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"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."

Trecho do livro 'Romeu e Julieta' de William Shakespeare

      
Visto minhas roupas de corrida e saio, está um ótimo dia para fazer exercícios - o sol está agradável o clima está bom e tudo indica que será um belo dia. Até que eu a avisto do outro lado da rua consertando um carro. Jade está usando apenas uma faixa para cobrir seus seios e um short taquitel, ambos de cores pretas.

Seu cabelo está preso em um coque e ela está completamente linda daquele jeito. Paro e fico olhando para ela, vendo ela assim até parece meio jovial, meio normal. Ela arruma o carro com destreza e não nota minha presença quando me aproximo.

- Jade. - chamo e ela se atrapalha com as peças.

Ela para o que estava fazendo e me olha surpresa, certamente ela não esperava que algum estranho invadisse sua privacidade.

- Pode continuar o que estava fazendo. - apaziguo. - Não queria atrapalhar.

Jade continua me olhando sem falar nada, ela pega as peças de volta e volta a trabalhar como se eu não estivesse ali.

- Dá para você dizer alguma coisa? - pergunto.

- O que quer que eu diga? - frisa. - Porque você está na minha propriedade é está me atrapalhando.

- O que está fazendo? - ignoro sua ignorância.

Ela parece me avaliar e depois responde:

- Tentando tirar nerds curiosos do meu quintal.

- Não sabia que era possível! - faço uma pausa. - Mas, boa sorte.

- Dá para você calar a boca por um instante? - ela solta as peças no chão.

- Sim, claro, não que eu queira te atrapalhar, mas sim, eu calo por um instante.

Quanto estresse.

Ela pega as peças e volta sua atenção para o carro. Fico olhando para ela e suas cicatrizes nos braços são mais perceptíveis, elas são como cortes profundos e ficam sobre seu pulso.

Engulo em seco como se isso fosse diminuir minha agonia ao ver tais cicatrizes mas fracasso com sucesso.

- Qual é dessas cicatrizes? - pergunto.

- Foi quando eu matei uma pessoa igual a você. - me ameaça com uma chave de fenda.

- Bom, isso é ótimo, quer dizer que eu me reencarnei em uma versão melhorada de Pathiel. - faço uma pose como se tivesse mostrando meus músculos e ela continua séria.

- Já acabou com a encenação?

- Depende, mas se você quiser, posso fazer isso o dia todo, digo, não que eu me canse ou algo assim, mas e só pedir que eu o farei.

- Então dá o fora daqui! - fala com ênfase.

- Sim, eu vou, mas não se anime tanto, eu voltarei, Jade. - falo e percebo que as pessoas quando se referem a ela falam apenas Emerson.

Jade cruza os braços e bate o pé no chão impaciente. Me afasto de sua casa e de longe me viro para olhá-la. Ela continua me olhando impaciente e isso me faz rir.

- Até mais, Jade. - grito de longe.

Ela me mostra o dedo do meio e isso arranca um sorriso meu.

Volto para casa e tomo um banho rápido. Visto meu pijama do Star Wars e deito com o notebook no colo, curioso sobre Jade resolvo pesquisar seu nome na internet - nada aparece. Começo a mexer descontrolado e acabo invadindo informações da polícia (vantagens de ser um nerd, e de ter um irmão policial), pesquiso o nome de Jade é o que vejo lá me deixa um pouco intrigado.

Culpa da minha obsessividade.

Ligo para Mikael e Lissa e peço para que venham até minha casa - tem alguma coisa estranha nisso tudo, tem alguma coisa estranha nela. É ela me deixou diferente, preciso saber mais sobre sua vida - ser um hacker em segredo as vezes é ruim, mas o mais legal é que ninguém desconfia das minhas atrocidades.

Em alguns minutos ambos estão atravessando a porta do meu quarto, Mikael se joga na minha cama e Lissa se junta a mim na escrivaninha.

- Que estranho. - comenta Lissa. - A ficha dela estar vazia pode ser algo nada bom.

- Sim, vai que ela é uma assassina. - fala Mikael.

- Ela é uma assassina. - Lissa intervem. - Só não temos provas concretas disso. Ao menos ela é uma assassina bonita. - elogia, Lissa não é lésbica, mas também não é hetero, diagamos que ela, hum, ela é bissexual.

- Pathiel. - chama meu irmão do outro lado. - Já vou indo.

- Tá. - respondo.

Moro com meu irmão Eneko desde, bom, desde que nossos pais nos abandonaram, isso foi quando eu tinha apenas nove anos e Eneko catorze - desde então moramos juntos e cuidamos um do outro. Eneko trabalha como policial e vive fazendo expedientes, não porque precisamos mas simplesmente por gostar de sua profissão. Ao menos eles nos deixaram uma conta gorda para variar.

- Path. - Lissa me chama. - Tive uma ideia.

- A não. - reclama Mikael. - Mais uma ideia assassina, olha, eu não sei o que é, mas a resposta é não.

- Calado! - Lissa se volta para mim. - Vamos invadir a casa dela.

- O quê?! - Mikael e eu exclamamos em uníssono.

- A gente invade e descobre o que estiver ao nosso alcance, simples assim.

- Não é nada simples, isso é crime sabia? - Mikael se levanta.

- Mas pelo visto nunca te impediu, não é mesmo? - alfineta.

- Não. - respondo antes de Mikael. - Não diga mais isso, nós não vamos invadir nada.

Não diga mais isso porque vou fazer sozinho.

Vou invadir a casa de Jade Emerson.

Juro (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora