Laoch, Amor além do tempo

Quem é você?

No capítulo anterior...

"Dirigi meu olhar para Connor, cujo rosto sereno era iluminado pela fraca luz da lua que entrava pela janela. Seus traços suaves e reconfortantes me trouxeram uma sensação de segurança tão necessária naquele momento de incerteza.

Com um suspiro, recoloquei as cobertas sobre mim, buscando o calor reconfortante de seus braços ao meu redor. Sua presença era como um escudo contra o desconhecido, uma âncora que me mantinha firme diante das tempestades da vida.

Aconcheguei-me mais perto dele, sentindo seu calor se misturar com o meu, e fechei os olhos, entregando-me à calmaria da noite. Afinal, enquanto estivesse nos braços de Connor, eu sabia que nada poderia me ferir. E com essa certeza reconfortante, mergulhei de volta nos braços do sono, deixando para trás os pesadelos e abraçando os sonhos de um futuro cheio de esperança e amor."

Os dias que se seguiriam após toda a revelação foram cansativos e sufocantes.

O vento frio varria as colinas da Irlanda antiga enquanto nos aproximávamos do castelo dos Fitzpatrick. As torres de pedra se erguiam imponentes contra o céu cinzento, e a sensação de que algo sombrio nos aguardava dentro daquelas muralhas me arrepiava até os ossos. Connor estava ao meu lado na carruagem, mas mal trocávamos palavras. Desde que eu lhe contara sobre Emma e as almas partidas, ele parecia ainda mais distante, como se estivesse lutando contra seus próprios demônios internos.

Meus olhos se voltaram para ele por um breve momento, na tentativa de encontrar algum resquício do homem que eu havia aprendido a amar, mas tudo o que vi foi um semblante fechado, perdido em pensamentos. A tensão em seus ombros era palpável, e o silêncio entre nós, cada vez mais sufocante.

Quando chegamos à entrada do castelo, as portas se abriram com um ranger pesado. O conde e a condessa Fitzpatrick nos esperavam, de pé na soleira, como se estivessem presos em algum quadro antigo, distantes e severos. A condessa nos recebeu com um sorriso tenso.

— Finalmente — ela disse, sua voz soando como uma ordem disfarçada de boas-vindas. — Começamos a nos preocupar.

Connor apenas assentiu, sem dar maiores explicações. Havia uma distância crescente entre nós, como se o que havíamos compartilhado estivesse sendo apagado pouco a pouco, sufocado pelo peso das revelações.

Ao entrarmos no grande salão, um dos empregados de Connor nos abordou, parecendo nervoso. Ele evitou meu olhar, focando-se apenas em Connor.

— Milorde... — começou ele, a voz hesitante. — Temos notícias de seu irmão, Archie. Ele ainda não retornou, e um cocheiro disse tê-lo visto... com Mary Ann.

Meu coração quase parou ao ouvir o nome dela. Mary Ann. Desde o ocorrido, Archie e Mary Ann sumiram em um cavalo e não sabíamos o seu paradeiro. Até agora.

Connor se enrijeceu ao meu lado, mas permaneceu em silêncio por alguns segundos. Pude ver a mandíbula tensa, os punhos cerrados.

— Onde eles foram? — ele finalmente perguntou, a voz baixa e perigosa.

— Para o oeste, milorde. Estavam a cavalo, segundo o cocheiro.

Connor respirou fundo, lutando para manter o controle.

— Reúna os homens e vá atrás deles — ordenou ele, sem sequer me olhar.

O empregado fez uma reverência rápida e saiu. Aquele silêncio desconfortável voltou, e o peso do que eu havia contado a Connor parecia estar nos separando mais a cada segundo. Eu queria dizer algo, quebrar aquela barreira, mas sabia que não seria fácil.

A condessa sugeriu que fôssemos jantar, e todos seguimos para o grande salão de refeições. O calor da lareira tentava aliviar a frieza que dominava o ambiente, mas eu mal conseguia prestar atenção à comida que nos serviam. Minha mente girava em torno de Archie, Mary Ann e do futuro incerto que nos esperava. Connor estava ali, ao meu lado, mas a distância emocional entre nós parecia intransponível.