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Margot levantou o rosto devagar e olhou na minha direção. Eu me aproximei e a coloquei no meu colo, ela tremia e eu estava nervosa, não sabia como acalmá-la. Aquilo tudo era minha culpa.

—Meu amor, você precisa respirar. Respire devagar.—Ela tentou reorganizar sua respiração e eu encostei seu rosto no meu peito. Ela parecia mais cansada do que o normal.
Droga, Sofia. Como você não pensou naquela possibilidade? Burra!

-Use, Sofia. Me acalme. Eu preciso que você me controle.-Ela pedia entre os soluços.

-Não vou fazer isso com você. Não mais. Eu estou aqui com você agora. Respire e se acalme por favor.

-Eu não consigo.

-Você precisa, ou vai passar mal, e eu não posso perder você. Não posso. Eu não vou aguentar.

Eu beijava seus cabelos e ela fechou os olhos, depois de um tempo percebi sua respiração voltando ao normal.

-Eu sinto muito, amor. Isso não vai se repetir, eu prometo.

-Você não tem como prometer isso.

-Olha pra mim - disse levantando seu rosto a obrigando a me encarar.-Eu prometo a você. Não vou deixar ninguém te machucar. Nunca. Eu amo você.

-Eu amo você. -Ela sussurrou enquanto encostava a cabeça no meu peito mais uma vez. Ficamos assim por algum tempo até que eu senti a respiração de Margot desacelerar, ela estava dormindo. Eu me levantei com ela e a coloquei na cama. Quando me deitei ao seu lado, puxei ela para o meu peito mais uma vez, eu não aguentaria mais um dia longe dela, sem sentir seu cheiro. Eu dormi pouco, mas não me sentia descansada assim há muito tempo.

Durante a madrugada tive que sair para caçar, quando voltei, Margot estava esparramada na cama, seus cabelos soltos espalhados como ondas. Ela não tinha o costume de se mexer dormindo, eu ri baixinho, mas me aproximei dela mais uma vez aproveitando o toque de sua pele na minha. O sol estava começando a nascer e ela logo acordaria, totalmente cheia de perguntas para qual eu não gostaria de ter respostas. Eu fechei meus olhos e pensei em tudo que tinha acontecido em Valência no último dia e decidi entrar em contato com Gael naquele mesmo dia para saber o que estava acontecendo na cidade anjo. Duas horas passaram voando e eu senti o corpo de Margot se mexendo para acordar. Ela se espreguiçava manhosa e suspirava baixinho, coçou os olhos devagar e deixou escapar dois bocejos. A mesma rotina da manhã, aquilo me trazia boas e más lembranças. O que me fez pensar em seus pais. O que eles estavam fazendo? Eles conversavam com Margot? Eu estava divagando, ela já estava acordada e eu sentia seu olhar queimando na minha direção, tentando me decifrar. Abri meus olhos e ela sorriu pra mim.

-Bom dia.

-Bom dia, Gogô. Você dormiu bem?

-Como não dormia há muito tempo. E você?

-Estou muito bem. - disse levantando da cama e indo em direção a cozinha para arrumar seu café da manhã.

-E então? - perguntou se encostando na geladeira, enquanto eu olhava dentro da mesma, decidindo o que fazer. Eu tinha que me distrair. Resolvi fazer uma omelete, era rápido e Margot adorava, mesmo que eu achasse tudo aquilo totalmente repulsivo. Pelo menos eu pude ver que ela estava comendo bem. Comecei a cortar os tomates cereja e sentia seu olhar em minhas costas. Ela iria se aproximar, eu sabia disso, portanto, não precisei esperar muito tempo. Suas mãos passaram pela minha cintura, se fechando na minha barriga. Eu respirei devagar tentando colocar os pensamentos em ordem, mesmo que o cheiro de seu sangue nublasse minha cabeça a todo momento. Achei que já estivesse acostumada com o cheiro de seu sangue, mas bastou eu me aproximar dela e tudo voltou, como na primeira vez.

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