Luan narrando:
Capítulo Final.
Eu corria muito, corria tentando alcançar minha casa e pegar as coisas da minha filha que estava finalmente vindo ao mundo.
Era tiro pra todo lado, e acho que eles conseguiriam pacificar a Rocinha dessa vez, falei pros moleques não desistirem mas era difícil vencer quando se tinha todas as forças reunidas.
Limpei o suor da minha testa e joguei minha fuzil no chão completamente zerada, havia acertado alguns vermes mas agora meu foco era em ir naquele bendito hospital ver minha pequena e minha mulher.
Entrei em casa rápido e já fui subindo no quarto da minha filha pegando a bolsa dela com as roupinhas e todos os acessórios, também peguei a da Maju e tudo que precisava. Enchi mais uma sacola com algumas roupinhas de bebê só pra garantir tudo, desci de novo correndo e abri o porta-malas vendo que minhas armas ainda estavam lá e mais algumas coisas do corre que fiz outro dia aí, coloquei a sacola com roupas em um cantinho e peguei a chaves entrando voado no carro e colocando a bolsa da Maju e da bebê no banco traseiro.
Como será que minha mulher tá?!
Coloquei a chave na ignição depressa e saí da garagem cantando pneu, os vermes estavam subindo atrás de uma pessoa em especial: Eu. Mas se eles acham que vão me pegar tão enganados, passei vários anos fugindo e não era agora que eles ganhariam o prêmio mais precioso.
Saí pelos fundos da Rocinha onde a força não estava concentrada, já fui pegando o rádio e ligando pro RL que não atendeu por sinal, sabia que Deus ia ajudar Maju nesse momento, não tava com ela mas ela sabe que sempre ela vai tá comigo, sempre vai tá dentro do meu coração, pra sempre.
Todo mundo tava dentro de casa, e os vermes faziam barreira pra ninguém entrar, pelo menos minha preocupação em relação ao meu povo não tava tão séria assim.
Eu corria muito sem me importar, queria chegar a tempo de entrar com a Maju e poder dá toda minha força pra ela.
Cheguei lá bem rápido, estacionei perto do calçadão, ia saindo depressa mas avistei dois vermes conversando na entrada do hospital, suspirei pesado, bati minha cabeça várias vezes no volante me amaldiçoando, mas era a Maju, eu não podia deixar ela sozinha.
Deixei minha fuzil no banco do lado e enxuguei meu suor respirando fundo, encarava aqueles dois vermes de longe e olhava ao mesmo tempo pra bolsa rosa do lado... Que se dane! Peguei as bolsas e saí do carro depressa, andava rápido, os dois vermes olharam para mim desconfiados mas nem dei bola, entrei naquele hospital rápido e já fui na recepção.
─ Maria Júlia Arezzo, rápido ─ disse ofegante, estava nervoso, eu tremia.
A recepcionista checou algo no computador e me deu um sorriso amarelado.
─ Maria Júlia Arezzo está na sala de parto 3, ela está no meio da cirurgia.
─ Valeu aí ─ eu disse rápido e saí correndo, empurrei o cara que tava de guarda na porta que daria acesso à sala de parto onde a Maju estava, entrei lá desesperado, só faltava arrancar meus cabelos.
Olhei todas as placas grudadas do lado das portas até achar a sala A3, entrei lá e parei na mesma hora quando olhei através do vidro fumê enorme, lá dentro da sala estava minhas duas preciosidades.
Maju chorava fazendo força, o doutor Robson a motivava, não conseguia ouvir nada que se passava lá e ela não conseguia me olhar, mas eu sabia que ela gritava bem alto. Eu só queria de alguma maneira que ela soubesse que estava ali, que não podia entrar mas estava ali.
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Apenas um Traficante
عاطفيةEla? Mimada, patricinha, egoísta, orgulhosa... se acha a última gota de água do mundo, é invejada e odiada. Ele? Traficante, irônico, vagabundo, guerreiro, amada e respeito e desejado. Os caminhos totalmente diferentes se cruzam por um fruto de uma...