Capítulo 4 - Algo esta errado!

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Misteriosamente aquela frase lhe parecia familiar, mas algo distante, como se tivesse escutado alguma vez. Talvez numa roda de amigos, algo que leu na internet. Espantado, Júlio pega o livro, aproxima do rosto para melhor enxergar, afasta, olha de novo, outra vez, e nada. Eu não escrevi isso. Não mesmo! – Pensa ele. Desesperado vira a próxima página do livro. Esta vazia!

- Eu tinha escrito cada página desse livro. Não pode ser! - Virou outra, vazia. Outra, vazia também. E outra... Outra. Folheia todo o livro, todas as páginas estão em branco. Tudo em branco.

- Minha nossa. Meu livro esta em branco. Impossível, eu escrevi cada centímetro desse livro a mão, aqui estava á história de minha vida. Como pode ter sumido tudo? – Júlio estava perplexo, sentia como se estivesse flutuando, seus ossos congelaram. Olhava as páginas vazias, incrédulo. Agora, Júlio analisava cada uma delas vagarosamente, procurando marcas de canetas, lápis ou algo do tipo, um rabisco, uma letra. Mas não tinha nada. Vazio!

O livro parecia novo, virgem e intacto, como se tivesse sido comprado á pouco tempo. Esta teoria só caia por terra, pois as laterais das páginas amareladas não escondiam a idade avançada do livro. Fechando o livro e olhando novamente para o dragão dourado da capa, era impossível acreditar no que estava acontecendo, não tinha o mínimo cabimento, era surreal, conto de fadas as avessas, só que a história havia sido esquecida. Rindo nervosamente tentando acalmar-se. Quando uma voz pesada, grave, densa e forte, como um tambor que anuncia a guerra eminente. A voz ecoa em seu quarto como um trovão, daqueles que fazem com que o chão tremer.

- Lembre-se! Um dia terás a oportunidade de vivenciar tua vida novamente de um ângulo diferente. Tudo é uma questão de ângulo! Tudo é uma questão de tempo!

Júlio joga o livro ao chão e rapidamente protege seus ouvidos do estrondo sonoro. A lufada de vento que veio janela abre o livro violentamente e suas páginas são folheadas como se um fantasma procurasse por algo. Após algumas dezenas de segundos, o vento se abranda e Júlio liberta seus ouvidos do tampão vigoroso que fez com as mãos. Silêncio sepulcral. Ouviam-se apenas os leves sussurros da noite.

Analisando friamente cada canto de seu quarto, Júlio, buscava por explicações:

- O que teria ocorrido? Uma experiência sobrenatural? Uma revelação divina? Ou será que estou ficando esquizofrênico?!Será... Será que eu morri? – Pensa ele em voz alta.

Passado uns bons minutos, Júlio deita-se de costa, olhando para o teto, tentando entender alguma coisa do que havia acontecido nos últimos minutos. Olhando fixamente para seu ventilador de teto que girava criando ilusões de ótica como se estivesse mais lento, ou que tinha mais pás do que quando estava desligado. Ficou nessa posição durante vários minutos...Os minutos transformaram-se em horas.

Júlio adormece...

Dragão DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora