Caio
O insistente som da campainha me fez levantar da cama, embora ficar na cama fosse tudo o que eu mais quisesse.
Desci as escadas e abri a porta, Cristina estava do outro lado visivelmente preocupada.
- Tá tudo bem?- Indaguei ainda tomado pelo sono.
- Me diz que a Regina está aqui.- Suplicou me deixando confuso e preocupado.
- Não, por que estaria?- Dei espaço e fiz sinal para que ela entrasse.- Ela não estava na sua casa?
- Deveria, mas eu fui no quarto dela hoje e ela não estava, tentei ligar pro telefone dela, mas ela não atende.
- Que horas são?- Indaguei.
- Não sei, onze horas talvez.
- Talvez ela só saiu pra caminhar.- Sugeri na intenção de acalma-la.
- Ela levou as coisas dela Caio, acho que ela foi embora.- Cristina se sentou no sofá e encarou o chão.- Encontrei um bilhete dela em cima da mesa, ela só escreveu que estava bem e que eu não precisava me preocupar.
- Certo,- Olhei no relógio, eram onze e cinquenta e três.- Vou me arrumar e depois tentamos falar com ela.- Falei mantendo a calma.
[...]
- O que aconteceu ontem?- Cris me encarava do bando de carona.
- Nós discutimos minutos depois de você ter saido. EU me irritei com o fato dela ter escondido a gravidez de mim. Acho que exagerei.- Falei me sentindo culpado.
- Todos exageramos.- Cris olhou pela janela para disfarçar sua preocupação, mas ela nunca foi boa em disfarçar o que sentia.- Eu não devia ter te contado, embora fosse o certo, você não devia ter discutido com ela, afinal ela está gravida.
- Acho que ela ia me contar, mas eu não a deixei falar. Foi minha calpa.
Tentamos ligar para o telefone dela, mas ela não atendia. Tentamos de todas as formas descobrir para onde ela iria, mas sem sucesso. Parecíamos agentes do FBI procurando algum tipo de terrorista ou algo parecido.
Depois de um dia de procura incessante, decidimos esperar e orar para que ela aparecesse, só esperava que ela estivesse bem.
UMA SEMANA
Se passou uma semana, e não tivemos notícias da Regina. Falei com alguns amigos meus da policia, eles disseram que não podiam fazer muita coisa, já que claramente ela tinha ido embora.
Toda a família da Regina ficou de mãos atadas, e a preocupação que eu sentia começava a entrar em conflito com a raiva. Como alguém poderia ser tão covarde e egoísta?
Você ligou para a Regina, deixe seu recado e eu retornarei assim que for possível- Foi o que eu ouvi pela milésima vez durante esse dia.
- Caio sei que só se passaram uma semana, mas precisamos cuidar da nossa vida.- Cris disse, a mesma estava sentada na minha frente em meu escritório.- Eu amo muito a minha irmã. Mas eu também amo o meu marido e meus filhos. Foi escolha dela ir embora, tudo o que temos a fazer é seguir com nossas vidas e esperar que ela dê alguma notícia.
Eu concordei em silencio, pensava em como poderia ser diferente. Poderia cuidar dela e do filho, ou filha, que ela estava esperando. só esperava que ela estivesse bem!
Um Mês
- Paul eu só queria que vocês a encontrasse, não é pra trazer ela a força. - Falei com meu amigo advogado.
- Caio sei que você está preocupado, afinal é da sua esposa e filho que estamos falando, mas não temos um ponto de partida, como poderíamos sequer começar?- Ele entrelaçou as mão em cima da minha mesa.- Tentamos todos os aeroportos, mas não obtivemos informações relevantes.- Ele parou de falar um pouco, como se precisasse de um tempo para recuperar o fôlego.- Caio, você tem uma vida aqui, com ou sem ela. Digo como um amigo. A muito tempo a sua vida está parada por causa dela, mas você precisa pensar um pouco em você.
- Você seguiria esse conselho se fosse a Katheryn?- Indaguei.
- Não sei!- Falou sincero.
Três Meses
-É isso mesmo que você quer Rosa?- Indaguei
- Senhor, eu amo trabalhar aqui, mas eu preciso de férias para cuidar da minha filha que está grávida.
Eu sorri compreensivo.
- Bom, creio que não vou poder encontrar uma pessoa tão excelente quanto você, mas vou ter que superar.- Encolhi os ombros.
- O senhor é um bom homem senhor Caio, não deixe que ninguém diga o contrário.- Ela me abraçou passando conforto.- Mas como meu ultimo serviço para o senhor, marquei uma reunião hoje as quatro com sua nova sócia.
- Minha nova sócia?- Indaguei claramente confuso.
- Julia Archibold, a nova acionista.- Continuei a encarando sem entender.- Por Deus! O senhor tem acompanhado os negócios da empresa?
- Talvez.- Falei me sentando em minha cadeira- Certo, quatro horas reunião com a senhorita Archibold, onde mesmo?- Rosa balançou a cabeça em negação, tal como a minha mãe fazia quando eu aprontava.
- O senhor vai fazer assim; encontra-a na lanchonete do Joseph, tomem um café e conversem sobre seus planos em relação a empresa. É difícil?
Eu ri e neguei.
- Obrigada Rosa, vou sentir sua falta.
- Eu sei que vai.- Falou e me abraçou.
CONTINUA

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O Despertar
SpiritualUm minuto pode mudar nossas vidas. Nos últimos minutos de um parto nasce o filho que uma mãe espera por nove meses mudando a vida da família lhe trazendo mais alegria. Um minuto perdido pode nos levar ao atraso para o aeroporto nos fazendo perder...