Sinto um gosto metálico na minha língua, gosto de sangue e ferrugem. Ao abrir os olhos, me deparo com a escuridão ao redor e uma fraca luz amarelada de uma lâmpada nas proximidades da porta de entrada. Minhas pálpebras tremeram e o gosto se intensificou quando engulo a saliva.
O rosto de Anne apareceu acima da minha cabeça e um sorriso fraco estava estampado em seu rosto.
— Anne? — Ela tem um sorriso mais aberto desta vez.
— É bom vê-la novamente, Soph. — Sua mão macia meche nos fios desgrenhados do meu cabelo. — Fiquei com tanto medo de não te ver nunca mais. — Confessa, chorosa.
— O que aconteceu? Onde estou? — Olho ao redor tentando me acostumar com a escuridão e conseguir enxergar algo. Anne balança a cabeça negativamente, antes de se levantar e acender a luz do lugar. Quando me dei conta, descubro que estou em um quarto bem decorado com paredes de tonalidade vermelho sangue teto bem iluminado com um lustre gigantesco.
Quarto de Anne?
— Eu pedi para que Archie trouxesse você para a minha casa. Os meus pais não estão por aqui e ninguém viu você chegando carregada por ele. — Ela senta-se ao meu lado novamente, tomando a minha mão na sua. — Eu sinto muito por tudo. — Começa.
Com a certeza de que eu estou em seu quarto, vem a compreensão de que não estou mais em 1847. O desespero bate com força ao lembrar-me que não estou mais perto de Connor.
— Onde está Connor? — Me levanto abruptamente, empurrando Anne para que fosse possível levantar da cama. Minhas pernas estavam fracas, mas fui capaz de sustentar o meu corpo de pé. Anne olhou em meu rosto por alguns segundos antes de respirar fundo e também levantar.
— Connor está bem, ele ficou no clube para resolver alguns assuntos do mesmo e disse que viria ver você esta noite. — Um alivio me toma instantaneamente.
— O que aconteceu? Por que estamos aqui? — Questiono, procurando com os olhos pelo celular. — Não ficamos dois dias inteiros em Pearl. Pensei que voltaria apenas na lua azul. O que está acontecendo?
— Tente ficar calma, Soph. — Anne segura em meus ombros, tentando me passar tranqüilidade. — Connor não me explicou direito, mas parece que ele resolveu trazê-la de volta antes do tempo. Não faço ideia de como isso funciona, mas parece que ele tem o poder de viajar pelo tempo, ou pelas suas vidas passadas. — Deduz. — O que é Pearl?
— É o nome da propriedade deles. — Explico, sentando na cama novamente.
— E o que é Lua azul? — Questiona.
— Não faço ideia, mas deduzo que seja o período quando as nossas almas podem viajar no tempo. Tudo aconteceu tão rapidamente, não posso acreditar que estou de volta. — Anne riu, achando graça da minha histeria silenciosa.
— Parece que foi há anos que você bateu o pé dizendo que nada disso era possível. — Comenta.
Olho para ela por um minuto e foi o bastante para me lembrar de questões importantes.
— Como você descobriu tudo isso? — Anne respira fundo, tirando a sua jaqueta jeans.
— No dia que você esbarrou com Connor no corredor, eu senti uma estranha ligação com ele. Não foi nada sexual, foi mais como se nos conhecêssemos há muito tempo e isso me instigou a ir atrás dele e descobrir o porque dele ter chamado você de "esposa". Logo que deixei em casa, voltei até a faculdade e o encontrei sentado em sua moto em frente ao estacionamento, ele me disse que estava esperando o próximo dia para encontrar você. Como ele não sabia onde você morava, ficou aguardando você. Eu me aproximei, indaguei, e Connor me contou tudo o que eu precisava saber. — Conta, em uma só respiração.
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Laoch, Amor além do tempo
RomanceTransportada para uma época em que mulheres são submissas aos homens e guerras iminentes ameaçam a paz, Sophie se encontra em um mundo estranho, casada com um homem enigmático que acredita que ela é a reencarnação de sua amante perdida. Segundo Conn...