Capítulo Doze.

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Maju narrando:

Priscila me deu para vestir um short jeans desfiadinho e uma blusa branca folgada, calcei uma rasteira e penteei meus cabelos que estavam horríveis.

Precisava da minha cabeleireira urgentemente.

─ Você ficou linda, e apropriada pra ocasião.

Priscila ao meu contrário, estava linda, seus cabelos escuros estavam escovados e seu rosto limpo sem vestígio de olheiras ou vermelhões por conta do choro constante. Priscila mesmo grávida, continuava com seu mesmo corpo e até parecia que havia ganhado mais. Nós saímos na porta da rua arrumadas e perfumas e várias pessoas subiam, de pé, moto, carro, e dali podíamos escutar o estrondo da música alta.

Não acredito que estava à caminho de algo de baixa classe.

─ Onde está o carro? ─ perguntei olhando ao redor.

─ Pra quê carro? A gente vai subir o morro, a quadra fica perto daqui.  

─ Não quero andar! ─ fiz bico zangada e Priscila me puxou.

Era muito longe, tivemos que ir por um beco e uns caras ficaram tomando gosto, oh gente xexelenta essa gente de favela! Estava quase desistindo e sentando-me com sede quando chegamos à uma grande quadra bastante cheia e movimentada, era descoberta, a noite estava um pouco fria e meus cabelos ficavam todo instante bagunçados pelo vento irritante. 

Alguns foguetes foram lançados ao céu, meus olhos vagaram pela multidão de motos e carros estacionados ali, a música alta fazia meus tímpanos latejarem. Priscila logo puxou-me e adentramos aquela quadra imensa repleta de gente, gente feia e fedorenta ainda por cima. Havia algumas luzes coloridas e outros detalhes, o lugar fedia ao puro álcool. Quase vomitei com o forte cheiro.

─ Fica perto de mim, quando esses caras estão bêbados eles ficam com você querendo ou forçando ─ sussurrou assombrando-me.

Queria sair correndo daquele lugar, me sentia sendo engolida por aquelas pessoas que gritavam, cantavam e estavam muito soados.

─ Aí meu luluuuuu ─ Priscila cantou alto e fiz uma cara feia pra ela.

Ela sorriu e saiu me puxando e sorrindo, algumas pessoas ali me encaravam, devia ser difícil ver alguém com a cara tão fina por ali que nem eu.  

Chegamos até um bar, era quase impossível ouvir as conversas com aquele funk alto, Priscila disse algo no ouvido da mulher que servia as bebidas e ela sorriu pegando dois refrigerantes e nos entregando.

Não acredito que Priscila havia me convencido à ir naquele lugar.

Havia mulheres semi-nuas, trajando roupas de prostitutas, elas rebolavam até o chão e se esfregavam nos homens que bebiam por lá carregando várias armas, fumando e cheirando drogas.

Aquele lugar era divertido?! 

─ E aí, dondoca ─ Neguinho falou próximo de meu ouvido. ─ Pensei que você não frequentasse os bailes da Rocinha.

Cruzei meus braços na altura do peito e o fitei.

Ele segurava uma garrafa de bebida e trajava uma bermuda jeans lavagem escura e uma camiseta rosa com branco, ele como sempre, estava sorrindo pro vento. Olhei pra Priscila e pra ele, logo ele entendeu que estava forçada naquele lugar.

─ Se eu pudesse, nem meus pés eu colocaria mais nesse lugar.

─ Mas aqui é bonito, aqui é lindo demais ─ ele disse alto deixando seu hálito de álcool me entorpecer.

─ Com certeza, muito lindo ─ soei irônica visando ao redor as mulheres rebolando nos homens.

─ Se você abrir seus olhos verdadeiros, você é capaz de notar a beleza da Rocinha, agora se você ficar vendo tudo com orgulho e ódio, você nunca vai ver a beleza que aqui se esconde.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora