27. BERNARDO

215 23 104
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


A Lua estava cheia e iluminava tudo à sua volta, incluindo a estrada onde ela dirigia naquela noite. Christina Aguilera gritava que só queria amar o corpo de algum sortudo sem qualquer espécie de complicação para esquecer — e se vingar — um babaca qualquer. Ela amava esse tipo de música, liberdade e poder feminino. Seu corpo balançava conforme a música enquanto ela dirigia cantando, a estrada quase deserta a exceção de um ou outro carro que passava por ela de vez em quando. Era tarde, prometêramos nos encontrarmos em casa dali uma hora quando ela saiu da conferência de arte.

Mas ela nunca voltou.

Os faróis surgiram fortes por trás, ela viu pelo retrovisor, afastou o carro para o lado permitindo que ele passasse, mas o carro continuava atrás dela, um frio percorreu sua espinha, não podia aumentar a velocidade naquela estrada, mas o fez mesmo assim, a sede de sobrevivência sobressaindo-se a prudência, o coração acelerado dentro do peito, com mãos trêmulas ela pressionou o número 1 no celular e colocou o fone no ouvido. O toque de chamada perdurou por várias vezes até cair na caixa postal, com um gemido exasperado ela puxou o fone com força da orelha e o jogou no banco do passageiro.

Então o grito ecoou sobre a música quando a primeira investida do carro de trás veio. Foi apenas um aviso, mas lágrimas já enchiam seus olhos, ela se forçou a manter a calma, agitar-se daquela maneira só pioraria tudo. Pisou no acelerador com mais força, a mente em um turbilhão de medo e adrenalina, o coração agitado martelando o peito com violência. A segunda investida veio e ela perdeu o controle do carro momentaneamente.

— Bernardo!

Gritou. Mas ninguém podia ouvi-la naquele momento, nem mesmo a pessoa que estava tentando matá-la. Uma nova investida a tirou da estrada, o carro bateu contra uma mureta de ferro atravessando-a e capotando em uma depressão, seu corpo foi atirado alguns metros longe, talvez por providência divina, pois alguns segundos depois de alcançar o fim da depressão, o carro explodiu.

— Bernardo!

Sua voz ecoava nas paredes da minha mente, rasgando-me o peito ao meio em uma dor inenarrável e ficava cada vez mais alta, parecendo desesperada, mas por mais que corresse nunca conseguia alcançá-la. Gritava seu nome com todas as minhas forças, mas nenhum som saía pela minha garganta, podia ver seu corpo quase sem vida no chão de terra, ela lutava para continuar respirando, a lua no céu era a única velando pela sua existência.

Eu não era capaz de salvá-la.

Algo se chocou contra meu peito com força arrancando-me o ar por alguns segundos, abri os olhos lutando para respirar e encontrei uma Geovana assustada e preocupada ao meu lado, olhei em volta, as paredes bege do quarto eram parcialmente iluminadas pelos abajures que deixei acesos, o quadro de flores brancas era como um fantasma ao lado da porta, o céu estava sombrio do lado de fora uma vez que era madrugada. Sentei na cama e contemplei, o móvel branco que ficava encostado na parede em frente à cama. Havia sobre ele uma televisão e alguns DVDs espalhados, dois jarros sem flores, as imagens ainda estavam vívidas na minha mente.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora