Leonardo e Júlio perambulam por toda a escola atrás do misterioso desconhecido que acabará de salvar a sua vida. Mas nem sinal dele. A escola era gigante, e seu estereótipo não ajudava, era muito comum.
- Leonardo, não encontro esse rapaz que me salvou! Impressionante, parece que sumiu como que por encanto. – Diz Júlio esbaforido devido ás passadas aceleradas em busca do rapaz.
- Mestre! Esqueça esse rapaz. Ele fez sua boa ação do dia, o salvou e pronto. Se ele quisesse ser descoberto saberia onde encontrar o senhor. - Júlio consternado era obrigado a concordar com Leonardo. Esse rapaz se realmente quisesse, seria capaz de encontrá-lo facilmente. Júlio deu os ombros, e novamente aquela sensação ruim o acometeu.
Uma tontura, um fio repentino, um vento gélido cortante, rápido e veloz, a luz branca ofuscante novamente o cegou, tudo rodou, desfaleceu por alguns segundos, e recobrou a consciência ao ser jogado ao chão duro novamente. Dor lancinante.
- Mas que droga Leonardo! Isso precisa ser assim todas às vezes? – Resmungou Júlio
- Mestre! Se dependesse de mim, certamente essas viagens seriam mais confortáveis. – Retrucou o grande réptil alado.
- Se continuar assim vou precisar um ossinho do cóccix novo até o final dessa aventura. – Júlio fez o comentário e os dois caíram na gargalhada.
Estavam novamente em seu quarto de quando era criança. Livros e cadernos todos muito bem arrumados, seu quarto era perfeitamente arrumado, tudo em seus lugares. Em cima de sua escrivaninha verde, estava sua mala. Um silêncio mortal em sua casa. Uma chuva fina começou do lado de fora, fazendo um barulho quase subsônico. A veneziana de sua janela que estava aberta bateu forte. Tão forte que uma das aletas se soltou, e cai no quintal, fazendo aquele característico som de madeira caindo.
Júlio arregalou os olhos e saiu correndo do quarto tropeçando em tudo, parecia um louco, um furacão descontrolado. Leonardo ficou no quarto olhando seu mestre sair como uma bala através da porta, sumindo no corredor de sua antiga casa.
- Caramba, de novo não! – Disse Leonardo.
Em seguida:
- NNNNNNNNNNNNNNNããããããããããããããããoooooooooooooooo!
O grito desesperado de Júlio cortou o silêncio da casa. Um grito tão forte que faria com que a terra estremecesse. Leonardo, em consideração á seu mestre e em reverência absoluta, fecha seus olhos, como se sentisse a dor de Júlio, curva seu enorme pescoço até quase encostar ao chão. Leonardo sabia exatamente do que se tratava.
Júlio havia encontrado sua avó, deitada em sua cama... Sem vida! Exatamente como havia acontecido no passado. Leonardo apareceu no quarto da avó de Júlio. Ele estava ajoelhado á seu lado, gritando aos prantos.
- Seu maldito. Você fez isso comigo de novo. Você de novo não me deu a oportunidade de falar com ela antes de sua partida. Você é sádico, o que você quer ver é o sofrimento das pessoas. – Júlio esbravejava frases pesadas e encarava uma imagem de Jesus Cristo crucificado que ficava acima da cama de sua avó.
- Você é a pior espécie de ser que existiu no mundo. Você é a personificação do mal absoluto, você me tirou meu avô quando eu não tinha condições de saber o que era morrer.
- Passados alguns anos, você me tirou a pessoa que eu mais amava na vida, e ainda me deu a "honra" de encontrá-la sem vida em sua própria cama isso quando eu tinha apenas 12 anos. E agora, que estou aqui de novo, podendo reviver tudo de novo, você novamente me castiga com essa cena.
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Dragão Dourado
Fiksi RemajaA vida trata os diferentes implacavelmente, tirando-lhes o brilho da infância e adolescência. Iguais, mas, tão diferentes de inúmeros igual a ele que habitam esse mundo insólito e cruel. Percorra a saga da vida incomum mais comum de Júlio Almeida! ...