Dragão Dourado

Capítulo 23 - E da ira, nasce... Uma banda!

Júlio novamente atrasado conseguiu apenas chegar pouco antes de Jovem Júlio beijar Natascha. Aquele foi um beijo bem diferente. Sensações novas. Foi diferente. Namorou um tempo Amanda, sue ex-colega de escola, afinal o que ela havia feito era digno de "ex". Júlio não consegue acompanhar os passos de si mesmo e olha que já havia passado por tudo aquilo antes... Eu sei caro leitor, uma piadinha infame!

Júlio chega ao exato momento para ver o beijo que ele mesmo, porém mais jovem havia dado em Natascha, ou melhor, que ela quase pegara a força. Júlio sempre fora alguém muito tímido, sua maior dificuldade era exatamente lidar com sentimentos, principalmente com mulheres. Com amigas, não havia problema. Suas amizades resumiam-se a mulheres. Dava-se bem com todas, porém quando Júlio encarava uma mulher como uma mulher e não uma amiga, tudo mudava. Já era suficiente para que todas as mulheres que se aproximavam entrarem automaticamente na friendzone.

Natascha, porém ao contrário de outras, foi quem teve a iniciativa com Júlio. Ficaram juntos durante algum tempo. Era um namoro descompromissado, porém intenso. Sempre que se viam, não se desgrudavam um só minuto. Sempre entre carícias, beijos, e muita conversa. Eram duas pessoas com uma inteligência exacerbada, conversando sobre tudo. Seus encontros resumiam-se a ficar o sábado e domingo perambulando pela Galeria do Rock. Vez ou outra Natascha ia até sua casa, mas não ficava muito tempo, pois moravam muito longe um do outro.

Ela era adepta da wicca*, o que lhe dava um ar de mistério naturalmente. Possuía várias palavras ditas "cabalísticas" além de rituais, feitiços e coisas assim. Júlio não se interessava muito por esse assunto, por ser cético ao extremo, porém uma única frase guardou consigo, pois achava interessante. Fora uma frase de Natascha a qual, ela disse a Júlio em um momento de briga intensa que tiveram. Brigas de namorados, aquelas que começam do nada e terminam misteriosamente. No auge da briga:

- Apo Pantoz Kako Daminoz... Apo Pantoz Kako Daimonoz – Disse Natascha olhando fundo aos olhos de Júlio...

Jovem Júlio após alguns segundos acalmou-se, pediu desculpas:

- O que você disse? Eu não entendi! – Perguntou Júlio

- Eu disse em forma de encantamento pagão, "afasta-te espírito do mal" – Respondeu Natascha. – Use apenas quando algo incontrolável e negativo esta acontecendo e que você queira reverter! Funciona!

*Wicca é uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural (como a magia) e os princípios físicos e espirituais masculinos e femininos que iteram a natureza, e que celebra os ciclos da vida e os festivais sazonais, conhecidos como Sabbats, os quais ocorrem, normalmente, oito vezes por ano.

Júlio arregalou os olhos quando viu aquela cena, lembrou-se no mesmo instante da frase. Apo Pantoz Kako Daimonoz... Aquela frase apareceu em seu livro, quando o encontrou em seu apartamento, estava em sua primeira página. Largou tudo, e um súbito clarão, aquela sensação horrível novamente, já sabia o que lhe aguardava. A desagradável "viagem". De repente, tudo se dissolve, como se um enorme buraco negro tivesse surgido, sugando tudo impiedosamente, uma forte luz branca aparece, ofuscando Júlio. Uma claridade absurda acomete os dois, silêncio sepulcral...

De repente, caiu de uma altura considerável, com as costas ao chão. Uma pancada seca, violenta, um gemido, alguns hematomas.

- Maldição! Acho que não chego vivo até o final disso... Bem que poderia ser algum portal dimensional mais confortável! – Reclama Júlio levantando. – Onde esta o livro...