Dragão Dourado

Capítulo 29- Tudo no final da certo! Nem sempre...

Júlio caminhou do elevador até a porta de seu apartamento.

- Nossa, eu não tranquei a porta quando sai. Que vacilo o meu! – Júlio disse isso ao colocar a chave em sua porta, e notar que na verdade, não havia trancado a porta.

Júlio entrou no seu apartamento, trancou a porta, e pendurou sua chave no porta-chaves na parede, logo ao lado da porta. Retirou os tênis, estava suado, exausto, mas estava feliz, estava leve, como há tempos não se sentia.

Foi até a cozinha, pegou um copo de água, da torneira mesmo, e se dirigiu a sala. Quando chegou á sala, notou que o livro estava sobre o sofá. Estava estranho. Sua capa agora estava vermelha, porém esbranquiçada, como se alguém tivesse derrubado talco.

Júlio caminhou até o sofá, encarou bem de perto o livro:

- Finalmente, reencontrei você, porco de merda... Passei minha vida toda esperando por esse dia. – Disse a voz quase sussurrando em seu ouvido.

Estremecido, Júlio paralisou, não consegui mexer nenhum músculo, perdeu o folego, não conseguia sequer respirar direito.

- Vire-se devagar, pois o que mais quero é poder olhar sua cara antes de mata-lo. – Estranhamente, aquela voz lhe parecia familiar.

Júlio virou-se. A sua frente havia um rapaz alto, como pele alva, sardas no rosto e cabelos vermelhos, era musculoso, e estava com uma faca na mão direita que reluzia forte contra a luz branca do apartamento.

- Pimenta? É você? – Balbuciou Júlio

- Comovente! Você ainda se lembra de mim. Sinceramente, achei que já tinha caído no esquecimento! Como pode ver não me esqueci de você! Inclusive, durante muitos anos achei que você não fazia mais parte desse mundo!

- Pimenta! Acalme-se! Vamos conversar, não faça nenhuma besteira. – Disse Júlio colocando as duas mãos na frente do corpo tentando se defender.

Pimenta avança ferozmente com a faca em direção a Júlio, os dois caem no chão e travam uma luta terrível. Pimenta fica por cima, com a faca quase encostando, no pescoço de Júlio que o segura com as duas mãos em desespero.

- Não se faça de difícil, eu só vim fazer um carinho em você. Vai sangrar feito um porco até morrer!

- Pimenta! Não faça isso. Não me mate! Por favor... – Suplica Júlio. – Porque você quer tanto me matar. O que de tão ruim eu fiz para você? Sempre fui um merda na escola, fugia de você o tempo todo! Por quê? Tudo isso é por causa do Rodrigo ainda?

- Meu pai era um homem ruim, um homem mal! – Dizia Pimenta, andando em direção á Júlio – Era um molestador! Sabe o que é isso?

Júlio só consentiu com sua cabeça.

- Meu pai era um molestador de crianças. Gostava de tirar fotos sensuais de crianças se acariciando! E eu participava disso! – Pimenta dava passos lentos em direção á Júlio.

Um calafrio percorreu todo seu corpo Júlio ficou com a boca seca, suas pernas tremiam e falhavam. Aquela cena bizarra ocorrida quando tocou Milena no quarto do hospital voltou em sua mente como um raio. Era ele! Aquele menino era Pimenta!

Pimenta continuava andando, falando e gesticulando com sua enorme faca na mão.

- Ele me levava na casa de pessoas que ele conhecia, para fazer essas fotos! Geralmente eram pessoas que tinham filhas menores do que eu! Ele nos colocava totalmente nus em frente sua câmera, mandando eu me esfregar, tirar minha roupa!

- Pimenta! Acalme-se! – Júlio ainda tentava fazer com que Pimenta se afastasse. Pimenta dava um passo em direção, Júlio afastava-se um passo.

- Pois bem! Em um belo dia, meu pai me levou em uma casa, onde havia uma menina, pequena, sua mãe era alcoólatra. Não foi nada difícil dopar aquela vaca. Em seguida, meu pai começou com suas brincadeiras, estava indo tudo bem, até que uma cadeira atingiu suas costas, fazendo com que ele caísse em cima de sua câmera! Quando isso aconteceu, escutei uma voz retumbante e funesta chamando: "JÚLIO ALMEIDA!". – Disse Pimenta mostrando os dentes como um cachorro raivoso.

- Olhando para a porta, eu vi um homem saindo de trás de meu pai! Era você!

Júlio engoliu em seco!

- Mas como pode ter certeza de que era eu? Eu apareci como homem, e sou homem agora. Temos a mesma idade. Isso é impossível! – indagou Júlio.

- Desde o primeiro dia em que o vi na escola tive certeza. Você era o Júlio Almeida que fez com que meu pai passasse a me odiar! Por sua causa, ele descontava sua raiva em mim e em minha mãe, até o dia em que ele a matou na minha frente! Foi preso e morto na cadeia! Desde então, eu o procuro, e agora finalmente o encontrei!

O que Pimenta dizia não parecia ter nexo nenhum! Júlio nunca havia presenciado fisicamente aquela cena somente em seu sonho.

- Sempre fui sensitivo se é que você sabe o que é isso! – Gritou Pimenta – O que vi foi você naquela porta, como e porque eu não faço ideia! E detalhe a menina era a doce e tão amada Milena. Veja como são as coisas desde pequeno já tinha a mais com ela do que você!

Júlio nem deu ouvidos. Pimenta estava completamente descontrolado. Em um impulso súbito Pimenta deu um salto, e consegue alcançar Júlio, segurando com uma das mãos pela camiseta e com a outra tenta golpeá-lo com a faca.

Júlio consegue se desvencilhar rapidamente de Pimenta com uma joelhada precisa em suas partes íntimas, que cai no chão agonizando de dor. Júlio corre até a janela de seu apartamento, coloca sua cabeça pra fora e...

Sua voz falha, por mais força que faça, nenhuma palavra é expelida por sua boca. Uma dor lancinante na altura de seus rins faz com que sua visão fique turva. O aço gelado e cortante da faca de Pimenta, agora faz parte dele. Seu sangue quente e molhado começa a escorrer por suas costas, inundando sua camisa e sua bermuda.

Pimenta se aproxima. Seus lábios quase tocam a orelha de Júlio:

- Sinta! Essa é a dor do inevitável! É o sinal de que a morte esta chegando para lhe buscar e que finalmente minha vingança esta completa! – Pimenta sussurra no ouvido de Júlio enquanto finca profundamente a faca na carne de Júlio.

-Durante anos esperei por esse dia. O dia em que irei ao inferno reencontrarvelhos amigos! Importa-se em me acompanhar? – Disse Júlio fazendo um esforço hercúleopara falar em seguida agarra com toda sua força o braço de Pimenta, e deixa seucorpo desfalecer...