Laoch, Amor além do tempo

União forçada

No capítulo anterior

"De repente, sem notar, o colar tremeu e brilhou em minha mão, eu sinto a prata se transformar do gelado ao quente de forma gradativa, uma luz brilhante me chamou atenção para tudo a minha volta, agora, como se antes não estivesse uma penumbra macabra, uma luz iridescente brilha em torno e uma fumaça densa azul bebê me fez questionar o que diabos estava acontecendo. O colar queimou a palma da minha mão e ao puxá-lo as pressas, foi como se tivesse aberto uma espécie de portal, e a dor foi impossível de resistir. As luzes se foram e a fumaça também, a penumbra retornou, mas agora eu não faço ideia do que esteja acontecendo."

Melth, Irlanda, Outubro de 1846

Emma tinha muitos vestidos bonitos, tão bonitos quanto caros se for levar em conta o peso do ouro nesta época E ela tinha uma coleção inigualável de cores e tamanhos de laços de seda, e muitos broches e colares com pedras preciosas. As suas criadas, duas ao total, não são mais velhas do que ela, mais novas, talvez, e as duas pareciam odiá-la mais do que qualquer outra coisa que elas pudessem odiar no mundo.

— Senhora? — Uma das criadas me chamou, levantando um pano xadrez semelhante a uma manta verde e azul na altura dos seus olhos, ela não me olhou e suponho que Emma tenha forçado-as a seguirem suas ordens mais ridículas. — Vossa mãe nos ordenou que a arruma-se com o manto da família. — A mãe de Emma... Este pensamento me fez arrepiar todo o meu corpo e me tornou alto consciente de que a mulher que gerou o ser mais desprezível que já tive o desprazer de conhecer, e, consequentemente, a mãe de Emma também era a minha "mãe", uma vez que a minha alma, na verdade, é a alma de Emma. Uma parte boa que Emma ignorou e que ignora.

— Obrigada... — Não percebo que estava sendo nada mais do que amável e grata a elas até que a jovem mais robusta levantou os seus olhos me questionando e provavelmente se perguntando o que diabos aconteceu com a sua senhora. Me lembrei de que não estava ali para ser uma tirana como Emma, afinal, se as palavras da bruxa estavam realmente corretas, eu estava ali para buscar respostas para todas as minhas questões. Para então, finalmente, arrancar Emma de dentro do meu corpo.

— A senhora está nos agradecendo? — Uma delas me questiona, olhando diretamente para o chão.

— Sim, — Sorrio, empurrando os fios encaracolados do "meu" cabelo para fora do meu rosto, alisando em seguida a barra do vestido verde esmeralda. — Não posso estar contente hoje? — Elas se entreolharam, provavelmente questionando uma a outra sobre o que diabos tinha acontecido com Emma.

— Sim... — A mais baixinha sorriu de volta de maneira tímida. — Hoje é o seu casamento, todas as jovens também estariam da mesma forma. — A outra soltou um breve ruído, se divertindo.

Eu sorri para elas, na tentativa de fazê-las se abrir comigo e descobrir mais sobre esse fático dia. Talvez, descobrir mais sobre Emma e mais sobre tudo o que aconteceu até aquele momento. De alguma forma, a bruxa me jogou no momento do casamento de Emma e Connor, diferente dele que, de alguma forma, nos levou até a data onde já eramos casados e aparentemente a mulher que tinha o rosto da minha mãe tentou me matar. A minha única questão é saber por que diabos a bruxa me jogou aqui, neste exato momento.

— Com sua permissão, senhorita Emma, mas, posso levantar uma pergunta? — A mais robusta perguntou, se aproximando de mim com o pano de lã xadrez.

— Basta apenas me dizer os seus nomes. — Elas se entreolharam novamente, e eu quis me chutar com o medo de Emma já saber os seus nomes.

— A senhora quer saber os nossos nomes? — Uma perguntou, olhando para a outra como se eu tivesse duas cabeças no lugar de uma. — Nunca antes sequer nos dirigiu qualquer palavra... amigável. — A outra olhou para mim, concordando com a sua colega de trabalho.