Capítulo 24

478 67 0
                                        

Tinha uma audição muito sensível, quando sua mãe era viva ela sempre dizia que era para compensar sua visão defeituosa. Não teria se metido naquela situação se não houvesse escutado Karen. Elas tinham fugido do lar adotivo em que estavam porque Karen não gostava do marido da nova mãe que teriam. Ele não era gentil, mas nunca foi mau como o homem daquele lugar parecia ser, no entanto Karen era a única pessoa que conhecia no novo lar e tinha se deixado convencer que era melhor fugirem enquanto ainda não tinham sofrido nas mãos dos novos pais temporários.

Foi ai que aquela mulher apareceu, ela lhes deu uns sanduiches, foi gentil e perguntou se não queriam que lhes desse uma carona. Karen aceitou e quando elas entraram no carro o homem estava lá. Ele foi rápido. Injetou alguma coisa em Karen e ela desmaiou. Por causa de sua visão Milla só conseguia ver o que estava acontecendo através de sua audição, quando entendeu o que estava acontecendo já era tarde para gritos e acabou sendo dominada também.

Com a pele raspando no cimento ela finalmente sai da cela e começa a tatear para encontrar a cela de Karen.

Fehér vê a menina passar por sua cela e ir na direção errada. Por que ela não ia para a porta de saída, ou pelo menos para onde a outra menina estava? Ela a segue com o olhar tentando entender o que a menina queria fazer, e então pergunta com um grunhido – Porque você está indo para o lugar errado? A saída é para o outro lado.

A menina vira o rosto em sua direção, mas era como se não a estivesse enxergando – Karen? Tem outra menina aqui – Milla fala e começa a ir na direção oposta andando com cautela

– Quem é você? A quanto tempo esta aqui? – A menina chamada Karen lhe questiona – Milla não enxerga direito – Karen fala pela primeira vez depois do tremor – Milla, minha perna ficou presa e eu não consigo levantar. Mas eu consigo te guiar até onde o vi deixar as chaves. Você precisa pegá-las e abrir as celas.

A menina menor segue as orientações de Karen e acha o molho de chaves pendurado em uma parede. Ela volta até a cela de Karen, abre a grade e some dentro.

Fehér se senta no canto de sua cela novamente e esconde o rosto nos joelhos abraçando as pernas juntas, não tinha esperança de sair dali depois das palavras de Karen, se ela era uma fera realmente, elas não iriam querer ajudá-la a escapar. Não as culpava, afinal nas histórias de Annuska as feras e os monstros sempre eram malvados. Já não tinha certeza se era ou não malvada.

Milla ajuda Karen a soltar a perna e se dirige a porta novamente para ir até a cela da outra menina. Karen a segura e lhe toma as chaves – Acho melhor eu fazer isso, você pode acabar abrindo a cela da fera que esta por ai, sem querer.

Fehér as ouve se aproximar e rosna alto, não sabia se elas eram confiáveis. Ela tenciona o corpo, pronta para o ataque. Não as deixaria machucá-la.

Antes de a menina abrir a grade Fehér sente o odor desagradável, ele estava voltando. Fehér decide não atacá-las, no lugar disso ela dá um salto passando por cima das meninas, rosnando e grunhindo corre para a cela que tem o buraco bem no momento em que a porta começa a ser empurrada. Fehér salta para o buraco no teto da cela da menina maior, as meninas gritam apavoradas ao verem o homem surgir na porta. Ele da um urro de pura raiva ao ver que Fehér foi solta e esta fugindo.

Fehér se sente compelida a apenas correr noite adentro deixando para trás todo aquele inferno a qual foi submetida a vida inteira, mas ela ouve os gritos apavorados das meninas e para em seus passos apertando os punhos enquanto vê o quão lindo é o céu noturno, estava tão perto, tão perto...

Ela dá mais um passo e novamente ouve o grito da menina menor depois de escutar o som característico de um tapa. Sua cabeça se inclina para o lado e seus olhos novamente se enchem de lágrimas, era só continuar sem olhar para trás, não devia nada àquelas meninas, mais um passo... o som de uma das prateleiras das celas se quebrando se ouve... Mais um passo... Um grito masculino de ódio...

A respiração de Fehér fica pesada e ela se agacha formando quase uma bola com o corpo, as mãos sobre a cabeça, não sabia o que fazer.

\ 񩜥@

FEHÉROnde histórias criam vida. Descubra agora