Capítulo Vinte e Oito.

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Maju narrando:

Senti um frio intenso tomar conta do meu corpo, senti as palavras acumuladas em minha garganta, minha barriga esfriou e minhas mãos suaram.

Meu coração bateu tão forte que sentia ele descendo e subindo.

Luan estava ali, parado bem na saída, de cabeça baixa. Luan estava dentro de uma calça jeans, camisa da lacoste preta que realçava seus músculos, seus cabelos estavam desgrenhados e fitei aqueles olhos que pareciam mais vagalumes no escuro. Ele segurava a alça da fuzil atravessada suas costas.

Seus olhos se encontraram com os meus de repente, e senti meu corpo congelar. Aqueles olhos, parecia que podíamos conversar através daquele olhar, seus olhos estavam um pouco tristes mas continuavam vivos. Ele acenou com a cabeça pra mim e sorriu sem mostrar os dentes dando-me suas costas e saindo.

Eu não podia deixa-lo ir!

Me levantei nas pressas sentindo minhas pernas bambas e quase tropecei na mesa, corri até a saída enxergando Luan caminhando na chuva, ele estava todo molhado mas não parecia ligar. Olhei pro céu e chuva aumentava, quase não era notável lá dentro da festa.

Respirei fundo e saí na rua deserta, todos estavam lá dentro curtindo o aniversário, senti os pingos atingirem minha cabeça e já sabia que resultaria em um babyliss destruído ou um resfriado, a chuva molhava toda minha roupa e meu sapato mas pela primeira vez não liguei, meu objetivo estava focado no homenzarrão que andava tranquilamente pela chuva indo embora, e eu não iria deixa-lo ir embora sem antes dizer algumas coisas. Algumas coisas que estavam presas em minha garganta.

Cruzei meus dedos com medo da reação de Luan, ele devia estar zangado comigo.

─ Luan?! ─ gritei seu nome e senti a água da chuva descendo por meu corpo. Meu cabelo respingava.

Ele virou-se segurando ainda na alça da sua arma enorme e ficou imóvel, aqueles olhos dele, aquela boca, aquele sorriso que me deixava louca. Eu corri por aquela rua até nos braços de Luan, ele me abraçou com força e logo depois puxei sua nuca e o beijei. Ele puxou meu corpo e agarrou em meu rosto intensificando aquele beijo literalmente molhado, Luan sorriu no meio do beijo e aquilo com certeza me deixou mais louca ainda por beija-lo, ele explorava minha boca com vontade.

Senti meu corpo suavizar e as borboletas se manifestarem em meu estômago, minhas pernas ficaram bambas e senti os dentes de Luan puxando meus lábios e finalizando aquele beijo.

Ele olhou dentro dos meus olhos com nossos corpos colados e tocou meu rosto.

─ Tu tá linda ─ ele sorriu.

─ Luan... É... Luan, eu tenho algumas coisas pra te fala... ─ ele me beijou mais uma vez.

Eu suspirei sentindo o gosto de seu beijo, sentindo seus braços entrelaçados em minha cintura, seu rosto colado no meu.

Luan parou o beijou e segurou na minha mão entrelaçando nossos dedos, senti o calor de sua mão na minha e por um momento tudo pareceu ficar mais quente. Luan me puxou me guiando até seu Santa Fé estacionado e destrancando, entramos e ele colocou a chave na ignição e foi logo dando partida em direção pra sua casa, chovia demais, por um momento esqueci do meu aniversário e que nem o bolo ainda não havia sido partido e muito menos o parabéns cantado, mas esse momento era com certeza mais importante. Eu precisava mesmo me desculpar com Luan.

Chegamos na casa dele e eu desci encarando mais uma vez aquela chuva me molhando, fechei a porta e suspirei olhando minha condição, toda molhada e futuramente com um resfriado. Luan me pegou no colo e eu dei um grito fazendo bico e recebendo um selinho em resposta.

Luan adentrou sua casa molhando-a por completo, e não me colocou no chão, ele me levou diretamente pro quarto dele, o cômodo na qual eu nunca havia entrado.

Havia algumas armas jogadas por lá e sorri enquanto ele me colocava no chão.

─ Pra quê tantas armas? ─ perguntei olhando ao redor e ele sorriu jogando a fuzil molhada no chão e tirando sua camisa encharcada.

─ Só precaução. 

Ele jogou a peça no chão e me olhou. Senti minhas bochechas corarem, e então reparei no abdômen de Luan que era perfeito, só então pude olhar bem suas três tatuagens: Havia um dragão tribal tatuado na barriga dele que pegava do canto do umbigo até o meio das costas, havia uma arma atravessada um coração e uma frase em baixo ''E toda Fé eu busquei'', a outra tatuagem era no antebraço, o nome Gabriel sendo carregado por duas asas de anjo.

─ Gamou foi? Limpa a baba que tá escorrendo ─ ele disse convencido e dei língua pra ele aproximando-me do mesmo e olhando dentro dos olhos esverdeados e perfeitos que ele possuía.

─ Luan, eu quero pedir desculpa, eu quero me desculpar por ter julgado você, eu só era orgulhosa demais pra enxergar tudo que você fez por mim, me desculpa! ─ eu falei de cabeça baixa e senti os dedos de Luan levantarem meu rosto. 

─ Eu já desculpei tu faz tempo, e me desculpa também.

─ Desculpar pelo o quê? ─ perguntei.

─ Por arruinar sua vida, se eu pudesse fazer algo pra tu voltar pra tua vida eu faria ─ ele disse olhando pro lado.

─ Luan? Aquela minha vida não era vida, e você não teve culpa sozinho ─ eu peguei em seu rosto molhado e puxei selando nossos lábios.

─ Eu só sei... ─ ele me pegou no colo me levantando. ─ Que você mexeu comigo como ninguém nunca tinha mexido, e nunca mais ouse sair da nossa casa ─ ele falou sério e me colocou em sua cama macia, Luan meteu a mão dentro do bolso da calça e tirou de lá um cordão de ouro.

─ Ele é lindo ─ eu comentei baixo.

─ Ele é seu, seu presente de aniversário.

─ Luan, não precisa, você já fez tanto por mim e o que eu dei em troca? Só te tratei mal.

Ele tirou meu cabelo molhado do pescoço e passou o cordão de ouro pelo mesmo, havia um M de ouro com alguns brilhos, era lindo.

─ Era da minha mãe, ela me deu ele no dia que ela entrou na sala cirúrgica pra ter o Gabriel e aquela foi a última vez que eu vi ela ─ ele falou colocando o cordão e beijando meu pescoço, me arrupiei instantaneamente e senti Luan me envolver em um abraço. Aquele corpo quente dele colado no meu me fazia soltar vários suspiros.

─ Ela teve um filho de sorte ─ eu disse.

─ E eu tive a sorte de te conhecer ─ ele sussurrou no meu ouvido e beijou meu pescoço repetitivamente. Me deitei na cama de Luan e o mesmo veio pra cima de mim cobrindo todo meu corpo com o seu, olhei dentro daqueles olhos indecifráveis e descobri tudo que estava oculto em mim...

Ele beijou meus lábios mais uma vez, e agora me imprensou na cama me beijando com vontade. Sentia seu cheiro masculino e aquele cheiro do seu perfume que me fazia sentir leveza, me fazia querer beijar mais ainda sua boca, nossas línguas dançavam e por um momento me questionei se estava sonhando.

Antes meu pior pesadelo era pisar meus pés em uma favela, e veja o que o destino me lançou, estava em uma favela e estava grávida do sub-comandante do tráfico, e agora ele me beijava selvagemente.

A mão de Luan foi pra trás do meu vestido puxando o zíper, e eu não hesitei, meus olhos estavam fixados nos de Luan que também me encaravam. Luan puxou meu vestido delicadamente e meu corpo apenas coberto pela lingerie e úmido foi libertado, senti vergonha, principalmente por ter os olhos de Luan vagando por todo meu corpo.

Aquilo era novo, para mim.

─ Eu só vou continuar se você quiser ─ ele sussurrou selando nossos lábios.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora