2. BERNARDO

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Dia cheio

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Dia cheio. Mas já era costume, mesmo que Albuquerque não seja campeã em violência as poucas incidências que tem, adicionada às doenças que aparecem, rendem um bom dia de correria no hospital. Estava perto de encerrar o plantão, havia ficado ali desde ontem de manhã, era costume meu ficar de plantão quase sempre, afinal era solteiro e não tinha muito que fazer em casa, trabalhar era minha maior distração e meu maior prazer.

— Doutor Persson, contusão na ala três. — A enfermeira falou me passando o prontuário.

— Obrigado, Claire. — Falei pegando a prancheta e avaliando o raio-x.

— Está atrasado! — Ela sorriu caminhando apressada.

— Quase saindo! — Gritei para que ela ouvisse.

A escolha de ser médico veio da minha família, meu pai era cirurgião e empresário e minha mãe, cardiologista. Ambos moravam em Boston e eram extremamente ricos, não que me importasse com isso, preferia desfrutar da riqueza do meu próprio trabalho. Montei o hospital quando estava no fim da minha residência, desde então só soube dos meus pais por telefonemas e cartões postais, eles eram os tipos de ricos que querem que o único filho assuma os malditos "negócios da família" coisa para o qual não levava o mínimo jeito, isso sempre gerou atrito entre meu pai e eu a um ponto que não conseguimos ficar na mesma sala por mais de dez segundos sem desencadear uma discussão. Não gostava do estilo patriarcal da minha família que parecia estar inserida no século XXI com costumes do século XV.

— Não está quebrada, para sua sorte. Vai ficar enfaixado por duas semanas e você pode ir pra casa assim que terminar. A ala de ortopedia é por ali, Carl, leva ela, por favor.

— Pois não, doutor.

— Estou de saída!

Deixei o hospital, exausto, na minha mente só tinha banho e cama, e claro que não poderia recusar a boa comida caseira da Gina, minha quase "babá". Ela era uma senhora simpática que cuidou de mim desde que nasci, ou quase isso. Ela ficou comigo quando decidi permanecer em Albuquerque e mesmo que meu pai quisesse levá-la para Boston foi quase uma exigência da minha mãe que ela ficasse. No fundo, ninguém cuidava de mim melhor que a Gina, mas ela não morava comigo, tinha filhos dos quais cuidar. Acho que em parte era por isso que não gostava de ficar muito em casa, na maior parte do tempo era chato ficar sozinho e não era o tipo baladeiro que ficava com uma mulher a cada semana. Avistei meu carro no estacionamento e não consegui resistir a um leve sorriso de satisfação ao entrar nele.

O hospital ficava pelo menos uma hora e meia da minha casa, morava em um bairro um pouco afastado do centro, apreciava a tranquilidade, devo confessar que levava uma vida meio sem graça, mas não me incomodava mais, já virara uma rotina a qual era completamente adaptado. Quando virei à esquina há poucos quarteirões de onde morava, eu a vi. Estava caída sobre uma calçada e aparentemente inconsciente, pelas roupas era impossível ser uma moradora de rua, coisa que era muito raro por aquela região. Parei o carro imediatamente e corri até ela, os longos cabelos loiros estavam encharcados de sangue o ferimento era feio, mas por sorte não era grave, se fosse um traumatismo provavelmente ela estaria morta. Havia também um ferimento profundo nas costas e temia que tivesse afetado algum órgão vital. Coloquei os dedos no pescoço para ver sua pulsação, era fraca, mas ela estava viva, para mim já era o bastante. Rapidamente peguei o celular:

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora