21. GEOVANA

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Quando encontrei Bernardo no café da manhã parecia que nada havia acontecido entre nós a alguns dias, sorrimos um para o outro e agimos normalmente sem tocar no assunto do beijo no hospital, das memórias que ele despertou e me fez entrar em choque, estava trabalhando nelas com a doutora Swan, ainda assim, parecia haver algo não dito entre nós. Na noite anterior, quando acordei após aquele pavoroso pesadelo, ele me confortara e, de algum modo, chegamos a uma conclusão silenciosa de que podíamos agir como adultos e esquecer questões com as quais não podíamos lidar naquele momento. Ele me cumprimentou com um sorriso e sentou-se ao lado de Gina para comer.

Fora algo que conquistei com algum esforço, até então, Gina nunca comia à mesa com Bernardo por mais que ele insistisse, contudo, desde que chegara ali aos poucos consegui fazê-la acostumar-se a comer conosco, principalmente porque ficava muito incomodada com ela deixando para fazer as refeições sozinha, na mesa da copa, não é como se ela fosse uma empregada, era a ama de Bernardo e ele a estimava como uma mãe — vim a descobrir mais tarde que ela fora, de fato, mais mãe para ele que a própria mãe biológica.

— Parece que conseguiu descansar melhor. — Comentou ele. — Mas ainda está com uma aparência abatida, não prefere dormir mais um pouco?

— De modo algum... acho que não consigo dormir muito. — Sorri dando de ombros. — Vai fazer plantão hoje?

— Não. — Respondeu após engolir um gole de suco de laranja. — Tenho duas cirurgias pela manhã e algumas consultas. Mas volto para casa à noite. Precisa de alguma coisa?

— Ah, não. — Apressei-me em negar. — Apenas curiosidade, você tem passado muito tempo no hospital, doutor.

Doutor? — Ele deu uma risada baixa. — Achei que já havíamos superado isso.

— Desculpe... — Sorri, sem jeito. — É um pouco difícil chama-lo tão diretamente sempre.

— Acho que preciso fazer você treinar mais. — Sorriu ele.

Depois de me recomendar que ligasse caso algo acontecesse, ele saiu apressado de casa rumo ao hospital. Terminei de tomar café tranquila enquanto repassava tudo na minha mente, já me cansara de tentar juntar os fragmentos de memória em uma sequência lógica, então, tentava fazer os exercícios que a doutora Swan e o doutor Stuart me indicavam de procurar detalhes e tentar conectar sensações àqueles detalhes, mas era cada vez mais difícil uma vez que, às vezes, na maioria do tempo não conseguia sentir nada com relação a elas além de angústia ou apatia.

— Se importa se te ajudar, Gina? — Perguntei colocando a louça na pia.

— Tem certeza, menina? Não precisa fazer isso. — Parecia apreensiva.

— Não é como se tivesse algo melhor pra fazer de todo modo. — Dei de ombros começando a colocar a louça na máquina de lavar.

— Tem alguma coisa incomodando você? — Questionou com um sorriso terno enquanto organizava os ingredientes do almoço.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora