Eu sou convidada

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Eu não me lembrava do que tinha acabado de acontecer, mas sabia que não estava mais com sede. Eu simplesmente saí do buraco onde eu estava e me vi na Tijuca, Decidi não passar na casa de Margot com receio de que alguém me pegasse tentando entrar pela janela, então tive a idéia mais sensata. Fiz meu caminho até o shopping ali perto e comprei algumas coisas.

Margot iria surtar quando visse, mas eu achei mais seguro do que tentar explicar que eu era a namorada híbrida da filha deles que entrava no quarto pela janela. Depois de um tempo eu comprei tudo e saí dalí direito para a casa de Karen. Quando cheguei lá, Carol já tinha ido, ela tinha um compromisso e não pôde ficar, Margot conversava na sombra do deque na beira da piscina enquanto Karen relaxava na hidromassagem perto da piscina. Eu apareci atrás de Margot e passei minha mãos por seus cabelos, fazendo ela dar um salto e olhar para trás.

—Que susto, amor!

—Olá, trouxe uma coisa pra você, espero que fique bom.

Ela levantou e eu coloquei a bolsa em sua mão. Quando ela levantou o rosto, por um único momento eu temi pela minha vida.

-Você me comprou roupas? —O olhar dela era mortal, o que foi? Ela não gostava de gastar dinheiro? Acho que ela ainda não percebeu que eu tenho o bastante pra gastar com o que quiser.

-Depois eu converso sobre isso com você, eu tive minhas razões. Foi apenas um presente. O primeiro de muitos. —Para de falar, Sofia. Ela vai matar você. Ela ficava tão linda irritada, acho que vou comprar mais presentes pra ela.

-Ai, tudo bem...não consigo negar nada à você quando me olha desse jeito.— Ela se aproximou e sussurrou no meu ouvido.

—Você vai me dizer o porquê desses olhos? —Do que ela estava falando? Eu não estava sentindo nada demais. Mudei de assunto.

—Vá experimentar logo – disse rindo quando ela apertou minha bochecha. Ela saiu e eu cheguei perto de Karen que tinha me chamado.

—Ela se alimentou bem?

—Sim, Deuses, que neura com a alimentação dela. Quero saber da sua. Você está bem, não pense que eu não reparei a cor de seus olhos.—O que estava acontecendo com meus olhos?

—Eu disse, dei um jeito. Vou me trocar. –Disse colocando os óculos escuros. Eu corri para um dos banheiros e me olhei no espelho.

Meus olhos estavam com um tom de vermelho que eu não me lembrava de ter visto antes. Eu os fechei e respirei fundo, tentando arrumar meus pensamentos. Quando abri eles mais uma vez, eles mostravam um tom claro de verde. Respirei fundo e coloquei minha roupa de banho.

Quando saí encontrei Margot apoiada na parede ao lado da porta.

-Tudo bem?

-Claro, tudo bem, vamos voltar para a piscina?

—Vamos sim, sua sobrinha já estava reclamando que você não passa tempo com ela.

—Me desculpe Gogo, eu tive que cuidar de umas coisas.

Saímos e eu pulei na piscina, espirrando água em Karen que estava descansando na hidromassagem.

—Ah, Karen, não vai entrar aqui não?

—Deixo a piscina para as crianças, eu sou muito madura pra brincar de mergulho.

—Mas querida, madura não significa velha? —O marido de Karen entrou no deck sorrindo e foi beijar a bochecha da esposa.

—Querido, você não está ajudando.—Ela disse e nós rimos. Passamos a tarde na piscina aproveitando os vários drinks que Karen fazia Margot experimentar. Eu sabia que ela estava se divertindo mas não pude deixar de perceber o telefone dela que vibrava a todo momento. No final da tarde, Margot pediu para ir embora.

-Eu acho melhor nós irmos, eu já abusei da hospitalidade da sua sobrinha, e além do mais, meus pais bombardearam meu celular com mensagens e ligações.

-Tudo bem, amor. Acho que você não gostou da roupa né?

—Eu adorei, mas realmente, não precisava.

Eu estava na soleira da porta enquanto esperava Karen se despedir de Margot. Quando finalmente elas se deram tchau, eu levei as coisas até o carro. Quando estávamos no portão do condomínio ela suspirou e começou a falar.

—O que você vai fazer?

—Eu vou deixar você em casa, preciso resolver umas coisas. Tudo bem?

—Eu acho que sei o que você precisa resolver. Você sabe que pode me morder se quiser. Não tem problema.
Eu parei o carro, tirei meus óculos e a olhei por um momento.

—Eu nunca mais vou fazer aquilo com você, Okay? — Margot abaixou a cabeça e eu a levantei com a mão em seu queixo a obrigando a sustentar o meu olhar. —Eu só não quero que você passe por essa experiência de novo.

—Mas você gosta do meu sangue.

—Até demais, Gogo. Por isso que é perigoso. Da última vez eu quase matei você. Eu não me perdoaria nunca se isso acontecesse.

—Seus olhos... estão verdes mais uma vez. Eu gosto de você com eles. Porque estavam vermelhos antes?

—Não sei dizer, amor.

Eu segurei sua mão e a apertei devagar enquanto ligava o carro e saía correndo de lá. Fomos conversando durante um tempo e quando Margot viu sua casa ao longe, apertou minha mão.

—O que foi?

—Não quero entrar.

—O que acontece aí dentro que você nunca quer ir pra casa, Margot? Você pode me contar. Alguém te machuca?

—Não...Eu só não gosto mais de ficar longe de você. Bom, eu vou entrar.

—Ei, espera. —disse me aproximando e beijando o canto de seus lábios. Puxei o freio de mão e saí do carro, abrindo a porta do outro lado.

—O que você está fazendo?

—Acho que eu consigo aguentar uns minutos com seus pais. Vem cá. —A puxei de dentro carro e comecei a beijar seu pescoço. O cheiro do sangue dela era forte mas eu me segurava porque beijá-la era tão mais gostoso. Ela segurou meus cabelos e puxou meu rosto para me olhar.

—Eu posso entrar?—Pedi olhando pra ela como aquele gato do Shrek.

—Você não precisa pedir. Já foi convidada uma vez.

—Mas eu ainda tenho minha educação, senhorita.

—Não acho que você deveria, você precisa caçar. Eu estou bem. É melhor não.—Ela parecia querer me afastar dali o mais rápido possível. Tinha alguma coisa errada.

—Eu vou entrar 10 minutos. Vamos.

Margot entrou e depois de um tempo eu bati na porta, ela atendeu e chamou os pais dela. Seu pai, Erick, era um cara bem forte e tinha um topete em seu cabelo perfeitamente cortado, parecia uma versão mais real do general, porém, muito mais engraçada. Já Angelina, sua mãe era ruiva, tinha sardas que sua filha tinha herdado, parecia simpática. Sentamos enquanto eles me ofereceram um copo de suco.

—Então, Sofia, o que você faz pra viver? — Sr Jhonson perguntou enquanto terminava de mastigar um biscoito da mesa.

—Eu sou policial. —Me remexi na cadeira desconfortável. Eu não podia falar "Ola Sr Jhonson, eu sou uma Híbrida que trabalha para a polícia mas mata vários bandidos na rua e suga o sangue deles pra me alimentar."

—Mas você parece tão nova.—Eu só pareço, senhora.

—Eu entrei esse ano. —Não entrei não.

—Que ótimo, querida...A prova foi muito difícil? —Sra Jhonson perguntou sem se preocupar com a resposta.

—Mamãe, papai, eu estou namorando com a Sofia.

—Claro, claro, sem problemas. Assim fica bem mais fácil para nós a matarmos. —Sra Jhonson disse enquanto sorria feliz.

—HÃ?

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