A janela do caos

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Irlanda, Novembro de 2016

O outono é a minha época do ano favorita. O clima da Irlanda é influenciado em sua grande maioria pelo Oceano Atlântico. Desta maneira, não se registram temperaturas extremas que outros países com uma latitude semelhante têm. A temperatura média é cerca de 10º C. No outono as temperaturas mais altas atingem entre 18º C e 14º C. Setembro é considerado um mês ameno e temperado. No inverno os meses mais frios são janeiro e fevereiro. A temperatura atinge valores negativos de forma intermitente e, com exceções de algumas nevascas, a neve é rara.

Meu avô costumava dizer que eu sou filha do outono uma vez que carrego comigo uma marca de nascença em formato de uma folha seca em meu pescoço do lado direito. Desta forma, sempre fui apaixonada pelo clima gélido.

— Sophie? — pulo assustada com a voz doce que sussurra ao pé do meu ouvido. — Em que planeta você estava, mulher? — revirando os olhos, empurro o livro de romance que um dia foi da minha avó dentro da pequena bolsa que carregava.

— Anne — chamo a garota, virando no banco para olhá-la. — O que diabos você está fazendo fora da aula? — indago arrumando todos os meus livros dentro da minha mochila.

— Digamos que estou cansada de todos aqueles números. — deu de ombros jogando o seu corpo sobre o banco ao meu lado.

O refeitório da UCD estava cheio. O horário de almoço e intervalo entre as aulas que dividem o dia já tinha acabado e a maior parte dos alunos estavam se esquentando no refeitório com canecas de chocolate quente e chás.

— Você foi a única a escolher matemática, sua grandessíssima idiota.

Oh. Meu. Deus! — ouço Anne sussurrar minutos mais tarde quando ela deixa sua mão cair em meu ombro. — Quem é aquele cara?

Eu reviro os olhos com a noção de que ela está falando sobre um homem. Definitivamente todos os paus estavam fora de questão por tempo indeterminado. Não que eu não me sentisse mais atraída por eles, claro que não, mas desde que tive o meu coração destroçado por um grande imbecil, decidi que o melhor a fazer seria deixar a luxuria de lado e me concentrar em terminar minha graduação. Com o estudo da geologia e prestes a terminar o meu curso a minha única meta era viajar pelo mundo estudando a estrutura da terra e os aspectos práticos dela.

— Você certamente sempre pode ir lá e ficar com ele. — resmungo me colocando de pé. — Eu tenho que ir para cara. — assumo. — Hoje é o baile que avô irá dar para o governador.

— Você não está nem um pouco interessada em saber quem é aquele Deus Crossfit?

— Definitivamente não. — informo.

— Diabos Sophie, — resmunga. — Olhe pelo menos para ele. — pede. — Esse homem é como um super herói ou qualquer coisa como isso.

Anne é como um urubu pronto para saciar sua fome na carne fresca. Ela sempre, em qualquer ocasião, encontra um motivo para estar no pé de algum cara. Se ele é grande, bonito, olhos azuis e todo esse conjunto, ela está pronta para se jogar aos pés dele. Eu e Anne não estávamos na mesma página.

A sua situação era totalmente diferente da minha; enquanto Anne tem como objetivo acumular milhões de encontros e garotos em sua lista, eu apenas quero esquecer que um dia tive qualquer relacionamento amoroso com alguém, tocar a minha vida adiante, conseguir concretizar os meus projetos pessoais, são as únicas coisas que me interessam.

— Você pode ser a sua Mary Jane.

Argh! — ela faz careta. — Eu não gosto do homem aranha, prefiro o Thor.

Laoch, Amor além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora