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"Porque você me faz sentir como se eu estivesse trancado do outro lado do paraíso
por tempo demais."

Bruno Mars - Locked out of heaven

- Já decidiu que cor vai pintar seu quarto, fofo? - pergunta Eneko quando mordo meu pão.

- Não vou pintar meu quarto, gosto dele do jeito que está. - levanto. - É além do mas, não tenho tempo de pintar meu quarto.

Ele ri e bebe um gole de seu café.

- Já vou, tchau.

- Tchau.

Saio de casa e vou para a faculdade, mas antes Lissa pediu para passar na cafeteria e levar um café para ela - é como sou bom amigo vou levar.

Paro de frente a cafeteria e entro na mesma, está pouco movimentada então faço meu pedido sem precisar pegar fila, peço o café e em alguns minutos estou atravessando a porta até que vejo aqueles cabelos negros sobre uma Harley e com um cigarro na boca.

- Fumando tão cedo. - digo sem conseguir ir para meu carro.

- Irritante tão cedo. - bufa e sopra fumaça no meu rosto fazendo com que eu comece a tossir. .

Ela usava suas típicas roupas pretas de sempre e estava maravilhosa, seus cabelos negros estavam reluzindo com a luz do sol, mas seus olhos estavam tristes.

- Está tudo bem? Você parece triste. - falo sem pensar.

- Nunca estive melhor. - e com isso mais fumaça na minha cara. - Essa é a minha deixa nerd, até breve.

Antes que eu possa responder qualquer coisa ela acelera sua moto deixando um rastro de fumaça para trás.

Que mulher bipolar, uma hora me trata bem e na outra me trata como se eu fosse o nerd.

Entro em meu carro e quando chego na faculdade encontro Jade sentada em um canto fumando outro cigarro e sozinha. Se tem uma coisa que eu já percebi nela e que ela está sempre sozinha, será que ela não tem amigos?

Mas quem sou eu para dizer? Meus amigos ultimamente andam mais interessados em si mesmos que em mim.

Faço todo o percurso até o local onde costumamos ficar e recebo vários olhares curiosos de garotas, algumas veem até mim e coloca um papel no meu bolso, que depois de ver confirmo que são seus números de celulares.

Mas infelizmente são números que não quero ligar, o único número que me interessa é o dela, mas ela tá nem ai para mim.

Encontro meus amigos sentados na mesa em que costumamos sentar e vou até eles. Entrego o café para Lissa que agradece com um sorriso e me sento de frente para ambos.

- Só ela ganha café? - Mikael me olha indignado.

- Você não pediu. - dou de ombros bebendo minha água.

Mikael resmunga algumas coisas que não compreendi e Lissa corta ele me perguntando:

- Vamos falar sobre a Emerson. - ela fala, não pergunta.

- Não tem nada para falar.

- Claro que tem. - começa Mikael. - Você entra no quarto da menina mais louca e gata da faculdade, não sai de lá e diz que não tem nada para dizer?

Mikael e sua curiosidade, mas quem sou eu para julgá-lo? As vezes sou tão curioso quanto ele.

- Sim, é se ela tiver uma doença? - eles riem de mim. - Se for para eu morrer que não seja por uma doença sexualmente transmissível.

- Quando eu digo que você não existe não estou mentindo. - Lissa fala rindo.

(...)

Chego em casa e a encontro vazia, Eneko provavelmente não está. Pego uma maça e subo as escadas, entro no meu quarto e me jogo na cama. Fecho meus olhos e vejo meus pensamentos indo para ela, Jade está em cada parte do meu pensamento, pensei nela em todas as atividades do meu dia.

E como se meus ouvidos fossem biônicos escuto o barulho do motor de sua moto, levanto e olho pela janela. Jade está lá olhando para minha janela como se soubesse que eu viria vê-la. Dou um sorriso incapaz de segurar minha felicidade e desço as escadas correndo.

- Na minha casa de novo, Jade? - pergunto.

- Não estou na sua casa, só passei por aqui e resolvi que queria fumar nesse exato lugar. - aponta para o chão sob seus pés e acende um cigarro.

- Belo lugar para fumar, por sinal.

Ela, querendo fumar de frente a janela do meu quarto? Isso é novo para mim, mas não reclamarei se ela vier todos os dias, apesar de achar cigarro ruim e fedido.

Olho para ela em cima da moto e fico admirando sua Harley que eu acho o máximo.

- Quer dar uma volta, nerd? - interrompe meus pensamentos.

- Sim. - respondo sem pensar duas vezes, ficar perto dela é tudo o que mais quero.

- Sobe ai. - aponta com o queixo e joga seu cigarro no chão.

Sento atrás dela e Jade começa a tirar seu capacete.

- Pegue. - me entrega o capacete. - Só tenho esse aqui.

- É você? - pego o capacete. - É perigoso e você pode levar uma multa por isso.

Ela ri e balança a cabeça em negativo.

- Tem muitas coisas que você tem que aprender sobre mim, e basicamente nehuma dessas que você acaba de dizer são importante para mim.

Ela gira a chave e seguro nos ferros atrás de mim. Sinto sua risada abafada e a moto começa a andar. 

Jade corre tão rápido que tirei minhas mãos detrás do meu corpo e segurei envolta de sua cintura.

Imediatamente sinto meu corpo esquentar, sua barriga é bem forte e rígida, mas com o calor de seu corpo me sinto melhor. Encosto meu queixo sobre sua clavícula e deixo com que ela me leve para onde quer.

- Como pode ter tanta certeza de que não te trouxe aqui para te matar? - pergunta quando chegamos a uma rua mais deserta.

Penso em sua pergunta por um instante e tento chegar a conclusão de que ela não me matou porque não quis, eu acho. Vai que ela mudou de ideia de uma hora para outra e vai me matar?

Balanço a cabeça e foco em seus lábios que estão curvados em um sorriso enquanto chegamos a um lugar cheio de árvores e escuro.

- Você não faria isso. - respondo a pergunta com um pensamento mais elaborado.

- E como pode ter tanta certeza? - pergunta diminuindo a velocidade da moto.

- Porque você não é assim.

Ela para de rir e faz com que eu desça da moto, ela desce logo em seguida e fica de frente para mim.

- Por que me trouxe aqui? - pergunto olhando ao redor com o capacete em minhas mãos.

Estamos em uma mata toda fechada iluminados apenas pela luz da lua. Vejo o caminho em que viemos e é como se não tivesse fim.

- Não sei. - responde conturbada. - Não foi uma boa ideia.

- Hã?

- Vem. - senta na moto. - Vou te levar de volta para casa.

- Ainda não.

Ela me olha com os olhos arregalados e com uma coragem absurda vou até ela e a beijo.

Na mesma hora Jade corresponde ao beijo e passa os braços ao redor do meu pescoço. Pressiono-a contra mim e ela arfa fazendo com que eu queira fazer coisas que nunca fiz antes, quando estou perdendo todo o meu ar, paro e olho para ela.

- Agora podemos ir. - completo.

Juro (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora