15. BERNARDO

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Minha cabeça doía insuportavelmente quando estacionei o carro na garagem de casa

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Minha cabeça doía insuportavelmente quando estacionei o carro na garagem de casa. Toda a conversa com Emily me deixara profundamente inquieto e estava determinado a meter a cara nos livros em todos os mínimos momentos livres que tivesse. Por um momento, naquele consultório, senti um pouco de vergonha de mim mesmo, sempre fui o tipo que gosta de pesquisar, de saber mais sobre qualquer problema que me desafiasse, não entendia por que com aquela garota estava sendo diferente, por que ela me deixava louco ao ponto de perder completamente a capacidade de raciocinar corretamente, que espécie de sensação ela despertava em mim para querer tanto protegê-la daquela forma.

— Bem vindo de volta, meu menino! — Gina me saudou parecendo muito bem humorada.

— Olá, Gina. — Cumprimentei-a um pouco desconfiado. — Parece que você está com um ótimo humor aí. Onde está a Geovana, ainda dormindo?

— Ah, a menina saiu. — Informou-me entre uma nota e outra da música que cantarolava.

— Saiu? Como assim saiu, pra onde ela foi? Há quanto tempo? — Ouvi os ecos do desespero reverberarem pelas paredes, contudo, Gina estava tranquila e sorridente, inabalável em sua função.

— Ora, não precisa se preocupar tanto assim, Bernardo. — Lançou-me um olhar pacífico. — Ela saiu com a senhorita Brígida há mais ou menos uma hora, foram ao shopping.

— Sério? — Indaguei surpreso. — Quando ela me disse que aceitaria ver a Brígida nunca imaginei que sairia com ela.

— Devo confessar que aquela senhorita é muito persuasiva. — Alfinetou ela e não tive como não rir.

— Ah, vamos lá, Gina, nenhum de nós é criança por aqui e você não é nenhuma matrona do século XV.

— Só porque é adulto não quer dizer que pode fazer o que bem entender, Bernardo Persson Bergantin! — Ralhou. — Não aprovo essa sua conduta imprópria de jeito nenhum.

— Está bem, está bem, eu já sei. — Abracei-a por trás e beijei-lhe a bochecha esquerda.

— Menino... — Suspirou. — Eu só quero ver você feliz, com a sua família. Você só trabalha, vive empenhado em salvar a vida dos outros e esquece que também tem uma. Você tem sido minha maior alegria, maior até que meus próprios filhos a quem amo incondicionalmente, essa velha só quer partir desse mundo sabendo que você está bem.

— Não fale desse jeito mórbido, nana... — Apertei-a levemente usando o apelido que lhe dei quando criança. — Sabe que não gosto quando diz essas coisas, você ainda vai viver muito. Não se preocupe com essas coisas, está bem? No tempo certo você terá netinhos para bajular.

Ela sorriu e soube que estava "convencida" por hora. Não apenas Gina, mas meus pais me cobravam muito que me casasse, contudo por razões diferentes. A principal razão de não morar com eles e de nunca telefonar era que não nos dávamos bem, meu pai e eu não podíamos ficar mais de um minuto no mesmo cômodo sem iniciar uma discussão, minha mãe era uma mulher fria e pragmática, por essa razão eu só dava ouvidos a Gina, não fosse por ela não seria o adulto que era.

Um Novo Começo (2ª Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora