Capítulo 9 - O negócio é mais embaixo. Bem embaixo!

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Curiosamente, há poucos instantes, em ler um trecho tão emocionante de seu diário que havia aparecido como por mágica, visto o quarto de seu avô como havia ficado depois de seu falecimento, do desenho que lhe remeteu a uma das poucas e doces lembranças de sua infância, Júlio se sentia confortado, mais leve, como se um enorme peso houvesse sido removido de seus ombros.

- Me sinto aliviado, mais leve e consigo me lembrar de meu avô agora, sem rancor e de uma forma mais doce e serena. – Disse Júlio olhando fixamente para Leonardo.

- Mestre! Vamos por partes. Primeiramente, imagino que o que houve é que o livro esta mostrando passagens de sua vida, que o senhor de alguma forma, precisa reviver. Faz parte do processo.

- Que processo é esse? – Perguntou Júlio rispidamente.

- O senhor descobrirá no momento oportuno. Segundo, acho que o livro comporta-se conforme a passagem que prepara para mostrar. Por exemplo, quando senhor encontrou o livro, ele estava muito pesado, parecendo ter dezenas de quilos, o que faz total sentido, uma vez que o livro naquele momento lhe trouxe memórias pesadas. Agora o mesmo livro, esta leve como uma pluma, pois acabou de lhe retornar uma lembrança boa, suave e bem quista. Entende?

Júlio era obrigado a concordar. Apesar de ser uma teoria maluca e sem embasamento cientifico, não deixava de ter um pouco de lógica, em vista aos últimos acontecimentos. Sentou-se novamente na cama, que novamente rangeu alto, mas desta vez o pequeno Júlio não apareceu debaixo da cama. Pegou seu livro que continuava leve e o abriu novamente. Curiosamente, nenhum outro parágrafo havia aparecido, ainda estava visível o parágrafo sobre seu avô, numa intensidade de cor menor, como se finalmente, a tinta tivesse tomado sua idade e deixou de ter a cor vívida e passou a ficar mais desbotada.

- Mestre, não é da minha conta, mas apareceu mais alguma coisa escrita no seu livro? – Perguntou Leonardo arregalando os olhos e tentando ver algo.

- Não! Esta tudo da mesma forma até agora. – Júlio revira as páginas muitas vezes antes de fechar o livro e dar um suspiro de inconformidade. – Ainda não entendo. Porque preciso passar por isso?! Porque preciso reviver tudo isso?! Tudo estava muito bem enterrado em minha mente, não precisa vir à tona.

- Mestre, o que o senhor ainda não compreendeu é que tudo o que aconteceu em sua vida não foi por acaso, e no momento certo, o senhor vai entender isso. Mas acima de tudo o senhor tem que em mente, que não estava enterrado em sua mente. E sim em seu coração, enterrado talvez, mas não resolvido por completo.

Júlio segurava o livro em suas mãos, apoiado em suas coxas. De repente o livro começou a ficar pesado, sua capa vermelha ficou brilhante, como se estivesse iluminada, brilhava e foi ficando quente, e pesado demais. Júlio teve que colocado sobre a cama. O colchão onde o livro estava chegou a afundar de tão pesado.

- Leonardo, veja! O livro está muito pesado e quente. Minha nossa... Como ele está vermelho. O que eu faço? - Estava perdido e afobado.

- Abra-o mestre! É a única coisa que pode fazer.

Júlio estendeu sua mão sobre a capa, estava fervendo e brilhando muito, com esforço, virou a capa, e a primeira página onde estava escrito sobre seu avô. Na segunda página, começaram a aparecer parágrafos escritos em vermelho vivo. Júlio engoliu em seco, tentou ler o que estava escrito em letras grandes, contornadas de preto preenchidas com vermelho, lia-se:

PARCE SEPULTIS

Outras palavras abaixo iam aparecendo aos poucos, mas ainda não era possível ler. Júlio fez uma cara de espanto que chamou a atenção de Leonardo que caminhou até ao livro, olhou a mensagem.

Dragão DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora