45. BERNARDO

162 14 19
                                    

Por um instante todo o meu corpo paralisou como se os músculos tivessem congelado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Por um instante todo o meu corpo paralisou como se os músculos tivessem congelado. As palavras de Geovana soaram como bombas nos meus ouvidos e, por mais absurdo que aquilo parecesse, o que me deixava mais chocado era o fato de eu acreditar nela. Sabia que minha esposa nunca brincaria com algo do tipo, ainda que todos os campos racionais do meu cérebro me dissessem que era impossível. Vanessa estava morta. Contudo, depois de ficar ao lado dela durante todo aquele período de silêncio e melancolia, de abraça-la à noite, trêmula por um pesadelo — algumas vezes, inclusive, chamando o nome de Vanessa — não havia como não acreditar nela, mesmo que todo o campo racional da minha mente rechaçasse a ideia.

— Você não acredita em mim, não é? — Suspirou, baixando a cabeça. — Não posso culpa-lo, eu mesma estou duvidando da minha sanidade com tudo isso.

— O choque, meu amor, é justamente pela razão oposta. — Contive a vontade de rir, sabendo que não era o momento. — Estou estupefato por acreditar em você. O que ela disse?

Ela hesitou. Notei como crispou os lábios e franziu o cenho retraindo o corpo, parecia travar uma luta interna sem conseguir decidir o peso que as próximas palavras teriam e, mesmo que estivesse corroído pela ansiedade, dei a ela o tempo preciso para encontrar seu próprio meio de expressar o que estava em sua mente. Devagar, após uma breve ponderação, Geovana me relatou o encontro, acentuando que aconteceu no período em que seu coração parara no hospital. Descreveu minha ex-noiva, até mesmo a cadência floreada da sua voz, as roupas que vestia e o que lhe dissera. Contou-me também sobre o breve diálogo com o pai e com Jamie, ouvi a tudo sem interrompê-la, buscando eu mesmo não apenas fé para acreditar, mas as palavras certas que expressariam como me sentia.

— Harry Fenks. — Disse o nome em voz alta, na esperança de que alguma memória me viesse.

— Soa familiar pra você? — Indagou, o corpo agora mais relaxado.

— Não... e não acredito que se Raquel fosse contratar alguém para um serviço sujo como esse o faria com alguém próximo. — Concluí. — Não sei como ela teve acesso a esse cara, mas com certeza não o achou sozinha, teve um mediador no meio.

— Você não parece surpreso. — Apontou ela. — Acabei de confirmar que sua mãe matou a Vanessa.

— Eu não estou surpreso, de fato. — Suspirei. — Depois do que ela fez com você é como se eu já esperasse isso dela instintivamente. Vai ser difícil conseguir a quebra do sigilo bancário dela, mas se a sua informação estiver correta, temos uma chance embora eu não quisesse ter de recorrer a única pessoa que pode me ceder esse tipo de ajuda. — Fiz uma careta.

— O que quer dizer com isso? — Ela perguntou. — Quem é?

Já havia pensado naquilo há um tempo, embora estivesse convencido que não era uma boa ideia. Contudo, diante de todas as coisas que já haviam acontecido, sentia-me impotente — e, mesmo que não confessasse, amedrontado também — acerca do que ainda podia acontecer se eu não colocasse um freio real na minha mãe. Não acreditava que mesmo com todo o mal que ela já causara na minha vida ia ficar parada até conseguir seu propósito. Apertei um pouco mais a mão da minha esposa que segurava entre as minhas e sorri, não cometeria o mesmo erro de novo, não a deixaria nublada sobre nada a respeito da minha família, por isso, com um sorriso forçado, olhei-a nos olhos e respondi:

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora