Juro (CONCLUÍDO)

t r i n t a e o i t o

Eu ouço os segredos que você esconde
Quando você está falando em seu sono
Eu ouço os segredos que você esconde

The Weeknd - secrets

Fiquei feliz com a notícia de ter um filho com Jade, mas ela não disse uma palavra sequer desde que descobriu a gravidez.

- Amor. – chamo e ela olha de um jeito diferente. – Está tudo bem?

Jade sai de meus braços e senta em sua cama olhando para o chão, sento-me ao seu lado e passo meu braço ao redor de seu pescoço.

- Não sei, só acho estranho a ideia de ser mãe, e logo eu, que não sei nem fazer comida. – ri de suas próprias palavras.

Pego em suas mãos e faço com que ela me olhe.

- Calma. – aperto sua mão. – Nós vamos conseguir, e sabe por quê? – ela nega com a cabeça. – Porque juntos conseguimos tudo.

Jade sorri e se joga em cima de mim distribuindo beijos por todo meu rosto. Abraço-a e sou inundado novamente por uma felicidade que parece nunca ter fim.

- Pathiel. – me chama e olho para ela que está em cima de mim. – Ainda bem que você está aqui.

Ela fala e sorrio para ela, Jade me disse isso diversas vezes que isso me deu uma certa nostalgia.

- Se meus olhos pudessem falar nesse momento eles estaria dizendo que eu também estou muito feliz que você esteja aqui. – respondo e ela cobre sua boca que está rindo.

(...)

Ligo para Lissa e quando ela atende falo o mais rápido possível:

- Jade e eu estamos grávidos!

Escuto a respiração de Lissa do outro lado e depois alguns barulhos que mais parecem pulinhos excitados.

- Ah Path, eu vou ser TIA! – ela grita em meu ouvido. – Não sei nem como te agradecer, eu sou filha única e sempre sonhei em ser tia, ah, eu estou tão feliz. Já sabe qual vai ser o nome? – pergunta entusiasmada.

Lissa fala tudo de uma vez e demoro algum tempo para processar.

- E... ainda não sabemos, a gente descobriu esses dias. – respondo.

- Descobriu esses dias e ainda não sabe o nome?!

Pelo visto não e só eu e Jade que seremos pais por aqui.

- Path! – Lissa grita em meu ouvido e afasto um pouco o celular.

- Calma, quando chegar o tempo, "nós" decidimos o nome.

Lissa fala mais algumas coisas ilegíveis – que presumi ser algum tipo de comemoração e desliga sem se despedir de mim.   

Jade ainda dorme ao meu lado, e depois que descobrimos a gravidez ela dorme mais ainda, o que me assustou um pouco, tipo, ela já gostava de dormir e tudo, mas agora ela dorme sem parar durante o dia e quando chega a noite dorme como se tivesse passado o dia todo trabalhando.

Saio do lado de Jade e entro em uma porta que eu presumi ser o seu antigo escritório, o mesmo onde eu li seu diário. O diário de Jade, quando me lembro o que li no dia em que invadi sua casa todas as minhas perguntas voltam à tona e a vontade de saber mais sobre ela aumenta.

Eu vou ter um filho com ela e não sei de praticamente NADA sobre sua vida.

Ignoro esses pensamentos e começo a abrir as gavetas em busca do mesmo diário que li há algum tempo atrás, mas depois de abrir todas não encontro nada – encontro algo interessante.

Um álbum de fotos onde Jade está sorrindo em todas as fotos com um homem de cabelos escuros e os olhos negros como os de Jade.

Mas o que me chama a atenção é que os fios de cabelos dela estão loiros – e suas roupas não são pretas.

As roupas de Jade são coloridas.

Lembro-me do dia em que ela me disse que usa roupas escuras par mostrar quem ela realmente é, mas nessas fotos que ela não usa preto, seu sorriso está tão feliz que chega a me tocar.

Me comovo mais quando encontro outra foto em que Jade (ela parece ter mais ou menos dez anos nessa fotografia) está sentada em uma Harley e ao lado dela o mesmo homem com os olhos iguais aos dela está segurando-a e sorrindo para foto. Jade sorri e percebo que atrás tem várias outras motos, como se eles estivessem em um encontro de motoqueiros.

Agora sei de onde veio o seu gosto por motos e botas – na foto Jade usa uma bota preta até seus joelhos e uma blusa do Nirvana.

- Ele era bom quando não bebia. – diz Jade atrás de mim.

Me espanto e me seguro para não cair para trás, Jade me viu, ela viu que eu estava espionando sobre sua vida, mas pelo visto ela não está irritada nem nada. Agradeço internamente por isso e pergunto:

- Quem?

- Meu pai, ele era o melhor, quando estava sóbrio. – responde e senta ao meu lado.

- Quer falar sobre isso?

Ela assente com a cabeça.

Dou um sorriso discreto para ela e pego em sua mão, mas ela tira a mão da minha e me olha séria.

- Antes quero te dizer algo. – começa e espero ela prosseguir. – Quero que saiba que não sou mais aquela menina ruim que fez algo pior ainda, eu te amo mais que a mim mesma e nunca te machucaria.

Balanço a cabeça sem entender onde ela quer chegar com isso e fico encarando-a.

- Não fuja de mim, Pathiel. – sussurra e desvia os olhos.

- Não vou fugir. – respondo. – Vocês são a minha vida, como poderia fugir de vocês?

Ela ri fraco e olha para o lado, também percebi que ao invés de dizer você eu disse vocês, o que é verdade por outro lado.

- Tudo começou quando ele chegou em casa...