Capítulo 17

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Faz hoje um mês que contei ao André a verdade, desde ai que nunca mais nada foi igual mal me fala e parece que criamos um distanciamento. Sei que ele falou com o Álvaro, provavelmente para confirmar o que eu tinha dito.

Estávamos todos juntos a tomar o pequeno almoço quando a campainha suou.

- Deixem eu vou, tenho a certeza que é para mim. - afirmou o André.

Assim que ele chegou novamente à sala de refeições, consegui perceber todo o seu distanciamento, ele vinha acompanhado pela Sara. Voltaram. 

- Sara? O que fazes por aqui? - perguntou a Anabela.

A rapariga olhou para o rapaz e admirada perguntou: - A sério que não contaste aos teus pais, amor? Eu já acabei os meus trabalhos por Milão, pelo menos por agora, falei com o André e decidimos voltar.

Quando a rapariga acabou de falar um sentimento bastante estranho instalou se em mim, era dor misturada de raiva e medo. Mas pedi a mim própria para os ignorar.

- A sério? - foram as únicas palavras do Afonso. - Não tava a espera.

- Então puto... 

- André, só não tava a espera que voltassem tão cedo.

- Mas voltaram e temos de respeitar a decisão do teu irmão. Sê muito bem vinda querida. - palavras da Anabela.

- E tu pai? - Via se que o André procurava de certa forma a aprovação do pai.

- Sê bem vinda Sara.

Algo em mim fez ter coragem para interromper aquela reuniãozinha familiar à qual ninguém me tinha convocado. 

- Afonso eu tenho de ir andando, queres que te leve?

- Não deixa estar, eu levo o meu cunhadinho.

Apenas assenti com a cabeça e sai.

A minha manhã tinha sido passada na academia, já tinha tratado dos recados para o Álvaro, agora era ir até casa e provavelmente não fazer nada de especial... Ah que vida esta....
Quando cheguei a casa estava um enorme silencio, presumi que estivesse sozinha, fui até ao meu quarto vesti algo confortável e desci para ir petiscar alguma coisa antes de jantar.
Peguei em uma banana, um ovo e flocos de aveia e fiz uma panqueca.

- Já em casa? - olhei para trás e vi que o André acabara de entrar na cozinha.

- Sim, já fiz tudo o que tinha a fazer hoje.

- Ficaste incomodada com a vinda da Sara cá para casa?

Bem o rapaz disparou a bomba sem me dar qualquer espaço de manobra, comecei a ficar encavacada e num tom fininho saiu um 'não'.

- Tens a certeza? - voltou a perguntar.

- Ai André que conversa é essa? Porque é que haveria de ficar incomodada?

- Porque notou se...

- Andas a ver coisas.

- Admite.

- Não há nada para admitir e pala além disso eu nesta casa não tenho voz. 

- Como assim?

- Apenas aluguei um quarto.

- Sabes que isso não é assim...

- Não é André? Há mais de um mês que não me falavas, nem olhas para mim, nem tiveste coragem de contar que voltaste para a Sara. 

- E porque é que te haveria de contar, tu não és...

- Ninguém nesta casa.

Voltei lhe as costas e subi para o meu quarto. 

Ultimamente todas as conversas que tínhamos um com o outro acabavam assim, discutíamos por coisas parvas e por vezes ficávamos semanas sem falar.

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