Capítulo 11

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Vengeance se recosta na porta do armário e cruza os braços tentando segurar o rosnado de revolta que subia por sua garganta. Não lhe era fácil testemunhar as atrocidades cometidas contra alguém tão pequena e não poder fazer nada. Precisavam saber o que aconteceu com a presente e se havia alguma pista sobre seu paradeiro nos vídeos. Carlyle era a chave. Seu rosto já lhes era conhecido e tinham Coronaro e Caroline de quem poderiam obter mais informações sobre ele.

O quarto CD não acrescenta muita coisa, apenas mostra Carlyle novamente conversando com o desconhecido sobre as drogas ministradas na cobaia que ele levou e recebendo uma nova remessa para ser ministrada.

O quinto CD roda na bandeja do computador deixando Vengeance e MiKe ansiosos assistindo algumas passagens da vida da pequena espécie.

Ela ainda era muito pequenina quando ele lhe apresentou a quinta vítima desde que tinha chegado ali. Estava muito escuro, mas quase sempre estava. O lugar em que vivia antes de lhe darem a "ele" era um pouco mais arejado, lá lhe injetavam drogas constantemente, drogas que lhe faziam sentir muita dor, não era um bom lugar, mas ali era pior.

Ela ainda recebia algumas injeções, mas o que mais lhe causava dor era ver o que acontecia naquele lugar. Por vezes preferia não ter sentidos tão apurados, dessa forma a ansiedade não faria seu coração bater tão rápido ao escutar os passos dele. Não veria as atrocidades cometidas na semi-escuridão, não ouviria as súplicas que mesmo pelas paredes, chegavam até ela, não sentiria com tanta intensidade o odor do perfume que passou a odiar.

Quando ele vinha, ela sempre tentava se esconder porque ele lhe dava muito medo, ele arrastava as vítimas lá para cima e elas não voltavam mais. Ela odiava os sons do medo e da dor. Nesse dia não foi muito diferente, exceto que dessa vez ele trouxe a vítima de volta. Ela ficou escondida embaixo da estrutura que lhe servia de cama. A vítima era magra e foi empurrada sem nenhum cuidado para dentro de sua cela junto com as palavras na voz enganosamente macia.

– Ela vai cuidar de você a partir de hoje!

Não foi bem verdade porque durante um bom tempo quem precisou de cuidados foi a vítima. Ela sentiu o cheiro de sangue e depois que ele foi embora se aproximou aos poucos e viu que a vítima estava muito machucada, tinha sangue em seu rosto e em outras partes de seu corpo. A vítima se mexeu um pouco e ela voltou a se esconder.

Depois de observar e não ver mais movimento ela foi se reaproximando e quando teve certeza que não seria machucada começou a cuidar da vítima como pode. Ela limpou o sangue e passou a pomada que ele certa vez jogou dentro de sua cela quando viu que tinha se cortado. Nunca entendeu porque ele fez isso, afinal ela se curava bem rápido e não precisava daquilo. A pomada só curou alguns dos machucados da vítima, os outros levaram mais tempo.

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