Capítulo 21 - Um feto, uma mudança! Renascimento...

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Após sair do hospital ainda com algumas dores de cabeça. Júlio volta para sua casa. A casa que era de sua avó, e agora era a sua morada. Desde que sua avó "virou estrela" ele mora sozinho. Aprendeu desde cedo que a vida adulta não é fácil. Não demorou muito tempo para descobrir que a fome aperta você come o que estiver disponível. Por vezes, queimou arroz tentando fazê-lo, feijão sem tempero. Certa vez ao quebrar um ovo para fritá-lo, um feto não totalmente formado, esverdeado com um odor simplesmente indescritível caiu á frigideira fazendo com que todo seu apetite esvaísse por completo.

Júlio olhou para aquela cena dantesca, um feto mal formado de uma ave, aquele odor acre invadia suas narinas. Em um súbito flash Júlio se viu no lugar do feto, um ser mal formado, mal quisto, morto, encolhido e podre, algo que ninguém queria.

E pela primeira vez... Tudo fez sentido...

Júlio chegou a tempo de ver-se destruindo por completo sua casa! Jovem Júlio quebrava tudo a esmo, janelas, pratos, copos, até televisão de seu avô. Abrindo as portas dos guarda-roupas, estavam cheios de roupas de seus avós, desde quando faleceram. Por um momento, Júlio parou! Olhou os objetos com cuidado, para em seguida atirar tudo ao chão. Nada estava sendo perdoado; camisas, paletós de seu avô, vestidos de sua avó, calças, gravatas tudo sendo amontoado ao chão.

Durante horas esse ritual foi conduzido. Até que tudo que estava na casa, com exceção de seus livros, sua cama, suas roupas e seu aparelho de som estivessem do lado de fora, no quintal. Uma montanha de coisas. Jovem Júlio entrou em sua casa, pegou uma garrafa de álcool e uma caixa de palitos de fósforo. Embebeu tudo em álcool, riscou o fósforo e ateou fogo. As chamas lambiam o varal de roupas de aço que seu avô havia feito. Seus pais, por sorte não estavam em casa e não presenciaram tal ato. O fogo crepitava a luz do luar.

Jovem Júlio estava sentando ao lado da enorme fogueira que iluminava a noite. Uma fumaça densa e negra era despejada aos céus, enquanto ele permanecia ali, sentado, o fogo brilhava em seus olhos.

- O fogo é lindo... O fogo destrói... Tudo sucumbe ao fogo... – Dizia a si mesmo como um mantra.

Após horas, quando o fogo já estava brando Jovem Júlio foi dormir. No dia seguinte, um barulho forte e estrondoso de alguém esmurrando a janela de seu quarto o acordou com um grande susto:

- Júlio! Júlio! O que aconteceu aqui? Abra essa porta! Júlio! – Sua mãe gritava e batia em sua veneziana.

Jovem Júlio se levantou, foi até a janela e a abriu.

- O que aconteceu aqui? O que são essas coisas queimadas no quintal?

- São as coisas que não quero mais na minha casa! – Respondeu Júlio sem esboçar nenhuma reação.

- Sua casa? Essa casa é minha... – Gritou sua mãe em resposta que foi abruptamente interrompida.

- Essa casa não é sua e nunca será! Esta casa era do meu avô e da minha avó! As pessoas que me criaram! Você mora de favor ai em cima! Eles permitiram que você construísse a sua casa ai em cima, quando você apareceu grávida de mim antes de se casar! – Jovem Júlio disse isso sem se alterar em momento algum. Foi totalmente frio e sem emoção ao dizer.

Sua mãe emudeceu. Não sabia o que dizer nem o que fazer! Ela nunca havia contado isso a Júlio, era óbvio que seus avós de alguma forma, contaram a ele.

- Isso não interessa! Você não tem o direito de fazer isso com as coisas de seus avós... – Inês foi novamente interrompida.

- Eu tenho direito! Afinal, moro com eles desde que nasci, fui criado por eles, cuidei de minha avó quando ela adoeceu, e moro sozinho nesta casa desde o dia que ela morreu! Que alias você nem sequer quer saber se estou vivo ou morto! Portanto, essas coisas são minhas agora e sendo assim eu faço delas o que quiser!

Dragão DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora