Capítulo Quarenta e Seis.

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Maju narrando:

Hoje era o grande dia!

Luan finalmente sairia desse hospital, eu e ele já não aguentávamos mais. Já era quase uma semana aqui, sentia falta da nossa cama macia e de acordar tarde, a enfermeira aparecia aqui cinco da manhã pra aplicar o medicamento e assim que ela saia Luan lançava uns mil xingamentos nela. Luan havia tirado os pontos ontem e precisava ficar com o curativo por enquanto, mas eu conseguia trocar o curativo só de ver a enfermeira trocando três vezes ao dia.

Luan estava animado até demais em saber que voltaríamos hoje para casa, o médico viria às duas e meia pra assinar a alta e já eram duas horas. Eu e Luan arrumávamos a bagunça do quarto, as toalhas, roupas jogadas, sabonetes, escovas de dente e outras coisas que estavam por lá desde o dia do acidente.

Finalmente voltaríamos para casa, não estava mais aguentando ficar aqui sem poder tomar um banho quente de duas horas, meus calcanhares estavam inchados e minhas pernas latejantes.

Fechei a última mala e me joguei na poltrona, estava cansada demais.

─ Amor? ─ Luan me chamou e me virei o fitando, era a primeira vez que ele me chamava de amor.

─ Oi?

─ Vou deixar um barbeador de presente pra enfermeira, talvez ela crie vergonha e raspe aquele bigode dela.

Eu sorri com Luan, até quase morrendo ele não deixava de fazer graça e me causar gargalhadas.

─ Luan, não faça isso, por favor.

Gabriel todos os dias estava rondando por aqui, ele mesmo dizia que precisava colocar os babados em dias, vinha Carol, Priscila, RL, Neguinho e outras pessoas amigos de Luan na qual fui apresentada. Douglas nunca veio aqui desde que Luan acordou, nem parecia estar preocupado com o ''parceiro'' dele. Lívia também não apareceu aqui desde aquele dia.

─ Então, pronto pra ir embora? ─ o médico surgiu carregando uma prancheta nas mãos.

─ Rapaz, tu nem imagina o quanto tô pronto.

─ Luan, você já pode ir para casa, nessa receita tem os remédios que você tem que tomar ─ ele entregou pra Luan um prontuário e Luan sorriu abraçando devagar o médico.

─ Valeu, tio.

─ Só tome cuidado, não quero costurar você de novo ─ o médico disse sorridente e saiu entregando o papel da alta pra Luan apresentar lá na recepção e na portaria.

─ Então, vamos? ─ Luan pegou a mala com o lado que não estava machucado e saiu do quarto.

Praticamente me arrastei até na recepção, muitas pessoas ali cumprimentavam Luan e sorriam pra ele, realmente o mesmo havia se recuperado rápido, foi só uma semana e alguns dias naquele hospital mas já parecia anos. Ele entregou a alta na recepção e assinou um papel, então saímos por aquela porta e senti o vento me atingindo como a liberdade, respirei aquele vento e sorri me sentindo livre de dormir de mau jeito.

─ Neguinho trouxe o carro ontem, vou pegar ele aqui no estacionamento e tu me espera aqui ─ ele disse saindo e deixando a mala perto de mim, eu assenti vendo Luan andar até o outro lado do estacionamento e desaparecer do meu campo de visão.

Demorou alguns minutos e Luan estaciona o Santa Fé na minha frente e saiu pegando a mala e colocando no banco de trás, ele abriu a porta para mim e adentrei sentindo o cheiro de menta no ar, me acomodei naquele bando despedindo-me daquele hospital que não desejava ver novamente tão cedo.

Luan dirigia tranquilamente pela favela, buzinava e falava com todos por onde passava, no rádio tocava uma música lenta que me dava mais sono ainda, desejava chegar em casa, tomar um banho de duas horas, colocar uma roupa confortável, comer e dormir até todo esse cansaço sair de mim. Fiquei olhando as ruas movimentadas naquele horário por onde a gente passava, o sol estava fervendo naquele horário, o vento trazia consigo o cheiro de churrasco que me dava água na boca, deitei minha cabeça no banco respirando fundo e um pouco aliviada em saber que tudo agora estava em paz. Mas então veio em meu pensamento o autor que havia atirado em Luan e lá veio mais preocupação me atingir em cheio.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora