43. BERNARDO

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Quando acordei após passar o efeito do sedativo, Gina estava a meu lado no quarto particular para onde havia sido levado, por sorte não havia qualquer sinal de Raquel, não podia prever minha reação se a visse naquele momento

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Quando acordei após passar o efeito do sedativo, Gina estava a meu lado no quarto particular para onde havia sido levado, por sorte não havia qualquer sinal de Raquel, não podia prever minha reação se a visse naquele momento. Atordoado, fitei minha ama chorosa que demonstrou alívio ao me ver acordado. Minha ama segurou-me as mãos com carinho, o cansaço e a tristeza em seus olhos trouxeram à tona o pesadelo no qual estava vivendo enquanto a nuvem de torpor se dissipava. Geovana. Meu filho.

— Geovana... — Balbuciei.

— A menina está na UTI, não acordou. — Acalmou-me. — Fique quieto mais um pouco, menino, foi um choque muito grande, você sequer percebeu que estava ferido.

Me dei conta, então, de que meu cotovelo estava enfaixado. Meneei a cabeça tentando organizar meus pensamentos, tudo parecia ter acontecido há tanto tempo como uma memória distante. Passei as mãos pelo rosto e respirei fundo na busca de manter minha razão intacta e unir os fragmentos de coragem que pareciam ter mitigado dentro de mim.

— Sua mãe...

— Não chame aquela assassina assim! — Cortei-a.

— Dona Raquel foi para o hotel. — Corrigiu-se. —A senhorita Bianca está na sala de espera.

— Alguma notícia da Brígida?

Minha ama balançou a cabeça em negação. Pus-me de pé ignorando seus protestos, calcei os sapatos e deixei o quarto indo na direção do elevador. Olhei o pequeno círculo prateado na minha mão esquerda e, sozinho, chorei amargamente o destino da minha amada esposa, o destino do filho que nunca conheceríamos e meu maior temor era como contaria para ela o que havia acontecido a ele. Lembrei-me de Geovana, doce e inocente, vencendo os medos do seu passado e entregando-se à mim de corpo e alma, minha doce esposa agarrando-se bravamente à vida quando muitos em seu lugar teriam desistido. Quantas vezes eu passaria pela agonia de quase perdê-la?

No corredor da UTI do terceiro andar, encontrei Clark deixando um dos quartos e imaginei que era o de Geovana, ele parou ao me ver e caminhei a passos largos ao seu encontro, sua expressão era neutra, mas o conhecia há tempo suficiente para saber que algo o preocupava.

— Não faça eu me arrepender de não mantê-lo sedado, Persson. — Começou.

— Como ela está? — Ignorei o comentário meio sarcástico.

— É cedo para falar, ela acabou de sofrer dois choques bem grandes e procedimentos bem complexos. Precisamos de tempo para ver como reage, você é médico sabe disso.

— Então por que você parece tão preocupado?

Ele hesitou e respirei fundo para não perder o controle outra vez.

— Droga, Clark, ela é minha esposa! — Lembrei-o. — Eu tenho direito de saber.

— Stuart a está monitorando, Persson — disse tentando soar o mais neutro possível — olhe, com o histórico clínico da sua esposa, apesar de todo o impacto ter sido no ventre e nas pernas, há riscos de que o trauma na cabeça renda frutos.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora