FEHÉR

Capítulo 21

A atração que sentia pelo ilícito sempre lhe fez tremer de ansiedade. Era uma criatura a quem poucos viam e quando viam enxergavam apenas a delicadeza de suas feições e a fragilidade que tão bem conseguia projetar em seu olhar. Gostava dessa camuflagem que a natureza lhe atribuiu. Com ela era mais fácil se deslocar pelo mundo que escolheu. Até que se deparou com ele. Tinha quinze anos quando percebeu que ele lhe seguia, que lhe observava. Nunca falando nada, mas sempre ali vendo suas idas e vindas na criminalidade imatura da adolescência. Ficava envaidecida e apreensiva com a atenção dedicada do rapaz bem mais velho que ela.

Quando se expos além do que deveria ele a encobriu e finalmente jogou o laço. Ela se tornou uma de suas aquisições, catalogada e emparelhada para atuar com outro de seus caprichos. Carlyle era um grande mentor do ilícito, mas ela sabia que ele não gostava de sujar as mãos para obter prazer, ele gostava apenas de ver o que sua manipulação podia desencadear nas mentes que controlava.

A primeira vez que acompanhou o caçador o rescaldo da adrenalina lhe fez ficar com dores por todo o corpo. Ver e contribuir com a captura de uma semelhante lhe fascinou além do limite. Nessa primeira vez não lhe foi permitido participar do restante da diversão, não ligou muito, pois achava que aquilo não fazia muito seu estilo. Em outra ocasião lhe foi permitido e o que pensava que lhe repugnaria, lhe excitou. Depois disso lhe foi permitido acompanhar todo o restante do processo. Da captura ao descarte das vitimas. A única que não lhe era permitido ter acesso era a criatura. O caçador não a compartilhava, apesar de nunca a ter posto em nenhum dos jogos.

A paixão que ela e o caçador sentiam por Carlyle não era algo a nível físico, claro que em determinado momento do relacionamento dos três foi fácil unir o útil ao agradável, mas saciar seu corpo nunca foi o ponto. O jogo que Carlyle mantinha para os desejos depravados de suas mentes era o que os mantinha presos àquela paixão viciosa. Contudo ela foi deixada de lado quando se tornou uma viciada. Não foi uma boa escolha, admitia, mas Carlyle não deveria tê-la colocado de escanteio por isso.

O caçador a quem ele lhe havia emparelhado também foi posto de lado tão logo deu sinal de já não ter o mesmo vigor sexual que lhe permitia buscar saciedade nos jogos de carlyle e assim como ela a paixão que sentia por aquela mente foi se desintegrando até restar apenas um profundo rancor. Foram substituídos por Coronaro e Caroline, dois imbecis que não lhes faziam jus. Ela era a parceira do caçador!!! Ela era quem amaciava as vítimas para a captura. Como ele ousava lhe deixar de lado?! A fúria que sentiu queimou o resto da alma que ainda tinha e como retaliação matou seu companheiro do vicio. Sua primeira vitima mortal, depois disso foi fácil ir mais fundo no mundo que escolheu.

Recentemente Carlyle a contatou novamente, Coronaro estava lhe causando problemas. Saber disso lhe deu um grande prazer, iria dar fim a "imitação" e voltaria a ter prestigio ao lado do verdadeiro caçador. Precisou vestir a roupagem da menininha rica, e as drogas serviram para lhe dar o ar idiota que precisava. Havia se infiltrado rapidamente na vida de Coronaro, foi tão fácil. O imbecil estava obcecado pela mulher e a filha. Estava bem perto de acabar com ele, mas de repente ele saiu de cena levando Caroline junto.