Após alguns minutos de cegueira absoluta graças à absurda luz branca, Leonardo e Júlio vão aos poucos recobrando a visão. Estão novamente no quarto do pequeno Júlio.
- Leonardo. Eu gostaria muito de entender o que aconteceu! – Júlio esfregando os olhos pergunta rispidamente á Leonardo.
- Mestre. Não faço idéia de como viemos parar aqui. Como disse, não possuo todas as respostas. Arrisco ainda a dizer que talvez tenha mais perguntas que o senhor.
Júlio ainda não estava entendendo nada. Um determinado momento estava em seu apartamento, quando encontrou o livro, e de repente numa tormenta estava aqui quase, 20 anos atrás, se vendo como em um sonho. Onde pode matar um pouco da saudade de seus avós maternos, os únicos que havia conhecido e convivido.
- Mestre? – Leonardo chama Júlio calmamente.
Júlio, olhando para as paredes de seu quarto, analisando como eram as coisas, relembrando a época que ainda sua infância e inocência não haviam sido usurpadas, responde grosseiramente:
- O que é?! – Imediatamente, lembra-se de quantas e quantas vezes sua avó o repreendia quando respondia desta forma.
- O livro esta em cima da cama. O senhor não tem curiosidade de olhá-lo?
- O que adianta olhá-lo, ele esta vazio! Esta igual a quando eu o encontrei. Vazio!– Júlio quando não conseguia entender as coisas, ficava extremamente rabugento e irritadiço.
- Mestre. Olhe em cima da cama. – Leonardo, com a cabeça olha em direção a cama. Uma cama de madeira maciça, que seu avô havia construído para ele, quando ele tinha apenas três anos de idade. Júlio sempre fora o neto mimado seus avós. Neto mais velho era sempre muito bem tratado e paparicado.
- Leonardo, porque você colocou o livro em cima da cama?
- Obviamente que não fui eu mestre. Nós dragões, apesar de termos garras, não conseguimos pegar objetos tão pequenos. – Estranhamente, Leonardo desta vez tinha razão. Era impossível um dragão daquele tamanho pega um simples livro. É como pedir para uma pessoa pegar fio de cabelo.
O livro estava em cima da cama do pequeno Júlio. Posicionado na diagonal, como se colocado propositalmente para ser visto facilmente. Estava igual a quando Júlio o encontrou no apartamento. Grande, pesado, com sua capa vermelha, o dragão dourado entalhado em baixo relevo. Opa! – O dragão estava lá, mas sem cor. Sem a pintura, o dragão dourado estava sem tinta.
- Mestre, o dragão dourado desta capa sou eu. Fiquei aprisionado na capa deste livro durante 20 anos. Desde o dia em que o senhor abandonou-me! – Disse Leonardo encarando Júlio fixamente nos olhos.
Júlio entendeu exatamente o que tinha acabado de ouvir e sem dizer uma única palavra pegou o pesado livro das mãos e sentou-se na cama que rangeu forte. Afinal, uma cama de madeira maciça, com um homem sentado em cima, não era de se admirar que ela gemesse alto.
Só que, ao final do ranger estridente, rapidamente e entre suas pernas, o pequeno Júlio, coloca sua cabeça pra fora da cama. Estava embaixo da cama. Olha para um lado, para o outro, com uma cara de não entender nada, procurando pelo que havia feito barulho. Nada. Não vê nada, da com os ombros e volta pra debaixo da cama.
- Que mania que eu tinha de ficar me escondendo dentro ou embaixo das coisas! – Pensou Júlio.- Esta vendo só?! – Isso não é coincidência, ele ouviu o rangido da cama. Por isso estava procurando o causador do barulho.
- Mestre, não existe o maior cabimento no que o senhor esta dizendo. Somos somente espectadores. Não podemos interagir com o passado. Mesmo estando aqui... – Leonardo interrompe a fala imediatamente com uma cara de assombrado, havia falado demais.
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Dragão Dourado
Teen FictionA vida trata os diferentes implacavelmente, tirando-lhes o brilho da infância e adolescência. Iguais, mas, tão diferentes de inúmeros igual a ele que habitam esse mundo insólito e cruel. Percorra a saga da vida incomum mais comum de Júlio Almeida! ...