4. BERNARDO

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Estava entrando no meu carro quando o celular começou a vibrar

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Estava entrando no meu carro quando o celular começou a vibrar. No visor, o nome de Alice aparecia e imediatamente senti um calafrio. Normalmente não era de ficar apegado aos meus pacientes, mesmo que tentasse fornecer toda assistência de que precisassem, contudo, aquela garota havia se tornado inesperadamente importante, talvez pelo fato de não saber nada sobre ela. Tinha medo que ela morresse, ainda que não fizesse a menor ideia do motivo, não a conhecia, contudo, perde-la seria de uma agonia indizível. Meneei a cabeça, eu estava tentando me enganar, não era a primeira vez em minha carreira que queria tanto salvar uma pessoa, houve outra pessoa antes que eu lutei com todas as forças para salvar. Talvez, com aquela garota, estivesse motivado pelo mistério que a cercava, mas era algo mais profundo que isso, sempre me sentia impotente quando perdia um paciente e, em anos de profissão, poucas vezes eu falhara em salvar a vida de alguém.

Quando pensava nisso, minha obsessão pelo trabalho não parecia ruim.

— Alice? — Minha voz soou tensa.

— Venha o mais rápido que puder! — A voz dela soava aflita. — Aquela paciente, ela entrou em choque, Clark está fazendo o que pode para trazê-la de volta.

— Eu chego aí em um minuto! — Disse apressado entrando no carro com o coração acelerado.

Estava em uma máxima de ansiedade, a pulsação gritando nos ouvidos enquanto avançava o mais rápido que podia entre as ruas, meus pensamentos indo de encontro ao rosto daquela garota, havia muito em jogo, não apenas pelo fato de ela ser uma pessoa sem identidade, mas por ter a quase certeza que o que acontecera a ela não fora um acidente. Ela precisava viver. Avancei pelas ruas sem ao menos temer o limite de velocidade, lidaria com problemas triviais como multas de trânsito depois, graças aos céus a sorte estava comigo, não havia qualquer patrulha policial de modo que segui na máxima velocidade pegando atalhos para evitar os sinais vermelhos.

Saí do carro sem ao mesmo me preocupar em ligar o alarme, deixei-o mal estacionado no meio do estacionamento nos fundos e entrei enquanto vestia o jaleco, correndo pelo corredor da emergência. O que encontrei na UTI em que a paciente estava foi um caos de enfermeiros, no meio deles Clark segurava duas pás de um desfibrilador enquanto os sinais vitais da paciente estavam quase no zero, ela estava morrendo. Avancei sobre ela, tirei as pás das mãos de Clark e ordenei que aumentassem a potência para 200.

— Vamos! — Murmurei enquanto pressionava o choque pela primeira vez, Alice fez massagem cardíaca, gotas de suor formavam-se em sua testa. — Vamos!

Levou três tentativas, mas funcionou. Havia sinais vitais. Um alívio fez minhas pernas fraquejarem, fiquei de tal forma tomado pela tranquilidade de ela estar viva que não percebi a aterradora realidade até Clark checar e me lançar um olhar duro.

— Ela entrou em estado de coma. — Anunciou, a voz baixa e fria.

— O quê? — Virei-me para ela, examinei os olhos, a respiração, os níveis.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora