelo menos da minha parte, eram para chamar sua atenção.
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De Pai Para Filha
Teen FictionFelipe Beaumont era o tipo de homem que procurava fugir de encrencas, mesmo que não fizesse isso com muito êxito. Tornou-se pai no auge dos seus vinte anos, no entanto após a morte de sua amada decidiu que a filha deveria ficar aos cuidados da avó m...