Capítulo 16

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Já se tinha passado um mês desde a chegada do André, raramente conseguíamos estar todos juntos. O André andava em entrevista, reuniões pelo clube e treinos, o Afonso arranjou uma 'companheira de estudo', o Álvaro como sempre faz de tripas coração para que a empresa leve um bom rumo, a Anabela anda sempre casa-trabalho-casa-zumba-casa e e eu tenho as actuações preparadas para o evento do fcp. Tem sido a loucura!

Ando nervosa, hoje é a gala e eu tive de mentir à família para não ir com eles. Contei ao Álvaro, mas custa me ter de esconder isto tudo. De qualquer das maneiras preparei as coreografias de maneira a aparecer pouco e quando apareço não ter a cara visível.

A gala já ia a meio e estava a correr tudo bem, consegui ver que os quatro estavam juntos, como havia uma pequena televisão lá dentro, por detrás do palco decidi ir ver o André a receber o prémio. De certa forma sentia tanto orgulho.

Assim que acabou de falar, eu fui ter com as minhas colegas para me certificar que estavam a aquecer. 
Acabei de dar de caras com o André, claro... já tinham passados tantos jogadores por aqui como é que eu não me lembrei que ele também passaria.

Agarrou me no braço e puxou me para um canto.

- O que é que estas aqui a fazer? - perguntou admirado.

- Joana, vamos entrar em dois minutos. - gritou a Tatiana.

Coloquei a mão no seu peito e ele colocou a sua mão em cima da minha.

- Podemos falar em casa por favor?

- Podemos, mas eu quero que me contes tudo.

- Eu vou contar, só não digas nada ao Afonso e à tua mãe. Assim que eu chegar a casa vou ter contigo.

O rapaz assentiu e saiu.

Depois daquele momento o meu foco mudou, já não era as actuações mas sim o André. Ao inicio ele detestou a minha ida lá para casa, imaginem agora quando ele descobrir o porque de eu nunca ter contado.

Desejava chegar a casa, depois das actuações todas só queria tomar um duche e dormir, mas sabia que a noite ainda ia ser longa.

Assim que cheguei a casa, tentei não fazer barulho e ao entrar no meu quarto assustei me.

- Calma, sou eu. - disse o André tentando me tranquilizar.

- Deixa me tomar um duche, conto te tudo depois.

- Espero no meu quarto então.

- Combinado.

Depois de tomar o meu tão desejado duche, vesti o pijama e um robe e fui ter com o moreno. Bati ao de leve.

- Posso? - sussurrei.

- Sim. - depois de dada a permissão, sentei me ao lado do rapaz. - agora conta me.

- André, eu quando vim para o Porto não tinha ninguém, não conhecia nada.

- Essa parte eu sei. - interrompeu me o rapaz.

- Eu vim para cá atrás de um sonho, e com o apoio do teu pai realizei-o, abri uma academia de dança. Só o teu pai é que sabe. 

- Porque?

- Porque sempre foi o sonho da tua mãe, porque o teu pai nunca a encorajou, nunca lhe deu o apoio que me deu a mim. E quando ele me deu a mão eu não passava de uma estranha.

- Não acho justo eles não saberem, especialmente o Afonso! - disse levantando-se e indo até à janela.

Fui ao pé do rapaz e coloquei a minha mão nas suas costas baixando a cabeça. 

- Acredita que me custa horrores, mas o teu pai pediu e para não contar.

O rapaz desta vez virou se para mim e abraçou me.
Senti me tão bem naquele momento, senti me protegida e senti que ele me perdoou. 

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