Duquesa de Islands

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Meath, Irlanda, novembro de 1847

Quando eu era criança costumava acreditar em contos de fadas. Eu gostava de imaginar que estava vivendo dentro de um filme da Disney onde a qualquer momento apareceria o meu príncipe encantado com o seu magnífico cavalo e me levaria embora para o seu castelo, transformando-me em uma princesa. Eu só não podia acreditar que tudo aconteceria de verdade. Embora não tenha sido como eu sempre idealizei, Connor apareceu com a sua moto a quem carinhosamente apelidei de monstro de ferro, e me levou embora do mundo que eu conhecia.

— Por gentileza senhora, — uma jovem pigarreou em minhas costas, interrompendo minhas divagações. — Senhor Fitzpatrick me enviou para lhe ajudar a vestir-se. — ela continuou falando, parecia não se importar que eu não tenha sequer me virado para olhá-la.

Connor tinha me dito assim que saímos do ofurô que uma serviçal iria ajudar-me com uma roupa apropriada. Eu já tinha visto em muitos filmes e muitos livros o estilo vitoriano predominou durante o período do reinado da rainha Vitória em meados do século XIX. Particularmente eu sempre achei espalhafatoso demais, todos aqueles tecidos de seda e veludo, aqueles chapeis estranhos e as calçolas, tudo muito exagerado realmente. Quando olhei para trás, em cima da cama, eu quis me chutar muito forte, ou talvez chutar a bunda dessa mulher.

Ela não é a mesma que nos recebeu assim que chegamos as terras dos Fitzpatrick. Ela é mais jovem e muito mais bonita. Tem provavelmente uns quinze anos e um belo rosto. Certamente Anne diria que ela poderia ser modelo se não fosse tão baixinha.

— Quantos anos você tem?

— Perdão senhora? — ela esta desconcertada que eu esteja falando com ela diretamente.

— Qual a sua idade?

— E-eu tenho quatorze anos, senhora. — abaixa sua cabeça mexendo em seus dedos da mão, posso vê-las tremendo.

— E você trabalha aqui desde que idade? — Converso, me aproximando da cama para analisar o vestido atentamente. Ele é esverdeado com pequenas flores brancas bordadas. Olhei para o espartilho ao lado e quis gemer, eu não colocaria aquilo nem se Connor me intimidasse com uma espada em minha garganta.

— Eu tinha nove anos quando minha mãe me trouxe para trabalhar na propriedade do meu senhor. — Ela ainda está parada em frente a porta. Me perguntei se ela estava tímida ou constrangida por me ver usando uma grande camisa de Connor. Ele tinha empurrado a tal coisa para mim assim que saiu do banheiro e me deu privacidade.

— Seu senhor? — Eu nunca entendi porque as pessoas desta época tratam os seus chefes dessa forma. É claro que Connor é o chefe de todos os empregados, mas vir a ser 'senhor' deles é um pouco demais para mim.

— É-é... sim, senhora. — ela está nervosa.

Virei-me para a jovem com o maior sorriso que consegui fazer, na tentativa desesperada de que ela deixasse toda essa cordialidade de lado. Além de irritar, estava me fazendo sentir realmente como uma senhora, os empregados na casa do meu avô não são tão cordiais quanto isso, e eu nunca me acostumei com a forma como eles me tratavam também.

— Corte essa, — balanço minha mão no ar. — Vamos apenas nos chamar pelos nomes. Como você se chama?

— Cortar?

Seguro a vontade de revirar os olhos.

— Sim, vamos deixar toda essa forma de tratamento de lado, meu nome é Sophie, e o seu?

A jovem franze sua testa, confusão estampada em seu rosto.

— Sophie? Perdoe-me senhora, mas não sabia que o vosso nome era Sophie. Sempre a chamamos de Emma. — Sinto meu estômago cair e bater no chão frio.

Laoch, Amor além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora