— Fica calmo, Felipe. — Lise riu.
— Como eu posso ficar calmo, Anelise? Minha filha está com um garoto que a beijou. — Cerrei os punhos.
— Nunca pensei que você pudesse ser um pai tão... pai. — Lena brincou.
— Felipe está certo. — Matt concordou comigo. — A Gen só tem quinze anos e está com um garoto.
— Você me disse que com quinze anos não era mais nem virgem, Mattew. — Lena lhe lançou um olhar sugestivo.
Afoguei-me com o refrigerante. Não conseguia imaginar minha Gen...
— Calma, amor. — Lise deu tapinhas nas minhas costas.
— Tem o Pierre, Lise. Ainda tem isso. — Falei tomando fôlego.
— A Gen está com o Jughead. Nada vai acontecer.
Estávamos na casa da pipoca. Eu me sentia feliz. Queria recompensar Gen. Fazer ela sentir que era amada. Sem dúvida, minha filha era a pessoa que eu mais amava no mundo. Arrependia-me por ter ficado tanto tempo longe dela. Queria fazer de tudo para que pudéssemos ao menos tentar recuperar um pouco do que perdemos.
— Vou ligar pra ela. — Disse já com o celular no ouvido.
Chamou várias vezes e nada dela atender. Foi inevitável não ficar preocupado e pensar no pior.
— Gen está no parque. Tem muito barulho lá. — Lena falou ao ver minha cara de frustração.
— Quer ir procurá-la? — Lise me olhou.
— Quero.
Deixei o dinheiro sobre a mesa e saímos do estabelecimento. Matt e Lena resolveram nos acompanhar. Caminhamos em direção à praça, onde o parque estava instalado. A Casa da Pipoca ficava um pouco afastada.
Pensei que haveria mais pessoas por aqui. Senti um aperto no peito, um sentimento ruim. Precisava encontrar minha filha e abraçá-la com todas as forças.
— Tem alguém ali. — Matt apontou para o chão.
Não teria palavras para descrever tudo o que senti ao ver que o garoto desmaiado era Jughead e que Gen não estava com ele. Claramente ele havia sido acertado na nuca.
— Genevieve! — Gritei a plenos pulmões.
As lágrimas já estavam prontas para rolar e meus punhos estavam cerrados para socar Pierre assim que o encontrasse.
Eu tinha certeza. Foi ele. Ele levou minha filha.
Jughead abriu os olhos lentamente, à medida que Matt dava tapinhas em seu rosto.
— A nossa filha, Felipe. — Lise me abraçou prestes a chorar.
— Jughead... o que aconteceu? Cadê a Genevieve? — Matt perguntou.
— A Gen... — O garoto levou as mãos a cabeça e fez uma careta. — Apareceram três homens. — Ele se lavantou com a ajuda de meu irmão. — A Gen ficou assustada. Fui atingido pelas costas. E... Ai, meu Deus! Cadê a Gen? — O garoto parecia atordoado.
— Merda! Eu vou matar aquele desgraçado.
Eu bufafa de raiva. Raiva de mim por tê-la deixado sozinha com o garoto e raiva do Pierre.
— Tem alguma ideia de algum lugar pra onde ele possa ter levado a Gen? — Matt indagou visivelmente abalado.
— Estamos falando do Pierre. Ele é louco. Minha filha está com um louco, Mattew. — As lágrimas rolaram.
— Quanto tempo você acha que ficou desmaiado? — Lise perguntou a Jughead.
— Saímos do parque umas dez.
— São dez e meia. — Falei olhando no relógio. — Vamos nos dividir e tentar encontrar algo. Também vamos até a polícia, Jughead é testemunha. — Juntei o urso de pelúcia que estava no chão.
— Tudo bem. — Todos assentiram.
Jughead ligou para a irmã enquanto eu liguei para a polícia. Não demorou cinco minutos para que Darla e Theo se juntassem a nós.
— Matt você vai para o norte, eu vou para o sul, mas antes passo em casa e Lise e Lena pegam os outros carros para procurar.
— Eu também vou. — Jughead pronunciou-se.
— Nem pensar. — Balancei a cabeça em negação. — Não quero me responsabilizar pelo filho de ninguém. É melhor vocês irem pra casa.
— Eu vou procurar a Gen, o senhor querendo ou não. — O garoto me encarou seriamente.
Não queria ser preso por agredir um menino, então deixei.
Senti o coração acelerar quando vi uma chamada do celular da Gen. Atendi sem hesitar.
— Filha?
— Que fofo! — Rosnei ao ouvir a voz sarcástica de Pierre. — Desde quando você se tornou um pai tão amoroso? Ah, desde que se corroeu de culpa quando sua preciosa filha tentou se matar?
— O que você quer? É dinheiro? Eu te dou tudo o que eu tenho. Se quiser, eu fico no lugar dela e você me tortura até a morte, mas devolve a minha filha. — Não consegui evitar um soluço.
— Isso foi tocante. Mas eu sei que nada te faria sofrer mais do que ver a sua Genevieve sofrer. Se envolver a polícia ou ligar pra eles novamente, eu vou ficar sabendo e vou matar a sua filha da forma mais dolorosa possível. Em breve entro em contato.
Então ele desligou. O mundo desabou a minha volta. Eu queria gritar, porém a voz não saiu. Lise voltou a me abraçar e tentou ser um alicerce para nos sustentar. No entanto, sabia que as estruturas de todos ali estavam abaladas.
Entre soluços contei o que Pierre me disse. Lise não foi forte o suficiente e passou mal. Lena a levou para casa no carro do Matt. Darla e Theo foram junto com elas.
Matt, Jughead e eu estávamos a caminho da casa dos Parker. O pai do garoto era policial e poderia ajudar. Jughead nos garantiu que o homem era cem por cento confiável e que não contaria nada para nenhum colega da policial. Afinal, pelo que Pierre disse, alguém lá dentro estava do lado dele.
Conhecia os Parker apenas de vista, de algumas vezes que fui à igreja com Gen.
— Sou Leonard Parker. — O homem cumprimentou-me com um aperto de mãos.
— Felipe Beaumont.
— Diga-me, senhor Beaumont, qual a sua relação com o homem que sequestrou sua filha? — Questionou-me fazendo sinal para que nos sentássemos.
Jughead contou o ocorrido ao pai pelo celular, incluindo o fato de que Pierre ligou.
— Pierre é um ex-namorado da mãe da Genevieve. Ele nunca superou o término e vivia perseguindo a Diane, mãe da Gen. Nós brigamos feio uma vez, depois disso ele saiu da cidade. E resolveu voltar agora. — Suspirei pesadamente.
— Tentarei rastrear a ligação. Vou até a delacia, consigo fazer isso discretamente. Enquanto isso, sugiro que tentem manter a calma. Sei que Deus não vai permitir que sua filha se machuque.
— Amém. Eu prefiro me machucar no lugar dela do que vê-la machucada. — As lágrimas retornaram.
— Minha esposa e eu podemos orar por você? — Leonard colocou a mão em meu ombro.
Foi inevitável não lembrar da minha pequena.
— Pode.
Leonard chamou a esposa, Lucy. Demos nossas mãos e formamos um círculo. Ele começou a orar:
— Senhor Deus e Pai, neste instante, queremos, primeiramente, te agradecer por tudo, mesmo que não entendamos teus propósitos. Clamamos a ti pela vida da Genevieve. Não permita que ela se machuque. Coloque os teus anjos em volta dela. Cubra-a com o teu sangue e livre-a de todo perigo. Que toda cilado do inimigo para destruir a vida da tua serva seja imediatamente desfeita e que ela retorne em segurança para a sua família e os amigos. Te pedimos em nome de Jesus, amém!
![](https://img.wattpad.com/cover/127359062-288-k213324.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Pai Para Filha
Teen FictionFelipe Beaumont era o tipo de homem que procurava fugir de encrencas, mesmo que não fizesse isso com muito êxito. Tornou-se pai no auge dos seus vinte anos, no entanto após a morte de sua amada decidiu que a filha deveria ficar aos cuidados da avó m...