Capítulo 16 - Quase normal

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Analisei o vestido azul com pequenas florzinhas brancas. Não era de fazer isso, mas já era a terceira roupa que eu experimentava. Confesso que estava ansiosa para sair com os meus amigos. Ter amigos, tios legais, uma madrasta boazinha e ficar mais de doze horas sem me desentender com Felipe eram motivos o suficiente para que a vontade de viver por completo retornasse para dentro de mim.

Claro, ainda havia alguns pontos que precisavam ser aprimorados. Meu relacionamento com Deus era um bom exemplo. Sentia falta de sentir sua presença super abundante. O problema era que sempre que as coisas pareciam andar para frente, algo ocorria e puxava-me para trás.

Decidi ir com o vestido azul mesmo. Calcei sapatilhas brancas, penteei meus cabelos e peguei o celular. Faltavam cerca de quinze minutos para os Parker chegarem. Aproveitei que não tinha nada para fazer e dei uma ajeitada nas minhas coisas. Organizei o closet até ouvir o celular tocar.

Jughead:
Estamos aqui na frente.

Eu:
Já estou indo.

Saí do apartamento e fiz o trajeto até o restaurante. Havia pouco movimento. Provavelmente, devido ao fato do horário de almoço já ter acabado.

— Viu a Lise? — Perguntei a uma das recepcionistas.

— Ela foi pagar um fornecedor. Seu pai está na cozinha.

— Obrigada. — Agradeci a moça ruiva e fui para a cozinha.

Abaixei a cabeça quando passei pelo grandão que se estressou comigo mais cedo. Fui até a bancada de Felipe. Esperei ele explicar a quantia de um tempeiro para uma das cozinheiras.

— Eu já vou. Jughead e Darla estão ali na frente.

— Tudo bem. Se cuida e juízo. — Apenas assenti. — Volte antes do anoitecer e qualquer coisa liga. Ah, avisa quando chegar no shopping.

— Certo.

— Espera aí. — Felipe tirou as luvas, o avental e pegou a carteira no bolso da calça. — Não ultrapassa o limite. Pode gastar até trezentos dólares. — Ele me entregou um cartão de crédito.

— Eu não vou comprar nada.

— Pega, Genevieve.

— Mas eu não quero. Obrigada.

— Por favor. Eu quero dar pra você. — Felipe se recusou a tomar o cartão das minhas mãos.

— Mas eu não quero o seu dinheiro. — Engoli em seco.

— Então... — Suspirou pesadamente. — Só leva. Se precisar, você usa.

— Ok. Tchau.

— Tchau.

Deixei o restaurante. A janela do carro de Jughead estava aberta. Darla acenou animada. Entrei em uma das portas de trás do carro preto.

— Oi gente.

— Que bom que o seu pai deixou você vir, amiga. — Darla comentou, assim que Jug deu partida.

— Vai ser bom sair com vocês.

— Theo vai encontrar a gente no shopping. — Darla ignorou o que eu disse por completo. Ela sorria como uma boba.

— Gen. — Jughead me olhou pelo retrovisor rindo. — Acostume-se. Quando se trata do Theo, ela vai esquecer de mim e de você. Seremos completamente ignorados.

— Acabei de perceber isso. — Fingi estar brava.

— Desculpa, amiga. — Ela olhou para trás, à medida que o cinto de segurança permitia que virasse o corpo. — E você cala a boca, Jughead! — Voltou atenção para o irmão. — Eu tive que aguentar você falando na Genevieve desde que conheceu ela.

De Pai Para FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora