Epílogo.

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Um ano depois...

Estava na sala de espera. Havia várias vozes, vários sussurros, várias lágrimas. O policial me olhava a cada instante, as cabines estavam todas ocupadas e por isso precisava esperar, talvez o policial me encarasse por conta da minha palidez extrema e por conta do suor que descia por minha testa. Aquele era um lugar diferente para mim.

Só agora as autoridades deixaram Luan receber visitas apenas por dois minutos, porque ele simplesmente estava se saindo muito bem na prisão, mas não me permitiam toca-lo, não me permitiam beija-lo, e tudo isso doía dentro de mim, tudo isso me rasgava por dentro.

Uma das cabines foi desocupada, a idosa chorava ao deixar aquela cadeira, do outro lado o detendo também chorava. Eu era a próxima. Com as pernas bambas me dirigi até aquela cadeira me sentando, eu tremia, meu coração disparava, depois de um ano veria Luan, em minha cabeça vinha pensamentos e isso me fazia querer derramar lágrimas.

Luan demorou um pouco pra ser trago, o mesmo adentrou a salinha de cabeça baixa, quase não o reconheci, um policial negro o trazia, o uniforme alaranjado folgado em seu corpo forte o dava realce, a barba por fazer em seu rosto lhe dava uma afeição mais séria, ele levantou a cabeça e me fitou, meu coração bateu tão forte que pensei que sacaria, seus olhos continuavam brilhosos como sempre, aqueles olhos, meus olhos. Luan sorriu enquanto se sentou, eu retribui o sorriso já chorando, era tamanha emoção para mim, meu peito ardia.

─ Dois minutos ─ anunciou o policial rígido.

O policial nos deixou e peguei aquele telefone sentindo as lágrimas caírem pelo meu rosto. Luan pegou em seguida. Pude ouvi-lo suspirar. Depois de um ano pude ouvir sua respiração, ele me encarou com os olhos brilhantes e começando a inundar, eu queria falar várias coisas mas minha garganta secou, ele abriu a boca e esperei as palavras saírem da mesma.

─ Tu continua tão linda ─ ele disse baixinho e rouco.

Eu sorri abertamente, parece que aquele sentimento, aquela paixão, parece que tudo aquilo não havia mudado nada, apenas crescia mais e mais. Olhei pra ele que estava esbouçando um sorrisinho, meu coração naquele momento virou uma escola de samba profissional, seu semblante estava triste, seus olhos baixos, mas ele continua sendo meu traficante.

─ Amor... ─ eu sussurrei.

─ Oi minha vida, como... como tu tá? ─ ele apoiou os cotovelos no balcão e segurou firme o telefone.

─ Sentindo muita falta sua, amor, tudo tá tão difícil sem você ─ eu abaixei a cabeça soluçando.

─ Não chora, não gosto de ver esse meus olhos cheios de lágrimas. Como tá nossa filha?

─ Ela tá bem, e advinha qual foi a primeira palavra dela?!

Falei me lembrando da Lua dizendo: papai, naquele dia chorei muito.

─ Eu amo muito ela, mesmo ainda não tendo olhado ela.

─ Ela se parece com você, herdou seus olhos esverdeados, ela é esperta, vive correndo atrás do Neguinho, mas me diz como você tá? ─ eu falava com um sorriso bobo nos lábios.

─ Nossa filha é esperta mesmo, diz pro Neguinho ficar de olho nela, eu tô levando a vida, mas todo dia sinto falta de tu e todos, como meu irmão tá? Como todos estão? ─ ele perguntava deixando uma lágrima deslizar por sua bochecha.

Ver Luan chorando me deixava de coração partido, eu só queria beija-lo até quando não pudesse mais, eu amava demais aquele homem.

─ Gabriel ainda não conseguiu superar, só vive trancado dentro do quarto chorando, todos sentem sua falta, é impossível não sentir saudades de você, não acordar com você me encarando.

Luan abaixou a cabeça.

─ Oh, minha patricinha cheia de marra, eu te amo demais, mas tudo vai melhorar, tá? Logo nós vai se encontrar, eu te juro.

Ele encostou a mão dele no vidro e eu também.

─ Eles estão dando o dinheiro pra tu direitinho? ─ ele perguntou e assenti. ─ Eu te amo, tá?

─ Eu te amo! ─ disse encostando minha cabeça no vidro e assim Luan também fez.

Os policiais foram e tiraram Luan dali, vi aqueles olhos esverdeados se distanciando de mim e a dor dentro do meu peito só aumentou. Eu chorei quando saí daquela penitenciária, chorei ao saber que tudo era difícil, chorei sabendo que demoraria muito pra rever o grande amor da minha vida.

Mas nada nessa vida é fácil, uma hora a justiça seria feita, e logo essa hora chegaria...











Começo: 2015

Término: 2015

Postado no orkut: 2013

História baseada em alguns fatos reais, história aconteceu em 2010 no Rio de Janeiro.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora