39. BERNARDO

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 — Liguei para o hospital antes e me disseram que você tirou folga! — A voz dela era irritada do outro lado da linha

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 — Liguei para o hospital antes e me disseram que você tirou folga! — A voz dela era irritada do outro lado da linha. — O que acha que está fazendo?

— Eu não te devo explicações, não pode controlar minha vida!Esbravejei, furioso. — Quanto antes entender isso melhor.

— Não ouse falar comigo desse jeito, Bernardo! — Gritou. — Estarei em Albuquerque na próxima semana e ficarei com você.

— Não! — Objetei. — Se quiser ficar em um hotel que seja, mas não há espaço aqui pra você. Não vou tolerar que fique intervindo na minha rotina como bem quer.

Eu ainda sou sua mãe! — Lembrou-me.

— É mesmo? Por que não se lembrou disso nos últimos 12 anos que precisei de você? — Não controlei o sarcasmo na minha voz. — Você só quer algo pra controlar e eu não estou disposto. Fique fora da minha vida.

Escute aqui, Bernardo...

— Já chega! — Cortei-a. — Não quero ouvir mais nada de você.

Ainda ouvi sua voz gritando um protesto quando bati o telefone na base, furioso. Respirei fundo dizendo a mim mesmo para não deixar dona Raquel estragar a noite incrível que eu tivera. Geovana. Meu corpo inteiro ficou tenso. Não queria sequer imaginar o momento em que as duas estivessem frente à frente. Estava tão absorto no meu terror que esquecera, inclusive, que minha mãe avisara estar vindo para a cidade. Estava prestes a praguejar quando a vi parada ao pé da escada, me olhava com ar preocupado.

— Oi, amor — aproximei-me e a abracei — acordei você?

— Quem era no telefone? — Quis saber ela, pondo os braços em volta da minha cintura.

Não respondi. Um tremor atravessou o meu corpo lembrando da voz da minha mãe. Era irracional, mas de alguma forma eu tinha medo dela. Apertei Geovana um pouco mais forte contra meu corpo e senti-a enrijecer.

— Bernardo, o que tá acontecendo? — Exigiu e sabia que não podia lhe negar uma resposta.

— Não se preocupe meu amor — disse mais para mim mesmo que para ela — não importa o que aconteça, eu vou te proteger.

— Me proteger do quê? — Sua voz agora era aflita. — Você está me assustando.

— Me desculpe, eu falei sem pensar — menti — não é nada sério, eu juro. Apenas alguns problemas no hospital que me deixaram meio inquieto.

— Não era o que parecia. — Insistiu. — Você precisa voltar ao hospital, é isso?

— Não, não é nada disso. Clark pode cuidar das coisas por mim. — Sorri beijando-lhe a testa. — Esqueça isso, está bem? Juro que não era nada importante.

Sabia que ela não estava convencida daquilo, mas por hora deixou o assunto morrer. Eu ia contar a ela, era certo, mas não me sentia preparado para falar sobre aquilo no momento. Era precisar contar uma história na qual eu não queria mexer ainda. Mal podia imaginar que havia coisas que nem mesmo eu sabia. Geovana e eu preparamos um café da manhã — havia dado folga a Gina para termos mais privacidade. Apesar de se esforçar para aparentar calma, conhecia minha esposa bem o bastante para saber que estava inquieta, uma preocupação de nível premonitório que nem mesmo eu, com toda a habilidade que tivesse, poderia amainar.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora