FEHÉR

Capítulo 23

Ela volta a se agachar perto da parede, tampando as orelhas, os olhos apesar de apertados ainda deixam as lágrimas passar. Escutando o choro da menininha, em suas lembranças recorda que também chorou quando ele a trouxe com ele, assim como chorou quando perdeu sua Annuska. Suas lágrimas secam em seu rosto sem chegar a cair, ela não faz nenhum som, não queria ter contato com aquelas meninas. Era doloroso se apegar a alguém a quem ela sabia estar condenado, pensa em desespero balançando o corpo um pouco mais. Seu coração esta brutalizado.

Enxugando os olhos Fehér se levanta novamente e se aproxima da parede onde a menininha menor estava, grunhindo em voz alta.

– Droga Milla!! Fica quieta!! – A menina maior repreende a menor – Se você atrair aquele homem para cá com seu choro eu juro que eu mesma te dou uma surra quando puder!

A menina parece abafar o choro com as mãos novamente. Fehér ouve um barulho na direção da cela onde a menina maior está e fica atenta. Já tinha ouvido isso, a menina estava tentando abrir a fechadura. Algumas já haviam tentado antes e não tinham conseguido, ela suspira. Isso só o deixaria mais zangado.

Ela grunhe alto novamente expondo as presas sem querer.

O barulho para – Merda! Também tem alguma fera monstruosa por aqui, Milla. Com certeza ele a alimenta com o resto das vitimas que traz para cá – Ela fala alto.

Fehér para de grunhir. Não tinha entendido direito o que a menina falou. Feras e monstros eram algo mau, tinha aprendido isso pelas histórias de Annuska, mas não sabia que as feras e os monstros faziam o mesmo som que ela costumava fazer. Será que era por isso que ele não a matava como tinha feito com as outras. Porque ela era uma fera, porque ela era um monstro igual a ele? Nunca o tinha ouvido fazer os sons que ela fazia, mas da ultima vez que o viu notou que os cabelos dele estavam brancos iguais aos seus. "Ela era igual a ele"? Pensa tocando o próprio cabelo

Quando esta prestes a perguntar mais sobre as feras para a menina, Fehér sente o chão começar a tremer. As duas meninas começam a gritar. Fehér se agarra nas grades com o coração batendo alto, o teto começa a ruir e ela solta uma espécie de rosnado muito alto e corre para se esconder debaixo da estrutura de concreto que lhe servia de cama. Depois de alguns segundos o tremor para e ela retira as mãos da cabeça. Sua cela continuava fechada, mas ela podia ver que uma parte da cela em que uma das meninas estava tinha ruído formando uma abertura perto do teto.

As meninas estavam em silêncio, Fehér não ouvia nada naquele caos de escombros. Então ela ouve a maior perguntar.

– Milla, você esta bem?

A pequena responde que sim.

– Foi um tremor pequeno Milla, mas agora em sua cela tem um buraco entre a grade e a parede. Vou te guiar e você vai tentar sair daí, ok? O Tremor fez uma abertura no teto da minha cela. Talvez possamos sair por ele.

Fehér ouve a menina se mexer.

– Eu estou com medo Karen – Choraminga Milla.

– Você precisa tentar! – Karen implora – Eu estou presa e não consigo levantar.

Milla finalmente levanta e guiada por Karen começa a engatinhar e tatear as paredes a procura do buraco, enquanto fixa o pensamento na fera que estava ali com elas.