28. GEOVANA

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Estava nervosa. Parecia que os nervos em todo o meu corpo me davam choques. Apesar de ter conseguido atingir certo nível de paz na casa de Bernardo em Sandia Heights, era impossível manter a tranquilidade diante das portas da minha memória prestes a serem abertas. Todavia, aquém do nervosismo, estava curiosa quanto ao método de hipnose, não fazia o tipo cético, mas me custava acreditar que aquilo funcionaria. Ainda assim, estava disposta a tentar, faria qualquer coisa para recuperar minhas memórias e voltar para casa, em especial porque fora mais que provado que não havia espaço no coração de Bernardo para mim.

"Sou seu médico, Geovana, são situações totalmente diferentes."

Aquelas palavras me magoaram mais do que pude suportar. Era o que seria sempre para ele, uma paciente amnésica a quem tomara para si a responsabilidade de tratar. A dor que vira em seus olhos quando despertara daquele pesadelo me dizia a verdade: Bernardo nunca seria capaz de esquecer Vanessa. E enquanto não conseguisse se libertar da culpa e do fantasma dela, não poderia ser capaz de abrir seu coração para qualquer outro sentimento que lhe proporcionasse felicidade, pois na sua cabeça, ele não merecia ser feliz.

Quando chegamos em casa sentia-me profundamente perturbada. Não com a consulta dali algumas horas, mas com o último dia na casa em Sandia. Fora uma experiência única e esclarecedora. Pude não apenas me dar certeza sobre meu quimérico sentimento por Bernardo, como também na impossibilidade de ser recíproco. Não importava o que Emily Swan dissesse. Logo que entramos, ele foi direto para o escritório após um breve cumprimento à Gina.

— Algo errado? — Quis saber ela quando ele desapareceu pelo corredor.

— Não sei. — Meneei a cabeça. — Tudo parecia normal na volta pra cá.

— Ele está preocupado. — Apontou ela, a expressão séria. — Conheço aquela expressão.

Não respondi. Minha cabeça doía pela madrugada em claro, mas sabia que não conseguiria descansar se deitasse. Estava cheia de pensamentos. Abaixei-me diante da estante na sala de estar, Bernardo tinha um verdadeiro acervo de cinema em casa, desde os clássicos dos anos oitenta aos lançamentos mais recentes que sequer sabia existir. Tudo era uma bagunça completa e sem sentido, havia tanto DVDs quanto Blurays e até mesmo alguns raros VHS. Sentei-me diante deles e comecei a tirá-los do lugar, sabia que seria preciso pelo menos um mês para organizar todos — se trabalhasse naquilo todos os dias —, mas precisava manter a cabeça ocupada e aquela seria a tarefa perfeita.

— O que vai fazer, menina? — Indagou Gina, deixando seus afazeres na cozinha e se aproximando de mim.

— Me ocupar... — Respondi enquanto esvaziava um lado inteiro de DVDs misturados. — Estou pensando demais e isso não me agrada, preciso de alguma coisa que prenda minha atenção antes que surte!

— Boa sorte com isso!

Havia uma nota de diversão na voz dela. Comecei a organizar os filmes por ano, gênero e ordem alfabética dos títulos conforme cada classificação. Colaria etiquetas nas estantes depois, como em bibliotecas. Vi-me de tal modo absorta na atividade que não vi quando Bernardo se aproximara por trás, surpreendendo-me.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora