FEHÉR

Capítulo 20

Ao atingir a maturidade a pequena besta, depois de uma bebedeira, lhe pareceu interessante para seus jogos. Mas ela não lhe deu o que queria, não gritou de dor e nem demonstrou medo, ele pode sentir o corpo dela se retesando dolorosamente embaixo do seu, mas foi apenas isso e nada mais. Frustrado, acabou se distraindo, balbuciando imprecações e blasfêmias contra ela. A pequena besta então se aproveitou de sua distração o atacou e tentou fugir. Isso o deixou muito furioso. Ela era dele. Era o presente lhe dado por Carlyle, ninguém tinha direito de tirá-la dele. Quase destruiu um cinto de couro nela e depois trouxe outra vítima para que ela visse do que era capaz.

Quando as experiências de Mercile foram descobertas Carlyle lhe deu um telefonema para que ficasse de sobreaviso. Ele a trocou de lugar e passou a ir até lá apenas para levar comida. Mas a abstinência o estava comendo por dentro, suas vítimas anteriores já não faziam mais seu gênero, já estava velho e queria se sentir jovem e forte. Elas já não conseguiam fazer seu corpo responder e isso estava lhe carcomendo a mente. Por isso decidiu que teria que escolher outro perfil de vítima. Lembrando o quão fácil foi dominar fisicamente a pequena besta, baseou sua caça no principio de que se elas fossem menores ele as dominaria melhor. Ele então contatou sua parceira de caça e se regozijou ao conseguir vítimas perfeitas. Ninguém sentiria falta de pequenas fugitivas de lares desestruturados dos bairros pobres da cidade. Elas eram invisíveis para a sociedade da mesma forma que suas vítimas anteriores eram. Marcus Cesari descobriu um vasto campo para caça e as levou para onde tinha mantido anteriormente a pequena besta. Logo voltaria para começar a nova etapa de seus jogos.

Foi então que Carlyle o procurou novamente. Carlyle precisava fugir, dois de seus protegidos haviam sido pegos pela ONE e sua clínica de fachada foi descoberta, ali eles poderiam descobrir sua participação nos experimentos da Mecille. Ele temia que os miseráveis o incriminassem. Carlyle lhe pediu abrigo por um tempo e também que lhe ajudasse a resolver questões financeiras para que pudesse sair do país. Marcus cogitou a possibilidade de negar ajuda, pois Carlyle havia lhe preterido em favor de Coronaro com a desculpa de que ele era mais jovem, com mais vigor e mais astucia para caçar por ele.

Por bastante tempo o ciúme o corroeu, pois sempre que Coronaro participava dos jogos ele era deixado de lado. Cogitou também a possibilidade de dar um fim a Carlyle, afinal ninguém sabia que mantinham uma relação de parceria há muito tempo. Depois de ponderar friamente decidiu que para seu próprio bem o ajudaria até que soubesse se Carlyle tinha deixado alguma ponta solta que denunciasse não apenas sua participação na Mercile, mas também em seus crimes depravados.

Marcus o levou até a fazenda onde suas duas novas vitimas estavam. Carlyle queria levar com ele o presente que a muito havia lhe dado, iria se associar a outros fugitivos da Mercile para tentarem fazer a pequena besta reproduzir.

Marcus não hesitou. Fingindo submissão o atacou por trás e o levou para a clínica. Havia a bastante tempo feito sua própria pesquisa e descobrira por que Carlyle não suportava olhar para a pequena besta. Usou isso para torturá-lo psicologicamente. Utilizou as conexões de vídeo feitas anteriormente por Coronaro para transmitir as imagens da pequena besta. Algumas horas antes tinha levado as duas vítimas para onde ela estava. Havia sentido o comichão da excitação com o choro da menor e decidiu que ela seria a primeira. Depois de deixá-las lá foi verificar se Carlyle estava vivo para apreciar seu desempenho. Carlyle achava que não tinha notado seu olhar de deboche ao perceber que já não tinha o mesmo vigor, pensa Marcus. Mas ele tinha notado e ficou furioso.

Levantando a cabeça e enxugando o suor da testa Marcos Cesari pôs o carro em movimento, iria para casa se preparar para seu ritual. Precisava de uma válvula de escape para a grande frustração que sofreu.