Capítulo 1

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Ao longo dos meus 22 anos, nunca me imaginei onde estou agora... Corri atrás de um sonho e cai várias vezes. Tive a sorte de ser recebida de braços abertos por uma família maravilhosa que desde que me conheceu amparou e me deu abrigo. Agradeço e tento retribuir todos os dias.
Mudei me para o Porto para poder dançar e ser livre, mas fui 'abandonada' nesta cidade, sem conhecer nada nem ninguém.  Andava à procura de emprego e tive a sorte de conhecer o Álvaro, é como um pai para mim. Contei lhe a minha história e depois de alguns meses comecei a trabalhar com ele. Ganhei a sua confiança e respeito. Hoje moro com a sua família. Faço tudo o que posso, desde limpeza, a refeições... é o mínimo. Continuo a dançar, apenas ele sabe. Não contamos à Anabela nem ao Afonso. Sei que o Álvaro tem outro filho que joga no AcMilan, não o conheci ainda. Este foi o que mesmo longe sempre esteve contra. Não sei se quando ele vier cá nos vamos dar bem, mas o Afonso já me tentou tranquilizar.

- JOANA! - oiço uma voz muito familiar vinda da cozinha, desço e vou até ao local. - Preciso bué da tua ajuda!

- Tem é de ser rápido, preciso de ir ao BBVA, fazer um recado ao teu pai.

- Pois é que eu queria ir ao estádio, buscar uma cena para oferecer ao André quando ele voltar.

- O Novo equipamento? - perguntei.

- Só a blusa... não ganho uma grande mesada.

Ri. - Eu posso dar-te boleia, tens é de espera depois um pouco. 

- Sim, não tem problema.

E lá fomos.

Desde sempre que tenho uma boa lidação com o Afonso, é como um irmão mais novo. Às vezes até me sinto mal por ter de esconder a minha maior paixão. Mas como o Álvaro diz ' Tudo a seu tempo, no fim eles aceitam'. Veremos se é bem assim.

Sei que para a semana o André vem visitar a família e sinceramente tenho medo que eles briguem por minha causa. Para prevenir tenho andado a ver quartos para alugar, dentro daquilo que posso pagar não há grande escolha. Ando mais nervosa e tem reparado, mas também não quero dar a parte fraca. Aliás, nunca me fui a baixo mesmo quando tudo não era uma mar de rosa e sim um mar de espinhos. Não tenho vergonha de dizer que havia dias que não comia para poder garantir que tinha dinheiro no dia a seguir para chegar onde cheguei hoje. Não, não vou ficar para sempre na casa do Álvaro e embora não seja o melhor momento provavelmente eles também não me deixavam sair.
Ganhamos um grande carinho uns pelos outros, sinto me parte da família.

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