Ainda não posso voltar

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Chegamos na cidade e a primeira coisa que nós fizemos foi bater na porta da sala do General. Ele, como sempre estava cercado de anjos enquanto assinava papéis em sua mesa. Me aproximei e Sorath e Peliel ficaram para trás. Gabriel levantou a cabeça de sua mesa e pela primeira vez pareceu notar minha presença.

-Major Song. Não achei que a veria tão cedo. O que faz aqui? -Ele se empertigou na cadeira, parecia um tigre, os olhos a toda hora atentos, esperando uma falha minha. Querendo um motivo para me esfolar na frente de todos. Eu não daria esse gostinho a ele.

-General. Vim mais cedo pois trago informações. O senhor tem um minuto?

-Talvez até mais. Sente-se. Os outros podem ir.

-Mas senhor...-Peliel se aproximou com vergonha mas foi cortado por Gabriel que mandou todos saírem mais uma vez.

-Só preciso do testemunho da major. O resto de vocês está dispensado.

Os anjos bateram uma última continência e saíram da sala em silêncio. Eu me aproximei e sentei na cadeira de frente para o general.

-Senhor, tive notícias sobre a Colônia. São vários grupos de rebeldes, eles querem se juntar para atacar o presidente e o senhor. Um dos rebeldes me disse que eles tiveram ajuda de algum anjo desertor para conseguir a espada petricor, um anjo chamado Jael. A espada está sob a posse do General dos místicos. O senhor sabe o que devemos fazer, não é mesmo? - disse me segurando para manter meu tom de voz calmo. Aquilo poderia significar o fim da guerra, eu poderia voltar pra casa. O general levantou e apoiou as mãos na mesa, ficando inclinado na minha direção.

-Senhorita Song, a senhorita me intriga. Eu realmente gostaria de saber como você obteve essas informações.

-Eu...isso é realmente relevante para o caso...senhor?-Me remexia na cadeira, desconfortável pela primeira vez.

-Tudo que eu julgo importante é importante, senhorita Song. Achei que já soubesse disso.

-Eu usei um dos meus poderes de vampira. -disse a contragosto.
Gabriel focou seus olhos nos meus e eu vi um brilho diferente neles.

-Ah, então a gatinha tem garras, não é mesmo? Eu deveria saber.

-Deveria mesmo, senhor. E mesmo não sabendo, não faz diferença, não é da sua conta. Senhor. -Disse me levantando. Gabriel puxou meu braço com força para me impedir de ir embora, e eu senti meus olhos arderem. Quando o encarei vi seu rosto se desenhando em uma máscara de horror.

-Você é um monstro. Um erro da natureza. Não deveria estar viva ainda.

-Digo o mesmo ao senhor. A diferença é que eu não hesitaria em matá-lo, general. -Eu sabia que ele estava com medo, porque eu mesma estava com medo de mim naquele momento. Por mais que eu quisesse, não podia matá-lo, não ainda.

-Escolha bem as suas palavras, Sofia. Elas podem destruir a sua vida, ou pior, a das pessoas que você ama.- Quando minhas presas apareceram eu me lancei em sua direção, parando a centímetros de seu rosto. Ele parecia assustado, mais do que eu poderia imaginar.

-Não ouse ameaçar minha família mais uma vez, ou vai ser a última coisa que vai falar na sua vida. -Eu sabia que minhas presas estavam aparecendo, mesmo assim, não tinha a menor vontade de me alimentar de seu sangue. Eu me afastei e saí da sala sem bater continência. Estávamos sozinhos, eu não tinha obrigação nenhuma com ele.

Saí da sala e fui até o escritório de Gael. Ele estava praticamente soterrado de papéis. Eu entrei num rompante e fechei a porta atrás de mim.

-Gael, preciso da sua ajuda.

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