Capítulo Nove.

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DG narrando:

Cheguei com raiva na boca, joguei minha pistola longe e sentei-me no escritório coçando o queixo. Apertei o botão do nextel o levando até próximo de meus lábios.

─ Eu quero Jordan na área 6, pra já!

─ Mandei chamar, chefe.

Eu desejava mais que tudo saber quem era aquela loirinha, eu desejava dar um lição, nenhuma mulher rejeita o Rei da Rocinha, ninguém faz cara de nojo como ela fez pra mim, aqui eu sou o Rei e todos são meus súditos.

Jordan, meu informante, adentrou a sala depressa e sentou-se sorrindo.

─ Já viu uma garota loira de olhos azuis? Hoje ela passeava pelo morro, em busca da Priscila, a fiel do JL.

Jordan ficou pensativo e logo sorriu assentindo.

─ Eu vi ela adentrando os portões da casa de Luan, acho que ela é alguma coisa para ele, amante, sei lá, mas tá ligado que pelo o que eu andei analisando parece que ela está grávida ─ Jordan deu-me as informações e sorri.

Era algo para Luan? Bem melhor ainda!

Aquela loirinha patricinha iria comer em minha mão, principalmente por ser alguma coisa pro merda do Luan, como eu queria ela... E como tudo que eu quero eu consigo, eu a teria na palma de minhas mãos.

Luan narrando:

Aquela garota era mó problemática.

Mas tava sentindo muita dó e pena dela, ela não tinha culpa de ter engravidado, eu tinha a culpa de não ter me prevenido. Mas por um lado achei bom, com essas reviravoltas da vida que a pessoa aprende o significado verdadeiro, porque ninguém é melhor que ninguém, todos somos iguais e todos vamos pro mesmo lugar quando morremos.

Ela tava chorando lá no sofá, vendo a reportagem do que suponho ser seus pais na televisão e a vi xingar o bebê e praguejar como se aquela pobre criança tivesse culpa de alguma coisa, aquilo era uma vida, só me segurei mesmo pra não descer ali e falar poucas e boas por pena. 

Sabia que aquele era um momento difícil pra ela, ela era adolescente e havia descoberto uma gravidez na adolescência e havia sido rejeitada pelos pais e teria que engolir o fato que a favela agora era seu lar. Se fosse por mim ela teria tudo e moraria comigo, eu sentia necessidade de cuidar dela e do nosso filho, mesmo ela não aceitando nada disso. Ela tinha uma coisa que nunca havia visto em nenhuma garota... Mas eu não sabia dizer o que exatamente era.

Ela acabou dormindo no sofá, depois de um tempo desci e molhei a garganta aproximando-me e a visando em um sono profundo, ela parecia um anjinho, só quando tava dormindo mesmo.

A peguei no colo com cuidado e tirei as mechas loiras de seu rosto avermelhado, ela se encolheu em meus braços e tremeu. Subi com cuidado a deitando sobre a cama do quarto de hóspedes, visei sua barriga que nem parecia ter algum volume ou entrega de gravidez ali. Ela se encolheu em posição fetal e fez um semblante de dor.

Ela era bonita, só tava mal cuidada.

Me agachei e passei levemente os dedos por dentro de seus lisos cabelos loiros. Ela gemeu baixinho mas não despertou.

─ Tua mãe pode te tratar desse jeito, pode falar que te odeia profundamente mas ela só tá frustava por sua descoberta, eu sou teu pai e nunca que vou deixar essa louca fazer algo contra tu, não liga pra nada que ela fala, morô? ─ sussurrei fitando a barriga dela e levantei-me a embrulhando. Desliguei o abajur e deixei o quarto passando no do Gabriel e despejando um beijo amoroso em sua testa.

Sorri e fui pro meu quarto deitando-me sobre a cama e suspirando...

Eu já amava aquele bebê mesmo sem vê-lo e nunca deixaria que a imatura da Maria Júlia fizesse algo com meu filho, jamais pensaria nessa hipótese de aborto ou algo do tipo, aí dela me desafiar, ela ia acabar se queimando com fogo.

***

Maju narrando:

Eu ia em direção à casa de Priscila pela manhã, novamente sem avisar, eu precisava conversar e sair de baixo do mesmo teto que aquele favelado traficante, precisava arranjar um lugar para ir embora. Ele era pai mas não ia me obrigar ficar em um lugar que não desejasse estar, eu denunciaria esse canalha imprestável!

Andava pela calçada evitando olhar nos olhares que me encaravam por onde passava, só seguia em frente pelo mesmo caminho de ontem, entrei em um beco e saí em outra rua menos movimentada, havia umas meninas sentadas em uma calçada quase nuas, ali tava parecendo mais uma praia de nudismo!

Uma delas se materializou em minha frente, me impedindo andar.

─ O que você quer? ─ perguntei com o semblante fechado.

─ Quem é você? Nunca te vi por aqui, patricinha ─ ela cruzou os braços na altura do peito e fitou-me com nojo. Fiz o mesmo.

Ela era mais alta que eu e tinha os cabelos negros com mechas loiras enorme, tinha um corpo perfeito bronzeado e olhos claros. As roupas e sua personalidade a estragavam por completo.

─ Saí da minha frente, prostituta! ─ gritei com raiva.

Aquela menina inchou o peito e fez uma cara de raiva, vi seus olhos ficarem avermelhados.

Eu nunca havia apanhado na minha vida na rua ou escola, mas eu sabia bem que aquela menina iria me bater... gente barraqueira só faz isso. Ela levantou sua mão pronta para me bater e as outras putas ficaram na calçada incentivando-a.

─ Epa! De coe, Bia? Vai procurar alguém do seu tamanho pra bater.

Um menino entrou em nosso meio impedindo que a prostituta lá esbofetasse minha cara, impedindo que eu apanhasse daquela puta.

─ Neguinho saí da minha frente!

─ Bate em mim, eu amo levar uns tapas ─ ele sorriu falando e ela bufou com raiva.

─ Essa patricinha aí me desrespeitou, me chamou de prostituta, tu acha que vou deixar assim?!

─ Tá fazendo papel de puta mesmo, deixa a mina em paz, oxê!

Ele colocou as mãos na cintura e virou-se para mim.

Era alto e branco de cabelos encaracolados e castanhos, tinha os olhos verdes e usava um aparelho cor azul. Sua cara era um pouco marcada pela puberdade e ele aparentava ser bem novinho.

─ Neguinho, saí da minha frente! Deixa eu acabar com essa metida aí ─ a piranha gritou e o ''Neguinho'' cruzou os braços ainda em minha frente.

─ Tu sabe quem é essa metida aqui? Ela é a futura patroa do Luan, é melhor tu respeita, depois vem de k.o e vai sobrar pra ti.

Espiei a menina que ficou branca, completamente sem cor, ela abaixou sua mão e fechou seus punhos com força. O menino me puxou e guiou-me pela rua até estarmos afastados o bastante.

─ Olha, não anda sozinha por aqui, ninguém sabe quem é tu, essa mina ali é barraqueira pra porra e vai acabar batendo em você, tu deu sorte de eu estar aqui por perto, pode pá?

Eu assenti com nervosismo e ele sorriu revelando os dentes brancos e metálicos.

─ Sou o rato de favela, pode me chamar de neguinho, tenho vinte e um anos e tu?

Ele sorriu me cumprimentando. Eu tremia de medo e ainda estava nervosa por quase ter apanhado na rua e o jeito na qual a garota havia reagido quando o Neguinho disse que sou ''patroa'' do Luan.

Nunca seria nada pro Luan, jamais em minha vida!

Pelo menos esse favelado que havia me salvado não tinha armas consigo e só vestia uma bermuda jeans e uma regata cinza.

Senti que podia confiar nele...

Tive o mesmo sentimento com o RL.

─ Eu... Eu...

Uma moto estacionou-se bem ao nosso lado... Era aquele homem... O DG.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora