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"No momento em que eu te vi eu me apaixonei e você sorriu porque você soube." - William Shakespeare

- E aí, você vai beber ou não? - perguntou Mike apontando para o barril de cerveja.

- Não sei, não estou me sentindo muito bem. - respondo colocando as mãos na barriga.

E de fato não estava bem, depois de beber dois copos de vodka já estava no meu limite - não sou acostumado a beber e por isso uma simples garrafa de cerveja é capaz de me deixar tonto e com dor de cabeça.

- Acho que vou embora. - falo olhando para os rapazes.

- Mas já? - pergunta um deles que não me lembrava o nome muito bem. - Agora  que a festa começou. - sorri malévolo como se o que ele acabasse de ter dito fosse hilário.

- Bebe só esse barril, é ganhará cinquentinha. - Mike tira uma nota do bolso e me mostra.

Penso por um tempo, estavámos organizados em uma festa de fraternindade da faculdade, não sou muito acostumado com festas, mas Mike insistira e fui praticamente obrigado a vir - mas já estou arrependido, poderia ter inventado qualquer desculpa boba e ter ficado em casa.

- Cara? - Mike pergunta. - Vai beber ou não?

Todos eles me olham com expectativa, dou de ombros e num passe de mágica afirmo com a cabeça.

- É disso que estou falando. - comemoram.

Um barril de cerveja agora me encarava com destreza que me dava a impressão que se eu olhasse demais, certamente desistiria. Ignorando meus pensamentos variados dizendo que isso não era sério vou até o barril e o pego em minhas mãos - sem mais delongas viro tudo de uma vez e começo a beber todo o liquído que tem um gosto nada bom.

Eles gritam cada vez mais como se aquilo fosse o máximo, mas tudo o que eu sentia era uma terrível dor de barriga. Sem aguentar beber mais uma gota sequer paro e coloco o barril pela metade no chão.

- Não consigo. - limpo minha boca com a mão.

Eles me olham boquiabertos - aquilo era inaceitável nas festas que faziam. É, bom, acho que acabei de fazer o que eles abominam. Neste momento queria que Mikael - meu melhor amigo estivesse comigo. Ou até Lissa, minha outra amiga, para me dizer o quanto sou fracassado. Onde estava com a cabeça quando fui aceitar o convite de Mike? O valentão da faculdade.

- Você acaba de fazer uma coisa muito errada. - ameaça Mike e os garotos ao seu redor começam a levantar-se.

Não sei quantos haviam, mas passava dos vinte, eles levantam da escada e de todos os lados em que me olhavam sem piscar os olhos. Dei um passo para trás atravessando a cozinha americana de Mike e barrando em seu sofá.

- Está com medo mocinha? - pergunta o que eu costumo chamar de valentão.

- Eu vou embora! - grito para que todos escutem.

- Vejam só, o filhinho da mamãe vai embora. - fixa seus olhos em mim. - Só vai depois que tomar aquela merda!

Nego com a cabeça.

- Então terá que levar alguns tapinhas para aprender a lição. - fala por fim e meu coração começa a bater descompassado.

Mike se aproxima e me pega pelo colarinho, meus pés se levantam um pouco mas estou fraco demais para fazer qualquer coisa. É o fim, nunca pensei que seria assim, depois de apanhar de todos esses valentões, com certeza no dia seguinte estarei só os cacos.

Mike levanta a mão em punho pronto para acertar meu rosto, fecho meus olhos pronto para sentir o impacto, mas nada acontece, Mike não o fez como iria. Olho para ele e seus olhos olham aterrorizados e um pouco surpreso para o que tem atrás de mim.

- Se tocar um dedo nele. - uma voz feminina fala. - Vou me certificar de que não os tenha mais.

Mike me solta todo atrapalhado e recua, vejo que os valentões também recuaram e alguns até saíram correndo. Como eu digo; valentões são uns covardes.

- Queros todos fora daqui. - anuncia. - Agora.

É todos começam a correr como criancinhas medrosas, até Mike correu sem olhar para trás, eu também deveria? Por que se for o caso já estou começando a estranhar.

- Você! - como só tem eu aqui presumo que seja para mim.

Me viro e atrás de mim está a garota mais bonita que eu já vi. Seus cabelos são negros até a altura de sua cintura e sua pele é tão branca quanto porcelana, ela usa uma roupa toda preta com botas da mesma cor, em seus braços estão algumas pulseiras pretas e ela me olha com uma expressão indecifrável.

- Obrigado. - digo e ela dá de ombros.

- Não deveria estar aqui. - me perco em suas órbitas sem vida e negras. - Está tarde.

- Eu sei. - me apresso em dizer. - Já estava indo mesmo.

Ela se aproxima e de mim e acende um cigarro, em alguns minutos despeja toda a fumaça no meu rosto. Me engasgo e ela se afasta até a porta.

- Boa noite, nerd.

E antes que eu possa responder qualquer coisa ela desaparece deixando apenas seu cheiro de cigarro e uma mente curiosa.

Juro (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora