Salvação

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No capítulo anterior

"De repente, tudo fez sentido. A bruxa se vingou de todos. De Emma, de Connor por fazer absolutamente tudo para Emma, de Archie por ameaçá-la e Mary Ann foi de tabela."

Tudo fez sentido naquele momento e eu não fazia ideia do que a bruxa queria. Será que romper a maldição seria impedir a sua morte? Por que ela não me disse antes? Por que todo esse mistério?

Corra... — A voz sussurrou, os olhos de Connor se arregalaram e ele, em sua ingenuidade, correu para buscar auxílio atrás de sua grande espada, empurrando o meu corpo atrás do seu e de volta para cama, olhando para todos os lados do quarto com uma ânsia inflamada de angústia de encontrá-la.

— É a bruxa! — Ele disse, um misto de medo e raiva em sua voz. — Onde você está? Apareça sua velha maldita! — Aponta a espada em todas as direções, inflamado de íra. — Emma, fique atrás de mim, irei defendê-la!

— Não Connor! — Empurrei sua mão para longe, saltando da cama em busca das minhas roupas. Não tínhamos tempo a perder e precisávamos agir logo, não havia mais o que debater. — Ela não está aqui! Não podemos perder tempo, temos que achar Archie e temos que impedir que ele mate a bruxa!

Connor tem um olhar confuso me assistindo vestir a camisola e jogar a capa por cima dos ombros. Eu não parei para explicar-lhe mais do que isso, e ele não se moveu, ainda segurando a espada na altura do seu rosto.

— O quê? O que sabes que eu não tenho ideia?
— Apenas confie em mim. — Peço, jogando o seu kilt em sua direção. — Apenas temos que chegar a tempo e eu tenho a sensação de que você sabe em qual lugar encontrar a bruxa, e principalmente, você poderá ajudá-la!

Ele vestiu sua camisa branca primeiro, seus olhos o tempo todo em mim, estudando o meu rosto e todos os meus movimentos. Ele viu como eu estava aflita e notou que a angústia fazia parte das minhas emoções agora.

— Vamos então! — Ao amarrar o seu kilt com firmeza, empurrou sua espada em sua bainha, pegando em minha mão em seguida. Eu cruzei os meus dedos com os seus tentando de alguma forma lhe passar confiança, ele tinha que acreditar em mim, tinha que confiar em mim ou então tudo estaria perdido. Essa era a minha última chance de romper a maldição e salvar a todos nós.

Quando rompemos pela propriedade após montar em seu cavalo, Elzelg gritou seu nome ao longe, sendo ignorado. Connor apertou meus braços em torno da sua cintura e ordenou-me para que os mantivesse lá, ele não queria que eu tombasse do cavalo e que me machucasse, disse que a bruxa não valia a pena.

Mais rápido! — Desta vez, a voz soou pela floresta, ecoando em todos os cantos, alguns pássaros se assustaram batendo voos em retirada. Connor rosnou, ordenando ao cavalo que fosse mais veloz, acertando as rédeas no pobre animal.

— Vamos chegar à tempo, tenho certeza! — Não tenho ideia se ele estava dizendo para si mesmo ou para mim, na dúvida permaneci em silêncio tentando tranquilizar o meu espírito e acreditar que tudo daria certo.

Tem que dar. É a única forma de acabar com essa maldição e dar fim de uma vez por todas em Emma. Voltar ao meu corpo era crucial, fazer Emma pagar por todo mal que ela causou é o meu destino!

***

Os grandes pinheiros e estrada lamacenta nos deu as boas vindas quando, sem nenhuma cerimônia, Connor parou o seu cavalo. Por pouco não me desequilibrei e tive a sorte de apertar meus braços ao seu redor rapidamente. Ele prontamente desculpou-se, pulando do cavalo com maestria, jogou seu grande braço em torno do meu pequeno corpo, puxando-me para o chão.

— Me perdoe, coração. — Seu olhar era agitado e ao mesmo tempo me parecia que ele estava tentando me passar alguma calmaria. Adiante, entre as árvores secas e os grandes pinheiros, adornada por galhos e pequenas flores silvestres, tinha uma pequena e humilde choupana, um poço alguns metros à frente e ao lado um grande cavalo cinzento.

— Para trás, bruxa! — Ouvimos a voz alterada de um homem que eu reconheci imediatamente; Archie.

— Diabos... — Connor correu para dentro da casa, empurrando a porta pesada fora do seu caminho. Eu o segui, sentindo meus pés afundarem na lama e sujando todo o tecido da camisola. Ao entrar, um cheiro conhecido de ervas e flores me deu as boas vindas e no meio da choupana estava ela, a bruxa. Uma mulher incrivelmente bela. De nada se parecia com a mesma mulher que outrora se apresentou para mim. Sua face não é envelhecida e os seus cabelos não estão ressecados e sem vida, muito pelo contrário. Ela é uma bela mulher, e tem dois homens apontando espadas afiadas em sua direção.

— Diga logo, mulher maldita! — Archie gritou para ela, ameaçando avançar em sua direção. — O que fizestes a Mary Ann ou então arrancarei sua cabeça!

— Não! — Grito, correndo e os ultrapassando, colocando meu corpo como uma muralha contra os irmãos FitzPatrick. — Deixe ela em paz!

— Jovem e doce Sophie... — A sua voz saudosa me fez virar e encontrar os seus olhos azuis turquesa. Ela tem um pequeno sorriso em seu rosto.

— O que foi que ela disse? — A voz de Connor me trouxe de volta para ele, que tem os seus olhos encrespados e sua espada agora está baixa. — Do que ela te chamou? — Questiona agora para mim.

— Sophie... — A bruxa respondeu por mim. — A última alma de Emma McDonald.
Archie e Connor se entreolharam, balançando suas cabeças como se fosse absurdo demais. Era absurdo demais.

Os olhos assustados de Archie me disseram que tudo não passava de uma grande loucura, de certa forma eu concordava com ele, era uma grande loucura. Eu ter voltado para o passado depois de Emma ter roubado o meu corpo com a missão de salvar os inocentes que ela causou a morte, me deu a certeza de que a única inocente que eu deveria salvar era a bruxa. Toda a maldição foi rogada por ela, eu só existo por causa dessa maldição.

— O que diabos essa mulher está dizendo? — Archie riu, desacreditado. — Veja Connor, ela está tentando nos enlouquecer! Está é Emma, a grande megera Emma McDonald!

— Não fale assim dela, Archie! — Connor gritou com o irmão. Seus olhos alternando entre fúria e curiosidade. — Explique bruxa, o que você quis dizer com alma de Emma? Ela não está morta, ou está?

— Emma causou uma grande tormenta, por causa dela muitas vidas inocentes foram tiradas, por causa dela todos vocês foram amaldiçoados a perambular pela eternidade sem um real propósito, por causa dela, você — Olhou para Connor. — Você foi amaldiçoado a nunca conseguir o seu verdadeiro amor. E você o mesmo, já que por causa dela Mary Ann dará à luz e morrerá!

Archie balançou sua cabeça de um lado para o outro, sua espada tão baixa quanto a de Connor agora.

Laoch, Amor além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora