d o i s

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Eu não estou aqui para a sua diversão

Você realmente não quer se meter comigo esta noite

Apenas pare e leve um segundo

Eu estava bem antes de você entrar na minha vida

Porque você sabe que já acabou

Antes de começar.

Pink - U + Ur Hand.

Termino meu desenho e bebo um gole da minha água, curso Arquitetura em Atlanta junto com meu melhor amigo Mikael e minha outra amiga Lissa.

Sempre gostei de desenhar o que minha mente maluca criava, o curso ideal para mim - pelo menos até todos me zuarem, dizendo que homem que é homem faz engenharia, esses tipos de coisas, mas depois de um tempo foi ficando insurportável. Tipo, o que que tem se eu faço o que gosto? Isso não é da conta de ninguém.

- Você quer que eu acredite nessa história barata? - pergunta Mikael.

Olho para ele sem responder nada e bebo mais água, não gosto de explicar as coisas para Mikael porque ele faz um escândalo e ainda duvida de mim. Lissa se aproxima e se senta ao meu lado com um sanduíche nas mãos.

- Que história?

Mikael conta a ela tudo que aconteceu ontem e sobre a garota que me ajudou, Lissa para de comer e me olha com os olhos esbugalhados.

- O que foi?

- Essa menina era tipo, alta, e que usa só calças escuras junto com jaqueta preta e botas? - Lissa pergunta falando tudo de uma vez.

- Sim, por quê?

- Então ela é Jade Emerson. - não me lembro de ter ouvido esse nome em lugar algum. - Cara, tu é um sortudo, daria qualquer coisa para chegar perto dela e...

- Nos poupe dos detalhes Lissa. - Mikael interrompe os pensamentos lésbicos de nossa amiga.

- Dizem que ela é pertubada. - continua Lissa ignorando Mikael. - Ninguém se atreve a chegar perto dela, ela é muito louca, daquelas que mata por prazer.

- Com certeza dever haver um motivo. - dou de ombros. - Não que eu me importe.

Mas eu me importo, por que alguém mataria por prazer?

- Pathiel? - Lissa me chama com o olhar de quem vai pedir algo. - Então, hoje vai ter uma festa, não muito longe, na minha casa mesmo, eu gostaria que...

- Não. - interrompo. - Estou fora de festas.

Depois da última noite nunca mais vou querer ir a festa alguma.

- É não adianta fazer essa cara. - acrescento.

- Acho que uma festa para você pode ser bom, para espairecer a cabeça. - completa Mikael.

- Até você? Pensei que estivesse do meu lado. - me faço de vítima.

- Dessa vez tenho que concordar com ela. - apazigua.

- Está vendo? Eu sempre estou certa. - Lissa se gaba. - É além dos mais, Mike não vai estar lá.

Penso um pouco e ambos parecem me olhar com ansiedade, por fim cedo antes que eu tenha que ouvir reclamações por todo o final de semana.

- Tá bom eu aceito. - falo e eles comemoram. - Mas nada de bebidas.

(...)

Entro pela da casa de Lissa e já sinto as paredes tremerem por causa do som alto, há vários alunos da faculdade fazendo-não-sei-o-que na casa de Lissa, ignoro eles e vou de encontro a minha amiga.

- Oi Path. - Lissa me abraça. - Você veio.

- É, eu vim. - infelizmente, podia muito bem estar em casa jogando Xbox ou desenhando.

- Já vou! - ela grita para alguém e se afasta de mim.

- Lissa. - chamo. - Onde está Mikael?

- Não sei, deve estar com alguma garota, eu vi ele com uma. - e quando ela esta pretes a subir as escadas me olha. - Mas não é sua garota.

- Engraçada.

Eu vim, mas não tem nada para fazer aqui, eu não bebo, então isso aqui não tem graça para mim. Passo pela névoa de álcool dos alunos e me sento do lado de fora. Sinto um familiar cheiro de cigarro e a vejo lá, sentada sobre uma Harley Davidson fumando um cigarro. Sua moto está um pouco afastada das pessoas e ela parece tranquila... até ver que estou me aproximando.

- Oi. - falo mas ela apenas solta fumaça no meu rosto.

Fico ali de frente a ela e percebo que no espaço descoberto de seu braço há cicatrizes como se fossem cortes.

- Eu queria te agradecer por ter me ajudado ontem, sabe...

- Você já agradeceu. - interrompe.

- Ah, foi mesmo, esqueci.

Mas eu não esqueci, ela é tão difícil de ler, queria saber o que ela pensa quando traga seu cigarro e olha para o nada - queria me aproximar dela e conhecê-la.

- No que está pensando? - pergunto e me arrependo no mesmo instante.

- Não sou muito de dar conselhos, mas se serve, fique longe de mim. - ela joga o cigarro recém-apagado no chão. - Digamos que não é muito seguro para você, nerd.

Fico irritadiço com o apelido e cruzo meus braços, por que ela tem de ser tão irritante?

- Vou ficar exatamente onde estou. - cruzo os braços com determinação.

- Você é uma figura. - comenta rindo fraco.

Fico olhando para ela que liga a moto e me olha séria.

- Vá para casa. - faz uma pausa para colocar o capacete. - Não quero vir salvar a donzela em apuros.

Antes que eu possa responder qualquer coisa sobre donzelas em apuros, sua moto liga fazendo um barulho estrondoso e dá partida.

- Não quero vir salvar a donzela em apuros. - faço uma voz fina e espero que ninguém tenha ouvido.

Juro (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora